Homenagem ao casal Carlos Marighella e Clara Charf

O escritor Fernando Moraes, Carlinhos Marighella e Samuel McDowell de Figueiredo foram alguns dos participantes, na manhã de hoje, de uma homenagem à memória de Carlos Marighella na Al. Casa Branca 800, em São Paulo.
Neste local, há exatos 56 anos, o líder revolucionário foi assassinado, durante emboscada realizada pelas forças da ditadura militar.
Sua companheira, Clara Charf, valorosa militante do Partido Comunista Brasileiro, Partido dos Trabalhadores e do Movimento Mundial das Mulheres, morreu ontem aos 100 anos.
Quase uma coincidência kármica que, para aqueles que acreditam, deverá unir novamente o casal em outra esfera mediúnica celestial.
Evidentemente que o casal de combatentes, de concepção marxista, e heróicos revolucionários que se ergueram em armas contra a ditadura militar, não tinham espaço para a militância dentro das concepções kardecistas.
Carlos Marighella foi assassinado por agentes da repressão há 56 anos. Era considerado o inimigo número um da ditadura militar.
Na noite de 4 de novembro de 1969, Marighella foi assassinado na Alameda Casa Branca, 800, em uma operação comandada pelo delegado Sérgio Fleury.
Se utilizando da relação do guerrilheiro com freis dominicanos, foi marcado um falso encontro onde o comunista foi recebido com cinco tiros.
A ditadura e certa historiografia se empenharam em eliminar Marighella da história, de fazer o apagamento histórico da figura heróica.
Mas Marighella vive presente no imaginário de libertação do povo brasileiro.
Na década de 1940, Clara se tornou comissária de bordo, mas desde muito cedo – aos 16 anos – participava ativamente da vida política do país.
Entrou para o Partido Comunista Brasileiro e, em 1947, se casou com Marighella, onde o conheceu. Assim como ele, ela também foi perseguida e presa pelo governo ditatorial.
Após a morte de seu marido, Clara foi para o exílio, inicialmente em Cuba. Devido à perseguição, ela viveu dez anos fora do Brasil, retornando em 1979, durante a anistia.
No retorno ao país, Clara atuou fortemente na luta pelos direitos das mulheres, pela liberdade e por uma sociedade mais justa e igualitária.
Em 2005, Clara Charf passou a coordenar no Brasil o movimento Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, que nasceu na Suíça.
Após o exílio, ela foi candidata a deputada estadual, em 1982, pelo Partido dos Trabalhadores. Teve 20 mil votos, mas não se elegeu.
(+) Imagem em destaque: Reprodução
(++) Publicado originalmente em Construir Resistência
