Oscar e Política: Brasil ou Irã?

Oscar e Política: Brasil ou Irã?

O filme brasileiro ataca a ditadura militar no Brasil, que foi aliada dos EUA. O filme iraniano ataca a ditadura teocrática muçulmana do Irã, adversária dos EUA.

POR LISZT VIEIRA

Há dois filmes considerados favoritos para ganhar o prêmio de Oscar de melhor filme estrangeiro: o brasileiro “Ainda Estou Aqui” e o iraniano “A Semente do Fruto Sagrado”. Ambos são excelentes filmes e criticam a ditadura em seus países a partir de uma tragédia familiar.

Não sou crítico de cinema e não pretendo analisar esses dois filmes do ponto de vista técnico ou artístico. Vou abordar a questão da possível influência política sobre a decisão do Oscar, assim como sempre ocorreu com o Prêmio Nobel.

O Oscar foi várias vezes acusado de sofrer influência política em suas decisões. Em geral, segundo essas acusações, a decisão levaria em conta o pedido ou pressão do governo americano. Este ano, porém, pode ser diferente.

O professor James Green, militante de direitos humanos no Brasil e nos EUA, comentou que a indicação do filme “Ainda Estou Aqui” e da atriz Fernanda Torres para o Oscar seria uma resposta de Hollywood ao governo Trump e seu projeto autocrático. Mal começou, e Trump já determinou o fim dos programas criados para a promoção da cultura, museus e bibliotecas.

Assim, haveria sentido em contrariar em vez de acatar o pedido do governo americano.

O filme brasileiro ataca a ditadura militar no Brasil, que foi aliada dos EUA. O filme iraniano ataca a ditadura teocrática muçulmana do Irã, adversária dos EUA.

Ambos merecem o prêmio. Para o governo americano, seria melhor conceder o prêmio ao filme iraniano que ataca um adversário dos EUA, e não ao filme brasileiro que ataca a ditadura militar aliada dos EUA. Provavelmente, o governo americano vai pressionar nessa direção.

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Resta saber se o Oscar terá mais interesse em obedecer ou em contrariar o governo americano. Ou se irão ignorar a pressão politica que, segundo os analistas de cinema, costuma acontecer.

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