Rito do Amor Selvagem na Fatoflix
Peça lendária de Agrippino e Maria Esther é contada em documentário de Lucila Meirelles
POR TATIANA CARLOTTI
A Fatoflix convida o público a mergulhar na ousadia de “Rito do Amor Selvagem”, um dos primeiros espetáculos performáticos e multimídia do Brasil.
Criada pela dupla de artistas Maria Esther Stockler e José Agripino de Paula, a montagem estreou no Theatro São Paulo, em novembro de 1969, quando o país vivia o auge da repressão militar, meses após a decretação do AI-5.
Dirigido pela cineasta Lucila Meirelles, o documentário de mesmo nome, revela os bastidores e o alcance cultural da produção que conquistou sucesso estrondoso de público.
Figuras icônicas como Sérgio Mamberti, Tom Zé, Stênio Garcia, Gerald Thomas, José Roberto Aguilar e Jorge Bodanzky contam como o espetáculo influenciou suas trajetórias artísticas e humanas.
Concebida, efetivamente, como um rito do amor selvagem, a peça rompia com os limites do teatro tradicional e criava as condições lúdicas do rito: galinhas e patos corriam soltos pelos corredores do teatro, paredes de caixas de isopor desabavam no saguão, uma imensa bola de plástico rolava em direção da plateia.
Um verdadeiro ritual conduzido pela coreógrafa Maria Esther em meio à genial mixagem de pop art, contracultura e ritualística afro-brasileira de Agrippino de Paula, cuja intensa produção artística também é revisitada no documentário.
“Rito do Amor Selvagem” está na Mostra de Cultura da Fatoflix.
Vejam em: https://play.fatoflix.com.br/app/mostra-cultura/rito-do-amor-selvagem

Tatiana Carlotti é repórter do Fórum 21 desde 2022. Também trabalha em Ópera Mundi e atuou por oito anos nos veículos progressistas Carta Maior (2014-2021) e Blog Zé Dirceu (2006-2013). Tem doutorado em Semiótica (USP) e mestrado em Crítica Literária (PUC-SP).
