Programas – de 17 a 24 de janeiro

Programas – de 17 a 24 de janeiro

*Entre esperança e dúvidas. Reações cautelosas saúdam o acordo de cessar-fogo em Gaza entre Israel e o Hamas. Israel afirmou que o acordo está na sua fase final. Mas Benjamin Netanyahu se recusa comentá-lo até que todos os detalhes do mesmo sejam finalizados. Enquanto isso, o massacre da população civil de Gaza continua.

*De Washington a Túnis passando por Oslo e Sidney; Toulon, Lyon, Toulouse e Paris; Marrocos, Iêmen, Irlanda, Copenhagen; Otawa e Quebec, no Canadá; e em Manchester, Leeds e Leicester, na Grã-Bretanha, em todos esses centros foram realizadas grandes manifestações nas ruas; em Berlim, no metrô, sob forte ataque policial. Apoiam a Palestina e exigem informações sobre o paradeiro do respeitado Dr. Hussam Abu Safiya, diretor do Hospital Kamal Adwan, um dos maiores hospitais de Gaza, hoje destruído. Assim como o destino de médicos da sua equipe, todos sequestrados pelos militares do exército israelense. Até agora não há informações oficiais sobre o grupo.

*Marwan Barghouti, de 65 anos, e Ahmed Saadat, 72, dois famosos prisioneiros palestinos e apontados como prováveis e possíveis fortes lideranças políticas no pós-guerra em Gaza, não se encontram incluídos na lista de troca de detentos. Israel nega categoricamente libertá-los. Ambos são líderes considerados capazes de unificar os palestinos de Gaza e da Cisjordânia e de levarem adiante o Estado da Palestina livre. Barghouti se encontra preso há 18 anos (CAPJPO/Europalestine).

*Atenção para este lançamento: do jornalista gaúcho Cleber Dioni Tentardini, o livro No Fio da História: biografia de Leonel Brizola, previsto para estar nas livrarias em março próximo. Trata-se do resultado de vinte anos de pesquisa, entrevistas e reportagens. O volume é bem ilustrado e a expressão “o fio da história”, no título da obra, se refere à célebre fala do ex-governador do Rio de Janeiro, um dos mais fascinantes personagens da História do Brasil. “Vamos retomar o fio da história exatamente onde pretenderam interrompê-lo; no Rio de Janeiro”, exclamou Leonel de Moura Brizola quando retornava do exílio, em 1979.

*Detalhe: no livro, há lembranças e memórias dos jornalistas Flavio Tavares e Carlos Bastos e dos militares Emilio Neme e Pedro Alvarez. (Comunicação de Fato Editora/ D’fato Editora Jornalística).

*Outra sugestão de programa: o livro do historiador Rodrigo Sá Netto, O Partido da Fé Capitalista, imperialismo religioso e dominação de classe. É uma investigação de como igrejas e fóruns religiosos norte-americanos se infiltraram no Brasil desde os anos 1950, articulando-se para defender os interesses do governo dos Estados Unidos, de corporações internacionais e do empresariado nacional. Rodrigo de Sá Netto questiona a relação entre religião, política e economia e o seu impacto no Brasil contemporâneo. (Ed. DaVinci).

*Mais uma leitura para a temporada de verão. Nem Loucos nem Mortos, obra coletiva de ex-presos políticos argentinos, edição em português lançada no Brasil, em Porto Alegre. Em 2022, o livro foi editado em italiano com o título de Grand Hotel Coronda, alusão à sombria prisão argentina de Coronda onde foram mantidos encarcerados, em regime de tortura e terror, centenas de homens e mulheres que lutaram contra a violenta ditadura portenha dos anos 70. Esses sobreviventes lançaram a obra pela primeira vez em 2003, na Argentina, com o título Del otro lado de la mirilla, olvidos y memorias de ex presos políticos de Coronda 1974-1979. Em francês, o livro ganhou o título de La dictature argentine Coronda, 1974-1979, em 2020. (Editora Expressão Popular, 2024 com parceria do Coletivo El Periscopio).

*O livro As Boas Famílias e os Outros: as elites de São Paulo e a greve geral de 1917, do historiador José Roberto Walker, é outra sugestão. O autor relata como São Paulo parou durante sete dias, quando operários das indústrias paulistanas entraram em greve e deram início a um grande movimento popular. Como reagiram os diferentes grupos sociais da sociedade paulista a esse evento; o que disseram os jornais a respeito; o que pensavam as elites e de que forma os acontecimentos do final do século XIX contribuíram para o estopim da greve. (Ed. Contexto).

*Uma indicação: Colonialismo Digital, do professor do Insper e da ONG Coletivo Digital, Rodolfo da Silva Avelino. No livro, o autor demonstra como grandes corporações – Google, Amazon e Microsoft são algumas delas – ampliam seus modelos de negócios para além da camada de conteúdos e aplicações voltadas aos usuários. Na apresentação do volume: “Tais corporações passaram a se inserir em debates mundiais sobre os padrões técnicos de desenvolvimento da internet e da construção de tecnologias necessárias para a infraestrutura de telecomunicações. Mas, especialmente nas últimas décadas, com o crescimento e avanço exponenciais de tecnologias e de padrões de rastreamento e controle, esse atributo – essencial para a democracia – passou a ser ameaçado por interesses políticos e econômicos, ainda pouco conhecidos”.

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*Dica literária: Por um populismo de esquerda, o clássico da filósofa política belga Chantal Mouffe. A reler seus temas: crise da democracia, explosão das desigualdades, falta de coesão social, ascensão do populismo. “O eixo central do conflito será entre o populismo de direita e o de esquerda”, escreve Mouffe. (Ed. Autonomia Literária).

*Clima de celebração do cinema nacional não apenas com Ainda Estou Aqui, mas também com outro longa-metragem, em cartaz nos cinemas – Baby, de Marcelo Caetano. O filme já conquistou 25 prêmios em festivais mundo afora e lota sessões nos nossos cinemas. No Cine Brasília, 600 espectadores estiveram na exibição seguida de debate com o diretor, sábado passado. Em Porto Alegre, Salvador e Rio de Janeiro, os cinemas precisaram abrir uma segunda sala para atender à demanda do público.

*Seguindo os rastros de Ainda Estou Aqui: estreou em dezenas de cinemas da França, Portugal e Estados Unidos, neste fim de semana (19/20/01). Em Paris, a elite da mídia com crítica cinematográfica é só elogios para o filme de Walter Salles. Libération, L’Humanité, Le Figaro, Positif entre outros. Só o Le Monde destoou. Achou o trabalho de Fernanda Torres, “uma representação religiosa demais do sofrimento”. O que significa… não se sabe o quê. Já a respeitada revista Première foi ao ponto: “É uma obra dilacerante”. “Une œuvre déchirante”.

*Para refletir: “Com o surgimento da mal chamada inteligência artificial, que não é inteligência e nem artificial”, observa o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, “os algoritmos dessas empresas se tornaram mais sofisticados e eficazes. Sua capacidade de produzir dissonância cognitiva e de criar realidades paralelas aumentou exponencialmente. Mas o cérebro tem uma complexidade de processos que o sistema digital não consegue igualar. A inteligência artificial pode ser útil, mas não consegue igualar a inteligência humana”.

*Autora do clássico Capitalismo Canibal, de 2023, a filósofa Nancy Fraser, 77 anos, da The New School for Social Research, de Nova Iorque: “A esquerda vai precisar da sua versão populista para enfrentar Trump”. Lembrando que Fraser é autora do célebre ensaio O velho está morrendo e o novo não pode nascer, publicado e comentado em livro, de 2019, no qual ela discute o neoliberalismo e a ascensão do autoritarismo nos Estados Unidos.

*”Que Viva México”, bradou a recém-eleita presidente do México, Claudia Sheinbaum, de 62 anos, engenheira, física, cientista ambiental e ex-prefeita da capital mexicana. No seu discurso de cem dias de governo, falando para uma multidão de dezenas de milhares de pessoas, na Plaza de La Constitución, conhecida como o El Zócalo, na Cidade do México, Sheinbaum desponta como uma importante futura protagonista das tensas questões econômicas internacionais e de geopolítica que estão por vir.

*”Só quem teve o cérebro congelado durante a primeira Guerra Fria acredita nos cânones da segunda Guerra Fria”. (…) “Se a nossa mídia conservadora procura verdadeiras ameaças à nossa região e às nossas democracias deveria olhar para outras direções”. (…) “Mais especificamente, deveria mirar para o Norte do continente americano”. Do sociólogo e especialista em Relações Internacionais, Marcelo Zero, em coluna do Brasil 247.

*Relembrando: a embaixada dos Estados Unidos foi transferida de Tel-Aviv para Jerusalém em 2018, durante o primeiro mandato de Donald Trump. Provokatsiya, ou provocatia, como diziam os clientes dos botequins cariocas dos anos 70, da ditadura.

*O programa importante é prestigiar o cinema brasileiro que segue a todo vapor. São dezenas de produções pautadas pela diversidade que iremos assistir em 2025: variados gêneros – dramas, comédias, ficção e documentários –, temas e localidades onde foram realizadas, e para públicos diferentes. Alguns desses filmes: Kasa Branca, Alma do Deserto, As Cores e Amores de Lore, A Voz que Resta, Amizade, Aos Pedaços, Fé para o Impossível, O Melhor Amigo. Outros virão e estarão aqui.

*Tristeza: morreu o diretor de cinema David Lynch. Em agosto do ano passado, o diretor da série Twin Peaks revelou que não poderia mais sair de casa, após ser diagnosticado com enfisema.

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