Carta à Confederação Israelita do Brasil (Conib): pelo fim do genocídio palestino
“Senhores representantes da Confederação Israelita do Brasil (Conib)
Não temos procuração do Presidente Lula nem de nenhum outro cidadão brasileiro, judeu ou não judeu, acusados de antissemitismo por essa organização. Mas aproveitamos para resgatar a verdade factual do momento doloroso que vivemos e que envolve as ações desumanas do ESTADO DE ISRAEL contra o povo palestino indefeso.
SIM, eles são UM POVO e, ironicamente, são também SEMITAS em sua origem, esqueceram?
A falsa acusação de antissemitismo lançada “espertamente” pelos senhores a quaisquer pessoas que criticam e se revoltam contra a ação que podemos chamar de “criminosa” do Estado de Israel contra a população civil palestina, absolutamente desproporcional aos atos de outubro/23, que repudiamos fortemente – a destruição do seu território e de sua infraestrutura, escolas e hospitais sob escombros fumegantes, cortes de água, energia e alimentos, massacre de homens feitos e de adultos jovens, mas, sistematicamente, de mulheres e crianças – tem três significados cristalinos:
– esconder dos brasileiros a verdade monstruosa do apoio dos senhores à limpeza étnica e a este GENOCÍDIO (não existe outro termo para definir a realidade dos fatos, os senhores vão ter que conviver com ele sem reserva ou contestação);
– ANTISSEMITAS são os senhores, isto sim, que expõem seus irmãos judeus de todo o mundo, respeitados e acolhidos por todas as nações, inclusive o Brasil, desde o fim do Holocausto Judeu há quase um século, à injusta e falsa suspeita de serem cúmplices de um novo Holocausto – o PALESTINO!
– o conveniente “esquecimento”, para efeito de comparação, dos horrores sofridos por vossos antepassados judeus durante o nazismo e, mais trágico ainda, o uso de métodos semelhantes para atingir a “solução final”.
ISTO É SER SIONISTA!
ISTO É SER ANTISSEMITA!
Nós somos as “Mulheres na Luta”, um grupo que defende incansavelmente há décadas os Direitos Humanos e Autodeterminação dos Povos em qualquer lugar do mundo!
Sugerimos aos senhores, neste ensejo, uma inflexão humanitária:
# PELO FIM DO GENOCÍDIO PALESTINO POR ISRAEL!
# PELA CRIAÇÃO DO ESTADO PALESTINO, LIVRE E SOBERANO!
O mundo comporta a todos – judeus e não judeus, asquenazes e sefarditas, árabes, latinos, africanos… e palestinos! TODOS NÓS!
Atenciosamente,
‘Mulheres na Luta’
PS: só para lembrar – há uma semana uma pediatra palestina perdeu 9 dos seus 10 filhos em um bombardeio, e, ontem, seu marido – Não é limpeza étnica? Não é genocídio???”
Corpo Editorial
Arlete Moyses Rodrigues – geógrafa
Dora Martins – juíza
Helenita Sipahi – médica
Juneia Batista -ass. social e sindicalista da CUT
Livia Sampaio – advogada
Magda Biavaschi – desembargadora aposentada
Magda Neves – professora universitária
Márcia Leite – Professora UNICAMP
Márcia Marques – professora da UNB
Marta Skinner – economista
Maria Almeida – advogada
Maria José Rosado Nunes – cientista social
Maria -Luiza Bierrembach – procuradora aposentada
Maria Luiza Tonelli – filósofa
Maria Rita Loureiro – professora da FGV
Raquel Mattes – professora aposentada
Schuma Schumaher – educadora
Stella Bruna Santo – advogada
Suzana Paim Figueiredo – advogada
Vera Soares – professora USP
Walquiria Leão do Rego – professora da UNICAMP
Imagem da Anistia Internacional / Reprodução
