55% dos brasileiros apoiam chacina no Rio, revela pesquisa

55% dos brasileiros apoiam chacina no Rio, revela pesquisa

Sondagem da Atlas Intel aponta que 55,2% aprovam a operação policial e 42,3% desaprovam. No Rio de Janeiro, apoio chega a 62%.

POR TATIANA CARLOTTI

A chacina no Rio de Janeiro, perpetrada pelo governador Claudio Castro (PL), é apoiada por 55,2% dos brasileiros. É o que revela a sondagem da Atlas Intel, uma das primeiras após a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, que levaram à morte mais de 120 pessoas. Entre os entrevistados, 55,2% aprovam a operação e 42,3% desaprovam. No recorte local, o apoio em Rio de Janeiro atinge 62%. Segundo a pesquisa, 55% dos entrevistados acreditam que os mortos e detidos eram criminosos e afirmam que continuarão apoiando intervenções desse tipo.

Em paralelo, embora saibam que a responsabilidade da operação é do governo estadual, muitos entrevistados mencionaram falhas de coordenação imputáveis ao governo federal. Na avaliação específica de segurança pública, 50% consideram o desempenho de Lula “negativo” contra 31% “positivo”. Já o governador do Rio tem rejeição menor (35%). A pesquisa também revela que 44% dos entrevistados acham que a direita é quem melhor pode enfrentar a criminalidade e a segurança pública, informam La Política Online e Financial Times.

Artigo de Olívia Bandeira e Júlia Lanz no Le Monde Diplomatique analisa a cobertura da imprensa sobre a chacina, e mostra que a cobertura do Grupo Globo se alinhou ao discurso oficial e invisibilizou moradores que presenciaram a operação mais letal da história do Brasil, nos complexos do Alemão e da Penha. O texto reconstrói como as redes comunitárias e mídias de território denunciaram a chacina, enquanto parte da mídia comercial reforçou a versão estatal.

Em entrevista à Página 12, a vereadora mais votada do PT no Rio, Tainá de Paula, afirma que a narrativa das ultradireitas tem o derramamento de sangue como bandeira e que “em todos os territórios do Brasil existe o narcotráfico, mas a luta do Estado não é contra as drogas, e sim contra a favela e seus habitantes”. Ela vincula a operação à lógica de guerra que criminaliza a população negra e relaciona o episódio a uma engrenagem que envolve milícias, polícia e facções, criticando a instrumentalização política da violência.

O uruguaio Ambito reporta que cerca de 20 mulheres protestaram em frente ao necrotério judicial para exigir a liberação dos corpos de familiares mortos e foram dispersas por forças de segurança com cassetetes e gás lacrimogêneo. O deputado Reimont Otoni, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, chamou a chacina no Rio de “maior tragédia da história do Brasil” e criticou a versão oficial de “sucesso”. Organizações de direitos humanos pedem investigação internacional diante de indícios de abusos e execuções extrajudiciais durante a operação.

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REAÇÕES

Após a operação, governadores de SP, MG, RJ, DF, SC, GO, MS e PR anunciaram um “Consórcio da Paz” para compartilhar inteligência, recursos humanos e materiais, realizando compras conjuntas e estratégias integradas contra o crime organizado, aponta El Diario Argentino. Ronaldo Caiado (GO) disse que o consórcio seria “mais efetivo” que o projeto de lei federal de segurança. O consórcio vê o Rio como “laboratório” para retomar territórios dominados por facções e se diz aberto aos demais governadores.

A Defensoria Pública do Rio solicitou ao Supremo autorização para que seus peritos acompanhem as autópsias dos mais de 120 mortos, alegando “temor concreto” sobre a imparcialidade e a confiabilidade dos exames conduzidos pelo estado. O órgão presta assistência a 106 famílias, aponta El Diario Argentino. Enquanto o governo estadual reconhece 121 mortes (quatro policiais), a Defensoria fala em 132.

O caso reacendeu pedidos de investigação independente por parte da ONU e de entidades de direitos humanos. O governo federal reagiu com cautela e disse avaliar se as regras do Estado de Direito foram cumpridas na operação que mobilizou 2.500 agentes contra o Comando Vermelho.

GOLPISTAS 8 DE JANEIRO

Ministros do STF negaram três das onze revisões apresentadas por condenados pela intentona de 8 de janeiro. Dias Toffoli rejeitou o pedido de Antônio Teodoro de Moraes; Cármen Lúcia indeferiu o de Miguel Fernando Ritter, reafirmando a competência do Supremo; e Flávio Dino barrou a revisão de Lucinei Tuzi Casagrande Hilebrand por requisitos legais, informa a cubana Prensa Latina. As demais oito solicitações aguardam parecer da PGR ou decisão do relator. Pessoas próximas a Jair Bolsonaro já cogitam revisão penal, sua apelação será examinada na 1ª Turma a partir de 7 de novembro.

MACRON

O Eliseu confirmou que o presidente francês Emmanuel Macron estará em Belém para cúpula de líderes pré-COP30 e terá agenda em Salvador para “reimaginar” uma relação transatlântica, informa Prensa Latina.


Familiares enterram vítimas da chacina perpetrada pelo governo Claudio Castro no Rio de Janeiro. Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil

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