Amorim sobre Venezuela: Não temos uma visão clara porque a contagem de votos não foi distribuída
O Focus21 reúne as citações relevantes sobre o Brasil publicadas pela imprensa internacional
O governo da Venezuela acusou os Estados Unidos, nestaa sexta-feira, de estarem por trás do que chamou de tentativa de golpe, já que alguns governos regionais reconheceram o candidato da oposição como o vencedor da disputada eleição presidencial do país. O ministro venezuelano das Relações Exteriores, Yvan Gil, disse que o reconhecimento de Washington ao candidato da oposição Edmundo Gonzalez mostrou que o país estava “na vanguarda de uma tentativa de golpe”. O presidente Nicolás Maduro foi declarado vencedor da eleição realizada no domingo pelo órgão eleitoral local.
“A democracia da Venezuela é uma das mais sólidas do mundo e nenhum esforço para miná-la será capaz de fazê-lo”, disse o governo em uma declaração compartilhada por Gil.
Na quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, reconheceu Gonzalez como o vencedor, citando “provas contundentes”. No dia seguinte, Gonzalez agradeceu aos EUA em uma postagem na mídia social “por reconhecer a vontade do povo venezuelano”.
Uma ala de oposição venezuelana (Vente Venezuela) informou nesta sexta-feira que sua sede foi vandalizada em meio às tensões contínuas sobre uma eleição presidencial disputada, enquanto o ministro das Relações Exteriores do país disse que os EUA estavam na vanguarda do que o governo chama de tentativa de golpe. “Vente Venezuela”, é o movimento liderado pela líder da oposição Maria Corina Machado. Países da região, incluindo o Brasil, o México e a Colômbia, pediram ao governo da Venezuela que divulgasse os resultados detalhados da votação depois que o conselho eleitoral declarou o presidente Nicolas Maduro, no poder desde 2013, como vencedor de um terceiro mandato. Segundo a Reuters, pelo menos 20 pessoas foram mortas nos protestos pós-eleitorais, de acordo com a ONG Human Rights Watch, sediada nos EUA.
“Precisamos conversar com o próprio (conselho eleitoral venezuelano) (e) outros atores e ter uma ideia mais clara do que aconteceu, porque a verdade é que até hoje não temos uma visão clara porque as contagens de votos não foram distribuídas como esperado”, disse o assessor de política externa do presidente Lula, Celso Amorim, à CNN Brasil nesta sexta-feira.
Na entrevista, Amorim descreveu as contagens de votos da oposição como “dados informais”, sem fornecer provas, e disse que algumas delas eram “baseadas em mecanismos de contagem rápida, pesquisas de boca-de-urna”. Amorim, que se reuniu com Maduro na segunda-feira após ter sido enviado por Lula para observar as eleições, disse que o Brasil não desejava interferir nos assuntos venezuelanos, mas buscava “uma conclusão que fosse mais positiva para o povo venezuelano”.
Pelo menos 1.200 pessoas foram presas em conexão com as manifestações, de acordo com Maduro, que disse que duas prisões fora de operação estão sendo reformadas para mantê-las.. Os governos da Colômbia, Brasil e México pediram na quinta-feira que as disputas sobre o processo eleitoral da Venezuela sejam resolvidas por meio de canais institucionais e advertiram que “o princípio fundamental da soberania popular deve ser respeitado por meio da verificação imparcial dos resultados”.
(Reuters / El Mundo / Correio da Manhã / La Jornada)
O presidente dos EUA, Joe Biden, ligou para ele. Nicolas Maduro quer falar com ele ao telefone. A oposição venezuelana está ansiosa por seu apoio. E até mesmo seu rival regional mais fervoroso, Javier Milei, está agora agradecendo-o publicamente. O brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva se viu na linha de frente da crise da Venezuela depois que Maduro se declarou vencedor de uma eleição que seus oponentes dizem ter sido fraudulenta. (Japan Times)
No Le Monde, “O Brasil de Lula e a Argentina de Milei se aproximam em um cenário de crise na Venezuela. Brasília, Bogotá e Cidade do México estão tentando encontrar uma saída para o conflito pós-eleitoral, enquanto Caracas ainda não publicou os resultados das eleições.”
LULA / G20
O presidente Lula está moldando a ordem multilateral do desenvolvimento global em grande estilo. Como país anfitrião do G20, ele está sendo rápido e preparando o cenário para “uma agenda de desenvolvimento ampla e ousada”. Ao participar da cúpula da UA no início do ano, Lula preparou o cenário para sua ampla agenda de desenvolvimento ao anunciar a Aliança Global Contra a Fome. Pela primeira vez, os líderes financeiros de todos os países do G20 concordaram em tributar os bilionários do mundo. Os ministros da Fazenda e os banqueiros centrais do grupo das 20 principais economias concordaram em fazer referência à tributação justa de “indivíduos com patrimônio líquido ultra-alto” em declarações conjuntas após reuniões no Brasil. (IOL, da África do Sul)
LULA / CHILE
Lula viajará ao Chile na próxima semana para uma visita de Estado, quando deve assinar mais de 15 acordos bilaterais. O presidente brasileiro chegará a Santiago no domingo para uma reunião com o presidente chileno Gabriel Boric no dia seguinte. A embaixadora Gisela Padovan, secretária para a América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores (MRE), disse que a visita é um símbolo da reaproximação diplomática entre os dois países, após a posse do presidente chileno em março de 2022. A visita presidencial estava programada para maio e foi adiada devido à tragédia socioambiental no Rio Grande do Sul. (Ámbito)
UCRÂNIA
O plano de consenso da China e do Brasil para resolver o conflito ucraniano já recebeu a aprovação de mais de 110 países, informou o Ministério das Relações Exteriores da China. De acordo com o comunicado, o enviado especial do governo chinês para assuntos eurasiáticos, Li Hui, viajou ao Brasil para discutir o assunto com o representante especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim. “A China e o Brasil publicaram conjuntamente o chamado consenso de seis pontos para promover a solução política da crise ucraniana. Mais de 110 países já responderam positivamente à iniciativa”, disse Li Hui. (Tass)
INVESTIMENTO EM IA
O Brasil planeja investir 4,1 bilhões de dólares (23 bilhões de reais) até 2028 para implementar um plano nacional de inteligência artificial, para o qual desenvolverá seu próprio supercomputador. O projeto foi apresentado na terça-feira ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a abertura de uma conferência de ciência e tecnologia em Brasília. “Um trabalho sobre inteligência artificial, desenvolvido por cientistas brasileiros, é um marco para o país. O Brasil precisa aprender a voar”, disse Lula durante o evento. O presidente enfatizou a importância de alcançar a soberania tecnológica, para reduzir a dependência de grandes empresas globais. “Em vez de esperar que a IA venha da China, dos Estados Unidos, da Coreia do Sul ou do Japão, por que não ter a nossa própria?”, disse. “Nossa inteligência artificial tem de ser inteligente, tem de ser uma fonte de renda e emprego”, acrescentou. (La Nación)
BOLSONARO
A revista do New York Times traz reportagem sobre possível retorno dos bolsonaristas com o título: “Trunfos dos trópicos: A extrema direita do Brasil planeja seu retorno. Os bolsonaristas estão (ainda) se inspirando em movimento dos Estados Unidos.”
Na imagem, o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim / Reprodução
Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.