“Bravata” diz Lula sobre plano de Trump para Gaza e volta a citar genocídio

“Bravata” diz Lula sobre plano de Trump para Gaza e volta a citar genocídio

Repercutiu em veículos da imprensa internacional as críticas à proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de deslocar os palestinos da Faixa de Gaza e o plano de Washington de assumir o controle do território. As declarações de Lula foram dadas em entrevista a rádios de Minas Gerais.

O presidente Lula rejeitou nesta quarta-feira a proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de assumir o controle da Faixa de Gaza, e considerou suas ambições expansionistas e ameaças tarifárias contra parceiros comerciais como “bravatas”. “Nenhum país, por mais importante que seja, pode lutar contra o mundo inteiro o tempo todo”, disse o líder brasileiro em entrevista a estações de rádio locais quando perguntado sobre Trump.

Na terça-feira, Trump propôs que os EUA assumissem o controle de Gaza para criar uma “Riviera do Oriente Médio” depois de reassentar os palestinos em outros lugares, provocando críticas de potências internacionais.

“Isso não faz sentido… Onde os palestinos viveriam? Isso é algo incompreensível para qualquer ser humano”, disse Lula, defendendo uma solução de dois Estados e repetindo denúncias anteriores da ação militar de Israel em Gaza como ‘genocídio’. “Os palestinos são os únicos que precisam cuidar de Gaza”, acrescentou.

O plano de Trump para Gaza se baseia em seus recentes objetivos expansionistas. Ele levantou a possibilidade de retomar o Canal do Panamá, propôs que os EUA tomassem a Groenlândia da Dinamarca e sugeriu repetidamente que o Canadá deveria ser absorvido como o 51º estado dos EUA.

Ao mesmo tempo, ele ameaçou o Canadá e o México com penalidades econômicas, impôs tarifas sobre a China e ameaçou outros parceiros comerciais com tarifas, incluindo a União Europeia e o grupo BRICS dos principais mercados emergentes.

“Os Estados Unidos também precisam do mundo. Devem viver em harmonia com o Brasil, o México e a China. Ninguém pode viver de bravata o tempo todo, fazendo ameaças o tempo todo”, disse Lula.

Na semana passada, Trump advertiu as nações do BRICS, um bloco que o Brasil fundou junto com a Rússia, Índia e China, a não substituir o dólar americano como moeda de reserva, repetindo uma ameaça tarifária.

“Temos o direito de discutir o estabelecimento de formas de comércio que não nos tornem totalmente dependentes do dólar”, disse Lula, que já havia prometido retribuir se Trump decidisse impor tarifas ao Brasil.

“E para onde irão os palestinos? Onde eles vão morar? Qual é o país deles? É quase incompreensível”, criticou o presidente brasileiro, ressaltando que a Faixa de Gaza é palco de um ‘genocídio’: ‘Sinceramente, não sei se os Estados Unidos – que estão envolvidos em tudo isso – estariam em melhor posição para cuidar de Gaza’.

“As pessoas que deveriam estar cuidando de Gaza são os palestinos, que precisam de reparações por tudo o que foi destruído, para que possam reconstruir suas casas, seus hospitais, suas escolas e viver com dignidade e respeito”, disse o presidente de esquerda em uma entrevista a estações de rádio brasileiras. (Reuters / Guardião / La Nación / L´Humanité)

**A Agência Brasil traz a repercussão das críticas de Lula a Trump em veículos e entidades nacionais.

PORTUGAL / TARIFAS

Com as ameaças de tarifas de Donald Trump e a incerteza a pairar sobre o comércio internacional, o Brasil vai conquistando cada vez mais atenção em diferentes fileiras da indústria portuguesa, dos têxteis à metalurgia, ao vinho ou ao setor automotivo. “Não podemos olhar para a Ásia como alternativa, mas o Brasil pode ser uma hipótese muito interessante, em especial no âmbito do acordo do Mercosul”, reconhece Mário Jorge Machado, presidente da ATP, associação do sector têxtil, que tem nos EUA o único mercado. (Expresso)

TRUMP /USAID

O desmantelamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) será um duro golpe para a assistência humanitária na Colômbia, para os esforços de conservação no Brasil e erradicação da coca no Peru – países sul-americanos que têm sido uma prioridade para o apoio. Mais uma medida de Trump.

Mesmo que alguma ajuda externa seja retomada após a suspensão de 90 dias ordenada pelo presidente Donald Trump, muitos projetos apoiados pela USAID se concentram em áreas que ele ridicularizou como ideológicas: mudança climática, biodiversidade e direitos das minorias e das mulheres, de modo que vários beneficiários temem que seus projetos estejam agora mortos.

No Brasil, a maior iniciativa da USAID é a Parceria para a Conservação da Biodiversidade Amazônica, que se concentra na conservação e na melhoria dos meios de subsistência dos povos indígenas e de outras comunidades florestais. Cerca de dois terços da maior floresta tropical do mundo estão no Brasil. Uma organização brasileira que a USAID tem apoiado é o Conselho Indígena de Roraima, sediado na Amazônia, que opera em 35 áreas, incluindo o território da tribo Yanomami, totalizando cerca de 157.000 quilômetros quadrados (60.600 milhas quadradas), maior que a Grécia. Esse apoio direto é representativo de uma mudança na USAID nos últimos anos, para priorizar o financiamento de organizações de base.

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Agora tudo está sob risco, disse Edinho Macuxi, o tuxaua (líder) do Conselho Indígena, à Associated Press. Nas últimas semanas, sua organização, que representa cerca de 60.000 pessoas, demitiu funcionários e cancelou atividades devido à falta de fundos. “A parceria com a USAID existe há sete anos. Se a decisão for encerrá-la, isso abalará nossa estrutura organizacional e os projetos que são muito importantes para fortalecer a economia e a autonomia dos povos indígenas”, disse ele.

“Nossa mensagem ao presidente Trump é que ele mantenha os recursos não só para o Brasil, mas também para outros países. No Brasil, os povos indígenas que acessam esse financiamento são os que efetivamente mantêm a maior parte da floresta em pé, garantindo a vida não só das pessoas no Brasil, mas também no mundo”, disse Macuxi.

Em uma região vulnerável à mineração ilegal de ouro e ao tráfico de drogas, o Conselho Indígena de Roraima está usando o dinheiro para melhorar a agricultura familiar, adaptar-se às mudanças climáticas e gerar renda para as mulheres. (Independent com texto a Associated Press)

TRABALHO ESCRAVO

No ano passado, o Brasil resgatou um total de 2.004 trabalhadores que estavam em condições análogas à escravidão, como resultado de 1.035 ações fiscais, de acordo com um relatório publicado na quarta-feira (28) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Essa política de fiscalização completa três décadas este ano, durante as quais o país resgatou 65.598 trabalhadores em situação de trabalho subumano. O procurador Mateus Viana ressaltou que esse é um número significativo de pessoas libertadas de condições precárias de trabalho e descreveu a política como “bem-sucedida”. Entre os dados de 2024, Minas Gerais se destaca como o estado com o maior número de resgates, com 500 trabalhadores recuperados. É seguido por São Paulo (467), Bahia (198), Goiás (155), Pernambuco (137) e Mato Grosso do Sul (105). Além disso, 19 trabalhadores em situação de trabalho degradante no âmbito doméstico foram resgatados por meio de 22 ações. (Nodal com Telesur)

INDÍGENAS

No L´Humanité: Todos nós nos lembramos de Tristes trópicos, de Claude Lévi-Strauss, um livro que foi um dos primeiros a divulgar a trágica situação dos índios da Amazônia, espremidos, contaminados e expulsos pela sociedade industrial. Depois, houve Raoni (1977), um documentário de Jean-Pierre Dutilleux sobre Raoni Metuktire, líder do povo Kayapo, que se tornou o emblema dos grupos étnicos da floresta amazônica que sofrem com o desmatamento desenfreado.

The Falling Sky concentra-se em Davi Kopenawa, xamã e figura de proa dos Yanomami, que substituiu Raoni na mídia nessa resistência contra o desmatamento da Amazônia pela ganância dos “povos das commodities”. Mas este é menos um trabalho militante ou uma descrição etnográfica dos hábitos e costumes dos Yanomami do que uma imersão na vida comum de uma aldeia em um determinado momento, quando David Kanepawa está organizando um festival em comemoração à memória de seu sogro, que o iniciou no xamanismo.

O filme tenta capturar essa visão do mundo, sem julgamento ou condescendência, e até inclui as perguntas legítimas de alguns idosos perplexos com a presença desses curiosos brancos. Um idoso se dirige à câmera: “Estou aqui para me deixar ser filmado. Mas vocês serão realmente nossos aliados? Os cineastas, Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, primam pela discrição, dando a palavra exclusivamente aos Yanomami. Mas, ao fazer isso, eles quase não têm a perspectiva de apreciar o quadro completo.

BOLSONARO /ANISTIA

Jair Bolsonaro está trabalhando para obter os votos para reformar a lei da Ficha Limpa que lhe permitiria concorrer à presidência nas eleições presidenciais de 2026. Essa é uma reforma que teria o apoio do Centrão, o poderoso grupo de centro-direita que controla o Congresso.

Essa lei foi aprovada em 2010 durante o governo Lula e estabelece uma desqualificação de 8 anos para qualquer pessoa com uma condenação em segunda instância. Ela também impede que pessoas que sofreram impeachment ou renunciaram para evitar o impeachment se candidatem a cargos públicos, em uma medida de combate à corrupção. (La Politica Online)

Na imagem, o presidente Lula concede entrevista a rádios nesta quarta-feira (05/02) / Ricardo Stuckert /PR

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