“Caso contra golpistas brasileiros pode acabar com décadas de impunidade a militares” – Reuters

O Focos 21 reúne as citações relevantes sobre o Brasil publicadas pela imprensa internacional
A agência Reuters traz uma análise sobre papel dos militares no Brasil a partir da prisão do general Walter Braga Netto no último sábado. Segundo o texto, a detenção mostra que os tribunais estão prontos para jogar duro contra os acusados de conspirar para anular de forma violenta os resultados das eleições, rompendo com a impunidade que obscureceu quase um século de golpes militares. Cita que o golpe de estado que estava planejado teve a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro. No mês passado, a PF acusou os dois e mais de duas dezenas de militares da ativa e aposentados de participarem da conspiração, incluindo um esquema para matar o presidente Lula antes que ele pudesse assumir o cargo. A prisão preventiva e o relatório da polícia visando os militares sugerem que eles podem não desfrutar da anistia tradicional para membros das forças armadas do Brasil que pontuaram o século 20 com suas intervenções políticas. Também pode ser um teste para o relacionamento difícil de Lula com os militares brasileiros. Antes de Braga Netto, os historiadores citam apenas dois generais de alto escalão presos por interferir na sucessão presidencial nas décadas de 1920 e 1960.
LULA INTEIRO
A recuperação do presidente Lula, anunciada no domingo (15/12), ainda é tema de reportagens nesta segunda-feira. “Lula diz estar bem após cirurgia para corrigir sangramento cerebral. Estou vivo, inteiro”, informa a BBC e também o South China Morning Post. No próprio domingo, a notícia estava no Guardian (“Presidente Lula faz discurso emocionado usando um chapéu panamá – “para que vocês não vejam o curativo na minha cabeça”), jornal sempre amistoso com o Brasil. Já o Financial Times sempre traz viés oposto a seu conterrâneo britânico e nunca demonstra empatia com o presidente Lula como se vê no título “A esquerda brasileira é forçada a considerar o futuro pós-Lula. A cirurgia cerebral do líder idoso traz à tona o risco de um vácuo de poder em seu partido quando sua carreira política terminar”. No Libération: “O Chefe de Estado, que esteve hospitalizado até agora após um acidente doméstico, compareceu no domingo a uma coletiva de imprensa organizada por sua equipe médica para anunciar sua recuperação. Diz-se que ele evitou “o pior””. Entre os argentinos, Ámbito, Página12, Clarín, La Nación todos publicaram a alta de Lula.

*A Presidência divulgou nesta segunda-feira texto sobre o primeiro dia de trabalho do presidente Lula após a internação, quando ele se encontrou com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (foto / Ricardo Stuckert), e conversou sobre a tramitação de medidas fiscais, da reforma tributária e do orçamento para 2025, todos em análise no Congresso Nacional. Detalhes aqui.
ECONOMIA
A moeda brasileira ficou instável nesta segunda-feira, abrindo em forte queda em relação ao dólar norte-americano, após novas críticas do presidente Lula aos níveis das taxas de juros, mas reduzindo as perdas após uma intervenção do Banco Central. Em uma entrevista à TV Globo, transmitida no final do domingo, Lula chamou os aumentos das taxas de juros de “irresponsáveis” e disse que seu governo “cuidaria disso”, sugerindo possíveis mudanças de política no futuro. No próximo ano, a diretoria de fixação de taxas do BC terá uma maioria de membros escolhidos por Lula, incluindo sua escolha para presidente. Inicialmente, o real brasileiro enfraqueceu 1% em relação ao dólar, dando continuidade a uma queda acentuada desencadeada pela decepção do mercado com um pacote de cortes de gastos muito esperado, revelado pelo governo no final de novembro. Mas as perdas foram reduzidas depois que o BC anunciou um leilão de dólares, no qual vendeu US$ 1,63 bilhão, uma ação que também havia sido implementada na sexta-feira. O banco também realizará um leilão de até US$ 3 bilhões nesta segunda-feira.
PCC NA AMAZÔNIA
“A quadrilha mais perigosa da América do Sul invade a floresta amazônica”, noticia o Washington Post. O PCC está assumindo o controle da mineração ilegal de ouro na Amazônia e corrompendo culturas indígenas em uma espiral de violência em algumas das regiões mais remotas do Brasil.
Na imagem, o general Walter Braga Netto, então ministro da Defesa de Bolsonaro, durante exercícios militares em Goiás / Reprodução

Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.