Eleições municipais: Brasil vira à direita mas rechaça extrema-direita
O Focus 21 reúne as citações relevantes sobre o Brasil publicadas pela imprensa internacional
O noticiário internacional sobre as eleições municipais brasileiras se concentrou nesta segunda-feira em apresentar a vitória da direita e o rechaço da extrema direita de Bolsonaro. Ao mesmo tempo, as reportagens, algumas extensas, afirmaram que as urnas “não trouxeram boas notícias para o presidente Lula”, como publicou o Le Monde. A seguir os destaques das principais mídias.
Le Monde: “No Brasil, o centro e a direita saem fortalecidos das eleições municipais. Enquanto o presidente Lula, de 79 anos, não tem sucessor na esquerda, o sucessor de Bolsonaro na extrema direita parece garantido.” As eleições realizadas no domingo, 27 de outubro, não trouxeram boas notícias para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mostrando um Brasil mais à direita do que nunca.
Financial Times: A derrota em São Paulo marca o fim das eleições municipais para o presidente Lula. O atual prefeito de São Paulo, de direita, venceu as eleições municipais no Brasil no domingo, coroando um desempenho desanimador nas pesquisas municipais dos partidos de esquerda e dos candidatos apoiados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ricardo Nunes, prefeito desde 2021 da maior cidade do hemisfério ocidental, obteve cerca de 60% dos votos no segundo turno contra Guilherme Boulos, um legislador de esquerda visto como um protegido de Lula. Pablo Marçal, um outsider populista que gerou controvérsias no início da campanha ao insultar seus oponentes, foi eliminado por pouco na primeira rodada de votação no início deste mês. A vitória de Nunes na capital comercial e financeira do Brasil é um golpe duro para Lula, cujo Partido dos Trabalhadores venceu corridas para prefeito em apenas uma das 26 capitais do Brasil – Fortaleza – e em nenhuma das cidades maiores, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte ou Porto Alegre. Os resultados também ameaçam as perspectivas de reeleição de Lula porque reduzem sua influência sobre os centros de poder locais, que são fundamentais para a mobilização de votos e a realização de campanhas.
Correio da Manhã: O segundo turno das eleições municipais no Brasil confirmou e ampliou a vitória de candidatos de centro e da direita democrática, que já se tinha desenhado na primeira volta, ocorrida dia no passado dia 6. Os brasileiros disseram claramente “não” aos discursos mais radicais, tanto à esquerda quanto à direita, e apostaram na reeleição de prefeitos que, independentemente da ideologia, tomaram ao longo do mandato decisões que melhoraram a vida das pessoas que vivem nas cidades que governam.
Público: Direita mais forte no Brasil, mas sem Bolsonaro como líder. Partidos de direita que se dizem conservadores, não radicais, se consolidam como principal força política no Brasil. E apostam que farão o próximo presidente em 2026. Lula terá de se reinventar.
Página 12: Brasil: A direita venceu em São Paulo, a esquerda em Fortaleza. Lula, cujo protegido Boulos sofreu derrota em São Paulo, continua sendo um forte candidato à Presidência e Bolsonaro sai dessas eleições em desvantagem.
La Nación: São Paulo reelege Ricardo Nunes e confirma o domínio da centro-direita no Brasil. A votação de domingo consolidou a força do setor não-Bolsonaro no país, com sinais preocupantes tanto para o ex-presidente Bolsonaro quanto para o governo de Lula da Silva.
La Política Online: Lula perde em São Paulo, mas PT cresce em número de prefeituras. Em São Paulo, Guilherme Boulos perdeu por quase 20 pontos para o atual prefeito Ricardo Nunes, apoiado por Bolsonaro. O PT venceu em Fortaleza e volta a governar uma capital após 8 anos.
Clarín: Segundo turno das eleições municipais: em São Paulo e Porto Alegre, os atuais prefeitos de direita, apoiados por Bolsonaro, vencem. O direitista Ricardo Nunes venceu Guilherme Boulos, o candidato de esquerda, por 59% a 40%. O prefeito de Porto Alegre, o direitista Sebastião Melo, também foi reeleito, derrotando o candidato apoiado por Lula da Silva. Mas o PT voltará a ter um prefeito em uma capital brasileira em 2025, depois de quase sete anos, vencendo em Fortaleza.
El Diário Espanhol: A esquerda brasileira derrapa nas eleições municipais. O centrão, um bloco político que vai do centro à direita, governará 62% dos municípios. Os partidos de esquerda, apenas 13% (metade do que em 2012). Felipe Neto, o “influenciador” mais importante da América Latina: “Não temos como lidar com as ‘fake news’ sem legislação”.
Nodal e Telesur: Apenas duas mulheres foram eleitas prefeitas no domingo nas eleições municipais realizadas em 15 capitais brasileiras, evidenciando a desigualdade de gênero presente na política brasileira. Apenas duas mulheres foram eleitas prefeitas no domingo nas eleições municipais realizadas em 15 capitais brasileiras, evidenciando a desigualdade de gênero presente na política brasileira.
O Guardião: Partido de Lula vence em apenas uma capital regional na segunda volta das municipais.
La Diaria: A vitória de Ricardo Nunes em SP foi vista pelos analistas como uma grande vitória para seu principal aliado, o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que é visto como o candidato da direita para as eleições presidenciais de 2026.
El Mercurio: A vitória de Ricardo Nunes dá um impulso ao ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, que havia apoiado o prefeito. Ao mesmo tempo, a derrota de Boulos, do PSOL, é um revés para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que expressou seu apoio público e notório ao candidato e participou de vários eventos de campanha ao seu lado.
Os partidos conservadores e de centro-direita foram os grandes vencedores nas eleições municipais do Brasil no domingo, mas os eleitores de direita preferiram os moderados aos candidatos endossados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, de linha mais dura. A esquerda venceu apenas duas corridas nas 26 capitais estaduais que elegeram novos prefeitos em duas rodadas de votação que terminaram nos segundos turnos de domingo. Quatro partidos de centro-direita, liderados pelo Partido Social Democrático (PSD) e pelo tradicional Partido do Movimento Democrático (MDB), venceram a maioria das disputas para prefeito, enquanto o Partido Liberal (PL) de Bolsonaro se saiu pior do que o esperado. (Reuters)
Na imagem, ato da campanha de Evandro Leitão (PT), que venceu a eleição para prefeito de Fortaleza no segundo turno / Reprodução
Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.