Em telefonema, Lula pede retirada de tarifaço e Trump diz que conversa foi “muito boa”

Ligação foi destaque em toda a mídia internacional
Chegou o dia. O presidente Lula conversou pelo telefone nesta segunda-feira com o presidente Donald Trump. Lula pediu ao americano que removesse a tarifa de 40% sobre produtos brasileiros e as medidas restritivas aplicadas pelos EUA contra autoridades locais, informou o governo brasileiro em nota.
Os dois líderes mantiveram uma conversa telefônica de 30 minutos no início do dia e concordaram em se encontrar pessoalmente “em breve”, segundo o comunicado, que acrescentou que a conversa teve um tom amigável. Lula sugeriu um encontro durante a cúpula de ASEAN na Malásia e manifestou sua disposição de viajar para os Estados Unidos.
Os dois presidentes trocaram números de telefone para estabelecer uma linha direta de comunicação, acrescentou o governo brasileiro.
Em uma postagem nas redes sociais, Trump disse que a ligação foi “muito boa”, acrescentando que ela se concentrou nas relações econômicas e comerciais entre os dois países.
“Teremos mais discussões e nos reuniremos em um futuro não muito distante, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos”, escreveu.
O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, disse a repórteres em Brasília após a reunião que a ligação foi “positiva”, enquanto o vice-presidente Geraldo Alckmin a descreveu como “melhor do que o esperado” e disse estar otimista quanto ao avanço das negociações entre os dois países.
Inicialmente, o Brasil enfrentou uma tarifa mínima de 10%, mas Trump posteriormente aumentou a taxa para 40% sobre várias exportações importantes, elevando a taxa total para 50%. (Reuters)
Seguem os títulos da mídia sobre o telefonema:
Washington Post: Lula pede a Trump fim das tarifas extras de 40% sobre os produtos brasileiros
BBC: “Trump e presidente brasileiro Lula têm conversa amigável”
Toronto Sun: Lula pede a Trump que suspenda tarifa de 40% sobre importações brasileiras
Guardian: Presidente do Brasil pede aos EUA que suspendam tarifas em ligação “amigável” com Trump
La Nación: “Após meses de grande tensão, Trump ligou para Lula e eles combinaram de se encontrar pessoalmente. O presidente brasileiro pediu ao governo norte-americano que elimine as tarifas e as “medidas restritivas” contra funcionários brasileiros”
Público: Lula da Silva pede a Donald Trump que retire tarifas e sanções impostas ao Brasil
El Tiempo: Lula da Silva pede a Trump que retire sanções e tarifas contra o Brasil em sua primeira conversa “amigável” por videoconferência
El Mercúrio: Lula pede a Trump que elimine tarifas punitivas ao Brasil em primeira ligação telefônica
Expresso: Lula da Silva pede a Donald Trump que retire tarifas e sanções
Correio da Manhã: Trump e Lula têm primeira conversa formal por videoconferência
O Planalto divulgou esta nota sobre o telefonema, que deu origem às reportagens:
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na manhã desta segunda-feira, 6 de outubro, telefonema do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos. Em tom amistoso, os dois líderes conversaram por 30 minutos, quando relembraram a boa química que tiveram em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU. Os dois presidentes reiteraram a impressão positiva daquele encontro.
O presidente Lula descreveu o contato como uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente. Recordou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços. Solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras.
O presidente Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. O presidente Lula aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA); e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos.
Os dois presidentes trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação. Do lado brasileiro, a conversa foi acompanhada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Mauro Vieira, Fernando Haddad, Sidônio Palmeira e o assessor especial Celso Amorim.”
ANÁLISE: DIRETA E ESQUERDA
O site Centro Latino-Americano de Análise Estratégica traz o artigo de Emir Sader “Brasil: Os tropeços de uma direita derrotada”. Diz o sociólogo: Em geral, o equilíbrio de poder no país tem se inclinado entre a direita e a esquerda, a favor desta última e contra a primeira, com projeções para o futuro, para o provável novo mandato de Lula.
COP30: AINDA A HOSPEDAGEM
Dezenas de países ainda não garantiram acomodações para a cúpula climática COP30 do próximo mês no Brasil, e alguns delegados estão considerando não comparecer, pois a escassez de hotéis elevou os preços para centenas de dólares por noite. Pequenos estados insulares se veem obrigados a considerar a redução do tamanho das delegações que enviarão a Belém, enquanto dois países europeus afirmaram que estão considerando não participar. Os organizadores da COP30 estão correndo para converter motéis, navios de cruzeiro e igrejas em acomodações para os 45.000 delegados previstos.
O Brasil escolheu realizar as negociações climáticas em Belém, que normalmente tem 18.000 leitos de hotel disponíveis, na esperança de que sua localização na borda da floresta amazônica chamasse a atenção para a ameaça que as mudanças climáticas representam para esse ecossistema e seu papel na absorção das emissões que causam o aquecimento global. (Reuters)
WILLIAM NO BRASIL
O Príncipe de Gales descreveu os candidatos ao seu prêmio ambiental Earthshot como “heróis do nosso tempo”. O Príncipe William viajará ao Rio de Janeiro no próximo mês para a cerimônia — a primeira vez que o prêmio será realizado na América Latina. O prêmio, criado pelo príncipe há cinco anos, concede £ 1 milhão por ano a cinco projetos por suas inovações ambientais. Este ano, houve quase 2.500 indicados de 72 países. Os vencedores serão escolhidos pelo príncipe William e pelo Conselho do Prêmio Earthshot, que inclui a atriz Cate Blanchett e a rainha Rania da Jordânia. (BBC)
Imagem: Montagem de fotos de Trump e Lula / Reuters/Yuri Gripas e Marcelo Camargo/Agência Brasil

Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.
