Frentes de resistência mobilizam atos nacionais contra anistia no próximo domingo

LULA NO VIETNÃ
O presidente Lula desembarcou nesta quinta-feira (27) no Vietnã para uma visita oficial até o dia 29, a convite do presidente Luong Cuong. Ele é o primeiro líder estrangeiro a realizar visita de Estado ao país asiático neste ano, em sua segunda viagem oficial ao Vietnã como presidente — a primeira aconteceu em 2008.
O encontro ocorre após a criação de uma parceria estratégica entre as nações durante a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro em novembro. Segundo o embaixador vietnamita, Bui Van Nghi, a visita reforça o crescimento sólido das relações bilaterais. O embaixador brasileiro Marco Farani destacou que o foco será o fortalecimento da cooperação em agricultura, ciência e inovação, com expectativa de novas oportunidades comerciais e ampliação da diplomacia popular (Prensa Latina)
XERIFE POTUS
Antes de embarcar para o Vietnã, durante uma coletiva de imprensa em Tóquio, Lula criticou Donald Trump, afirmando que o líder estadunidense “não é o xerife do mundo”, e ameaçou responder com reciprocidade às tarifas de 25% impostas pelos EUA sobre as importações de aço brasileiro. Ele explicou que o Brasil pode recorrer à Organização Mundial do Comércio ou aumentar tarifas sobre produtos norte-americanos.
Lula expressou preocupação com o impacto das medidas de Trump no livre comércio e multilateralismo. Sobre as novas tarifas para automóveis importados a partir de 2 de abril, o presidente questionou seus benefícios, alertando que a decisão irá apenas encarecer os carros para consumidores estadunidenses, elevando a inflação e podendo causar contração econômica. Ele defendeu o diálogo como o único caminho para acordos benéficos (Expresso, El Diario AR)
BRICS É O CAMINHO
As políticas unilaterais de Trump vão além do tarifaço comercial. A retirada da ajuda externa à África do Sul é vista como um “alerta” e oportunidade de transformação para Khalid Muhammad, porta-voz do Congresso Nacional Africano (ANC). Ele defendeu que seu país intensifique relações com seus parceiros do BRICS, destacando Rússia e China como fundamentais, além de Brasil, Índia e Irã, mercados que “os americanos tentam nos manter afastados”.
Muhammad também disse concordar com o presidente Cyril Ramaphosa sobre a necessidade de construir sistemas autossuficientes em saúde e desenvolvimento social. O porta-voz vê o momento como impulso para a diversificação econômica do país, exigindo cooperação mais profunda com os BRICS e renovação dos laços comerciais africanos (RT News)
É DILMA DE NOVO
Enquanto se fortalece como alternativa às pressões ocidentais, a estrutura financeira do BRICS se consolida sob liderança brasileira: a ex-presidente Dilma Rousseff foi reeleita para presidir o Banco do BRICS por indicação de Vladimir Putin, iniciando novo mandato de cinco anos. Ela comanda a instituição desde 2023, quando Lula a designou para substituir Marcos Troyjo. Especialistas atribuem sua permanência à qualidade do trabalho realizado, aos novos créditos para infraestrutura e à liquidez gerada.
A indicação sinaliza confluência de interesses entre Rússia e Brasil. Para o próximo mandato, espera-se que Dilma continue trabalhando pela desdolarização da economia mundial, desenvolvendo o sistema de pagamentos do BRICS e possivelmente uma moeda própria do grupo. O banco deve manter seu papel de fornecedor de empréstimos para projetos de desenvolvimento, especialmente diante das incertezas com o retorno de Trump à presidência dos EUA (Pátria Latina via Sputnik)
BOLSONARO RÉU
A decisão do Supremo Tribunal Federal de julgar Jair Bolsonaro por suposta conspiração golpista, tomada em 26 de março, representa um momento histórico de responsabilização institucional. O caso repercutiu mundialmente e gerou comemorações entre progressistas. O compositor Edu Krieger criou uma música celebrando a possível condenação, enquanto o líder Júnior Hekurari destacou o descaso de Bolsonaro com os povos Yanomami e sua responsabilidade pela invasão de garimpeiros na Amazônia.
Se condenado, Bolsonaro pode enfrentar pena superior a 40 anos. A ministra Cármen Lúcia enfatizou durante a votação que “ditaduras matam”. Analistas notam sua desorientação e dificuldade para mobilizar apoiadores, exemplificada pela baixa adesão em recente manifestação em Copacabana. Apesar das previsões de condenação, especialistas alertam para a imprevisibilidade política, com Krieger ressaltando que as ideias de extrema-direita têm raízes históricas profundas no Brasil. (The Guardian, BBC, The Conversation)
(SEM) ANISTIA
Bolsonaro reagiu à decisão do STF intensificando ataques à corte e seus ministros, além de insistir em desacreditar o sistema eleitoral brasileiro. Enquanto a Primeira Turma deliberava sobre seu caso, ele articulava com aliados no Congresso, concentrando esforços na aprovação do PL da Anistia. No Senado, onde seu Partido Liberal (PL) mantém maioria relativa, o ex-presidente promove o projeto de lei 2858/22, que concederia anistia tanto a ele quanto aos participantes dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Inelegível até 2030 por contestar as urnas eletrônicas, Bolsonaro acredita depender desta anistia para viabilizar sua candidatura em 2026. Embora já conte com o apoio de 190 deputados federais, este número ainda é insuficiente para aprovação da medida. Apresentando-se como perseguido político, ele busca preservar sua relevância no cenário eleitoral, mas analistas apontam que as recentes decisões judiciais podem afastar eleitores moderados de sua base, enquanto grupos de oposição já se mobilizam contra a iniciativa (Diario de Sevilla).
MOBILIZAÇÃO
Em oposição às articulações do agora réu Jair Bolsonaro, as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo convocaram manifestações nacionais para o próximo domingo (30). Os protestos miram a proposta de anistia e defendem medidas severas contra os envolvidos nos atos antidemocráticos de janeiro de 2023. Daiane Araújo, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes, afirma que o atual contexto deve impulsionar a mobilização popular e ampliar o debate ideológico na sociedade brasileira. Os organizadores buscam aumentar a pressão sobre o Judiciário para garantir a punição dos envolvidos em ações contra a democracia, mantendo vivo o debate sobre os limites da tolerância institucional com movimentos extremistas (Prensa Latina).
*Imagem em destaque: Fernando Frazão/Agência Brasil
