“Estou firme e forte!”, garante Lula, após cirurgia

POR TATIANA CARLOTTI
Nesta sexta-feira (13), o presidente Lula apareceu disposto e caminhando ao lado do neurocirurgião Marcos Stavale pelos corredores do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
“Agradeço por cada oração e palavra de conforto que recebi nos últimos dias. Janjinha me repassou todos os recados. Peço que fiquem tranquilos. Estou firme e forte! Andando pelos corredores com Marcos Stavale, o neurocirurgião responsável pelo meu procedimento, conversando bastante, me alimentando bem e, em breve, pronto para voltar para casa e seguir trabalhando e cuidando de cada família brasileira”, afirmou nas redes sociais.
A expectativa é de que o presidente deixe o hospital paulista na segunda ou terça-feira da próxima semana. Lula passou ontem por um segundo procedimento desde que foi internado, com fortes dores de cabeça, na segunda-feira (9).
Em 19 de outubro, após uma queda no banheiro, ele precisou levar cinco pontos na região da nuca e os exames identificaram uma pequena hemorragia intracraniana. Na segunda-feira, com dores, ele foi submetido a uma primeira cirurgia de emergência, onde os médicos drenaram o hematoma intracraniano. Ontem, ele voltou à sala de cirurgia para uma segunda operação preventiva, complementar e de menor risco. O boletim médico do hospital garantiu que ele estava “neurologicamente perfeito” e que o risco de novo sangramento é “mínimo”.
A cirurgia de Lula, no entanto, deu o que falar na imprensa internacional e foi, de longe, a principal notícia sobre o Brasil nesta sexta-feira, com reportagens em Le Parisien, Ambito, La Nación, Le Monde, Prensa Latina, La Jornada, Página 12, O Guardião, El Tiempo e tantos outros.
TORCIDA CONTRA
Algumas reportagens surfaram na impossibilidade de Lula se reeleger por conta de problemas de saúde. No Le Monde, Bruno Meyerfeld afirmou que “a hospitalização do presidente brasileiro, de 79 anos, está alimentando comparações com seu colega americano [Joe Biden] e reacendendo o debate sobre sua sucessão, e até mesmo sobre sua capacidade de continuar liderando o Brasil”.
No El Diario Argentino, Afredo Grieco y Bavio foi na mesma linha, dizendo ser o “momento Biden” de Lula. “Com duas intervenções médicas em dois dias, há todos os motivos para acreditar que o presidente brasileiro renunciará antes de Biden à candidatura do partido governista e desistirá de buscar outro mandato aos 81 anos. De acordo com uma pesquisa, 52% do eleitorado é contra sua reeleição”, apontou.
Sobre os dados da Qaest, Prensa Latina lembrou que em outubro, o número de eleitores contra uma possível reeleição de Lula chegava a 58%, caiu para 52%. A pesquisa promovida pela financeira Genial e o Instituto Qaest, aponta Lula como favorito para vencer as eleições de 2026 diante de qualquer cenário: Lula venceria Jair Bolsonaro por 51% contra 35%; Tarcísio Freitas (52% contra 26%), Pablo Marçal (52% contra 27%) e Ronaldo Caiado (54% contra 20%).
Já o argentino La Politica Online trouxe uma matéria afirmando que “o mercado” acredita que os problemas de saúde de Lula o afastarão da reeleição no Brasil. Augusto Taglioni ouviu “um importante consultor de um fundo de investimentos que atua em São Paulo” que diz haver “barulho” e que “todos estão olhando para ver se a saúde de Lula será um impedimento para que ele seja candidato em 2026”.
PLANO DE ASSASSINATO EM HOSPITAL
Por fim, a mexicana La Jornada e a cubana Prensa Latina divulgaram a informação sobre um plano para assassinar o presidente brasileiro no hospital. A informação foi descoberta pela Polícia Federal e o esquema de segurança do presidente foi reforçado. Segundo a CNN Brasil, a ideia atribuída ao grupo militar Kids pretos era aproveitar as frequentes visitas de Lula aos hospitais para matá-lo por envenenamento ou uso de produtos químicos.
BOLSONARO
O francês Le Figaro afirma que “o laço judicial está se apertando em torno do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, bem como de vários membros das nossas Forças Armadas, acusados pela polícia de “abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado e organização criminosa”.
“A polícia também revelou um plano para assassinar o presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva a fim de impedi-lo de tomar posse em 1º de janeiro de 2023. Alguns meses antes, Lula havia derrotado Bolsonaro nas urnas. As acusações da polícia não apenas pioram claramente a situação judicial de Bolsonaro, mas também levam os militares ao descrédito. Muitos especialistas acreditam que o Brasil está pagando o preço de uma transição democrática incompleta”, diz o texto.
Segundo Prensa Latina, em sua cobertura da pesquisa Qaest, a maioria dos brasileiros (51%) acredita que Bolsonaro tentou um golpe contra Lula, envolvendo os militares. Divulgada pela colunista Mônica Bergamo (Folha de São Paulo), a pesquisa indica que 48% dos entrevistados consideram que Bolsonaro participou diretamente do planejamento do complô. Entre os eleitores bolsonaristas, 39% dizem acreditar que a tentativa violenta existiu, mas 51% ainda negam.
TRAGÉDIA
O ex-secretário de Turismo de Bariloche e atual presidente da Câmara Argentina de Turismo Estudantil, Gastón Burlón, foi baleado após entrar por engano na favela Morro dos Prazeres no Rio de Janeiro. Ele estava de férias com a família na capital fluminense e, após o ataque, foi levado às pressas para o Hospital Municipal Souza Aguiar, onde foi submetido a uma cirurgia, informa Continental.
SALLES SUGERE CASTRAÇÃO QUÍMICA
Prensa Latina destaca a aprovação na Câmara dos Deputados de um projeto de lei que pretende criar um registro nacional de pedófilos e inclusive permitir a castração química de condenados por crimes deste tipo. A castração química de condenados por pedofilia não constava no texto original e foi uma ideia do deputado de extrema-direita e ex-ministro de Jair Bolsonaro, Ricardo Salles. O tema será agora debatido no Senado.
BRASILEIROS NO EXTERIOR
Mais de 600 professores formados no Brasil reivindicam o direito de darem aulas nas escolas de Portugal. Eles foram ouvidos, nesta quinta-feira (12/12), na Comissão de Educação e Ciência da Assembleia da República, e pediram aos parlamentares que seja feita uma recomendação ao Governo português para o reconhecimento de suas habilitações, de forma que possam lecionar do primeiro ao 12º ano, informa o Publico.

Tatiana Carlotti é repórter do Fórum 21 desde 2022. Também trabalha em Ópera Mundi e atuou por oito anos nos veículos progressistas Carta Maior (2014-2021) e Blog Zé Dirceu (2006-2013). Tem doutorado em Semiótica (USP) e mestrado em Crítica Literária (PUC-SP).
