Ex-primeira-dama do Peru recebe asilo no Brasil para escapar da prisão
A condenação à prisão da ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia e a autorização para seu asilo no Brasil foram tema da maioria da mídia dos países latino-americanos. Na terça-feira, um tribunal peruano condenou Heredia e seu marido, o ex-presidente Ollanta Humala, a 15 anos de prisão por lavagem de recursos recebidos da Odebrecht para financiar suas campanhas de 2006 e 2011.
A ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia e seu filho mais novo chegaram ao Brasil nesta quarta-feira, depois que o país vizinho lhe concedeu asilo, informaram seu advogado e os ministérios das Relações Exteriores de ambos os países.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Brasil confirmou que o voo de Heredia chegou à capital, Brasília, por volta das 12h, horário local, em avião da FAB.
Mais cedo, o advogado de Heredia, Julio Espinoza, disse à rádio peruana RPP que ela partiu na quarta-feira em um avião oficial fornecido pelo governo brasileiro.
Na terça-feira, um tribunal peruano condenou Heredia e seu marido, o ex-presidente Ollanta Humala, a 15 anos de prisão por lavagem de fundos recebidos da gigante brasileira da construção Odebrecht para financiar suas campanhas de 2006 e 2011.
Humala, que compareceu à sessão do tribunal, foi imediatamente preso, enquanto Heredia, 48 anos, refugiou-se na embaixada brasileira com seu filho, Samin Humala, 14 anos.
Na noite de terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Peru disse em um comunicado que o Brasil concedeu asilo diplomático à ex-primeira-dama e ao seu filho de acordo com uma convenção de 1954 da qual ambos os países são signatários. O ministério disse que as autoridades peruanas lhes concederam passagem segura para o Brasil.
O irmão da ex-primeira-dama Heredia, Ilán Heredia, também foi condenado a 12 anos de prisão por lavagem de dinheiro no mesmo caso.
*No Peru, o deputado Flavio Cruz descreveu o asilo político concedido pelo Brasil a Nadine Heredia como uma decisão política e sugeriu que a rapidez com que o asilo foi concedido poderia estar ligada a uma coordenação premeditada.
*O ex-ministro das Relações Exteriores do Peru, Luis Gonzales Posada, questionou a decisão do governo brasileiro de conceder asilo político à ex-primeira-dama Nadine Heredia, condenada por lavagem de dinheiro.
(Independent com Associated Press / Reuters / Clarín / Diario Carreo 1 /Diário Correo 2 / El Mercurio /El Tiempo / Kaos en La Red)
FAVELA MOINHO
Os moradores da favela Moinho (última favela remanescente no centro de São Paulo) foram às ruas nesta terça-feira (15) contra o plano de despejo da comunidade. Nos próximos dias, o governo de Tarcísio de Freitas (governador republicano do estado de São Paulo) pretende iniciar o despejo gradual das 813 famílias que vivem há quatro décadas entre duas linhas de trem.
A manifestação ocorreu logo após um grande número de agentes da Polícia Militar, incluindo a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, forças especiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo, usadas para controlar situações de distúrbios civis), ter circulado na comunidade por cerca de uma hora. Jane*, moradora do Moinho desde 1997, conta que sua casa foi invadida e seu filho de 20 anos foi estrangulado por um policial.
“Só porque meu filho tem uma tatuagem, o policial o agarrou pelo pescoço, colocou-o contra a parede e disse: ‘Você é um vagabundo’. Para eles, todo mundo é um criminoso. E eu não aceito isso. Depois ele saiu e disse que se eu passasse na frente do cachorro dele, ele ia me despedaçar”, reclamou Jane, mãe de cinco filhos, em entrevista ao Brasil de Fato. (Kaos em La Red)
ORÇAMENTO
O governo brasileiro reconheceu os riscos crescentes de renegociação da dívida pública, com um nível recorde para 2025 devido ao aumento da parcela da dívida exposta às taxas de juros de curto prazo, e enfatizou a necessidade de consolidação fiscal para melhorar as perspectivas.
Em um anexo de riscos fiscais ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias para 2026 enviado ao Congresso na terça-feira, o Tesouro estimou que 62,1% da dívida pública federal será sensível a mudanças na taxa de juros de curto prazo este ano – um recorde desde que a série começou em 2008. A participação foi projetada anteriormente em 56,6% no documento do ano passado.
A medida inclui a dívida atrelada à taxa Selic e os títulos com vencimento em até 12 meses, cujos custos de refinanciamento também são diretamente afetados pela taxa de juros de referência.
O Tesouro prevê agora que essa participação chegue a 58,9% em 2028, ante uma estimativa anterior de 51,2%. (Reuters)
O governo Lula enviou na terça-feira ao Congresso a proposta do Orçamento do Estado para 2026, que prevê um superavit de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) e aumento do salário mínimo. Em comunicado, a Presidência brasileira sublinhou que o projeto publicado no Diário Oficial da União tem equilíbrio “entre receitas e despesas”. A expectativa do Governo é de alcançar um excedente primário de 34 mil milhões de reais (5,11 mil milhões de euros) no próximo ano.
A taxa de inflação anual prevista pelo Governo brasileiro é de 3,5% e o crescimento do PIB de 2,5%, indicou a Agência Brasil. O salário mínimo deverá ser cifrado em 1.630 reais. O valor representa um aumento de 112 reais em relação ao salário mínimo atualmente vigente. Ainda assim, o secretário de Orçamento Federal, Clayton Montes, adiantou que o valor do salário mínimo para 2026 pode ser alterado consoante as previsões da inflação se alterem. (Guardião)
BRASIL / CHINA
Altos funcionários do setor agrícola do Brasil e da China se reunirão em Brasília nesta semana para discutir formas de expandir as exportações brasileiras para a maior economia da Ásia, onde a demanda por produtos agrícolas está crescendo. Autoridades do governo brasileiro disseram que as reuniões se concentrariam nas exportações brasileiras de produtos agrícolas, como soja e carne bovina, e “como lidar com a lacuna deixada pelas tarifas dos EUA”.
Outros tópicos a serem abordados são a expansão da safra brasileira e o credenciamento de frigoríficos brasileiros para exportação para a China, após a recente rejeição de 28 plantas locais por Pequim devido a questões técnicas e sanitárias. O ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Favaro, e uma delegação chinesa liderada por Zhang Zhili, vice-ministro da Agricultura e Assuntos Rurais, participarão das reuniões, marcadas para quinta e sexta-feira. (South China Morning Post)
Na imagem, o ex-presidente do Peru Ollanta Humala e sua esposa, Nadine Heredia / Reprodução
Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.