“Fale manso”: Lula exige respeito de Trump em meio a tensões comerciais
LULA EM MG
O presidente Lula retornou a Minas Gerais nesta terça-feira (11), quatro dias após sua última visita, para se reunir com empresários dos setores automotivo e siderúrgico, informa a agência Prensa Latina. Na visita anterior, apresentou um pacote de medidas para a implementação da reforma agrária em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Nesta nova visita, Lula participou da inauguração de um centro de desenvolvimento de produtos de mobilidade híbrida-flex em Betim, no Polo Automotivo Stellantis, o maior centro da categoria na América Latina. À tarde, o presidente visitou a cidade de Ouro Branco, onde participou do evento de conclusão da ampliação da capacidade do laminador de bobinas da Gerdau, maior produtora de aço do país. Durante a visita à Gerdau, Lula conheceu as instalações dos novos investimentos da empresa e conversou com trabalhadores da companhia. Segundo a siderúrgica, a ampliação gerou mais de 2.500 empregos na região e representa um investimento de R$ 1,5 bilhão.
TAKE IT EASY, TRUMP
Em discurso durante sua visita a Betim, Lula citou o presidente dos EUA ao falar sobre a economia brasileira. “Não adianta o Trump ficar gritando de lá, porque eu aprendi a não ter medo de cara feia. Fale manso comigo, fale com respeito comigo, que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado. É assim que vamos governar esse país”, afirmou o presidente. A fala ocorreu antes do anúncio da Casa Branca, na tarde desta terça-feira (11), de que tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio aos Estados Unidos terão início à meia-noite desta quarta (12). Segundo o governo norte-americano, as taxas serão impostas sobre todos os países, sem exceções ou isenções. A CNN reporta que dados da Administração de Comércio Internacional do governo americano mostram que o aumento do imposto anunciado por Donald Trump ocorrerá no melhor momento da história para a indústria siderúrgica brasileira nos EUA.
PAES PARA VICE?
As eleições presidenciais de 2026 já estão no centro das discussões políticas, com foco na candidatura de Lula e a busca por um vice-presidente. Nesse cenário, o nome de Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, ganha força dentro do Partido dos Trabalhadores (PT). Paes é bem visto por Lula, que o considera um homem de Estado capaz de atrair eleitores fora do núcleo petista. O prefeito, atualmente afiliado ao Partido Social Democrático (PSD), é aliado de Gilberto Kassab, que tem pressionado o governo a melhorar sua imagem, ameaçando não apoiar Lula em 2026 caso isso não ocorra. Kassab e partidos centristas já estão buscando alternativas, cogitando o nome do governador do Paraná, Ratinho Filho, como possível candidato à presidência. Fontes próximas a Paes afirmam que ele tem interesse em disputar o governo do estado do Rio de Janeiro, também em 2026. De acordo com o La Política Online, sua popularidade e seu alinhamento com o PT contra o bolsonarismo fazem dele um nome forte para as próximas eleições.
PROGRAMA VINI JR. NACIONAL
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) anunciou que a bancada do PSOL trabalhará para que o projeto de lei que nacionaliza o Programa Vini Jr. de Combate ao Racismo seja tramitado com urgência na Câmara dos Deputados. O projeto, de autoria do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), propõe medidas para combater manifestações racistas nos estádios e arenas esportivas em todo o país. A proposta prevê a interrupção imediata de eventos esportivos em caso de atos racistas, além de campanhas de conscientização e capacitação de profissionais. A iniciativa ganhou força após um episódio de racismo durante uma partida da Libertadores Sub-20 entre Palmeiras e Cerro Porteño. O Página 12 (via Alma Preta) informa que uma lei estadual do Rio de Janeiro, que já está em vigor, também estabelece medidas contra o racismo no esporte, servindo como modelo para a proposta federal. O deputado Chico Alencar reforçou que as vítimas de racismo no esporte não devem enfrentar impunidade.
A VOZ YANOMAMI
Davi Kopenawa, líder yanomami e chamã, tem se dedicado a denunciar a exploração ilegal de terras indígenas, especialmente a invasão de mineradores e outros agentes do agronegócio que destroem a floresta amazônica. Kopenawa, que tem sido uma voz de resistência por mais de cinco décadas, denuncia a devastação de seu território na fronteira entre Brasil e Venezuela. Ele critica o comportamento dos “homens brancos”, que veem a terra como algo a ser conquistado, e lamenta a destruição causada pela construção de estradas como a Transamazônica. Em entrevista ao El Diario, Kopenawa relembra a violência imposta pelos mineradores ilegais, especialmente durante o governo de Jair Bolsonaro, que facilitou a entrada desses invasores, e alerta para os danos causados pelo pensamento ocidental, que prioriza as mercadorias e explora recursos naturais, criticando a sociedade de consumo e o capitalismo como os maiores responsáveis pela destruição da Amazônia.
CINCO ANOS DE COVID-19
Cinco anos após o anúncio da OMS de que o mundo estava em pandemia, o Brasil registra mais de 39 milhões de casos confirmados e 715 mil mortes devido ao coronavírus. Segundo o Ministério da Saúde, a doença ainda está presente no país, mas com números significativamente menores em comparação a 2024. Até 25 de fevereiro de 2025, foram registrados 130.007 casos e 664 mortes, enquanto no mesmo período de 2024 os números eram de 310.874 casos e 1.536 óbitos. O Prensa Latina reporta que o infectologista Henrique Lacerda destacou a importância da ciência na resposta à pandemia, ressaltando o aumento na valorização das vacinas, embora também tenha observado o crescimento de movimentos antivacina. Especialistas alertam para a condição pós-Covid-19, conhecida como Covid longa, que pode se manifestar com novos sintomas após três meses da infecção inicial.
*Imagem em destaque: Betim (MG), 11/03/2025 – Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita à Linha de Montagem da Stellantis Betim. Polo Automotivo Stellantis. Foto: Ricardo Stuckert/PR
