Governo anuncia centro de acolhimento para brasileiros deportados

Governo anuncia centro de acolhimento para brasileiros deportados

ACOLHIDA DIGNA

O governo brasileiro informou nesta terça-feira (28) a criação de um centro de recepção com assistência humanitária para acolher os brasileiros deportados dos Estados Unidos. A medida, apresentada pela ministra de Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, responde às novas normas migratórias dos EUA e aos relatos de maus-tratos durante a deportação.

O centro funcionará no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins (MG), e oferecerá condições dignas aos repatriados, com alimentação, água e cuidados básicos. A ministra destacou a importância de evitar a separação de famílias e garantir um retorno humanizado. O governo também está em diálogo com empresas e autoridades estaduais e municipais para ajudar na inclusão dos deportados no mercado de trabalho.

O anúncio aconteceu quatro dias após o pouso em Manaus de um voo com 88 deportados, no qual os passageiros relataram más condições, incluindo agressões, uso indiscriminado de algemas e correntes, falhas no sistema de ar condicionado e falta de assistência básica. Em resposta, o governo brasileiro convocou o encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA em Brasília para esclarecimentos.

Após reunião com o presidente Lula, o chanceler Mauro Vieira defendeu que os cidadãos deportados sejam tratados com respeito e dignidade, garantindo condições adequadas de viagem e apoio após a chegada. Ele reforçou que o transporte é responsabilidade dos EUA, descartando o uso de aviões da FAB, e lembrou que acordos bilaterais de 2018 e 2021 regulam essas operações. Segundo Vieira, o diálogo com as autoridades estadunidenses continua para evitar novos problemas.

NA AMÉRICA LATINA

A postura brasileira reflete um cenário mais amplo na América Latina, onde a crise das deportações em massa tem gerado reações variadas entre os países da região:

Colômbia, da recusa ao acordo: Inicialmente, o presidente Gustavo Petro se opôs à recepção de deportados em aviões militares, argumentando que os colombianos não deveriam ser tratados como criminosos. No entanto, após ameaças dos EUA de impor tarifas de 50% sobre os produtos colombianos, o governo reconsiderou e aceitou o retorno sem restrições, inclusive por aviões militares. Petro garantiu que buscaria um protocolo mais humanitário para futuros voos.

No México, plano de contingência diante da crise: O país já recebeu mais de 4 mil deportados recentemente, mas a presidente Claudia Sheinbaum afirmou que a situação não representa um aumento alarmante. O governo tem mantido diálogo constante com Washington, reforçando sua rede consular nos EUA, e lançou a aplicativo ConsulApp, que orienta migrantes sobre seus direitos e oferece assistência. Além disso, os repatriados recebem apoio financeiro por meio da “Tarjeta de Bienestar Paisano”.

Em El Salvador, a estratégia é de cooperação: O presidente Nayib Bukele adotou uma postura mais cooperativa com o governo de Trump, apesar de relações complexas entre os dois países. Após uma conversa telefônica, ambos se aproximaram, e os EUA consideram tornar El Salvador um “terceiro país seguro”, permitindo que migrantes de outras nacionalidades sejam deportados para lá a fim de solicitar asilo.

Na Guatemala, preparação para receber os cidadãos: O governo criou um plano de ação para lidar com o aumento das deportações, com 3,3 mil cidadãos repatriados entre 1º e 24 de janeiro. O Instituto Guatemalteco de Migração anunciou a criação de abrigos e programas de reintegração laboral, além da construção de um centro de apoio psicosocial para os migrantes recém-chegados.

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Em Honduras, a contestação de fake news sobre o tema: Circulou um boato de que os EUA redirecionaram voos com migrantes deportados de outros países para Honduras, mas o governo negou. O Instituto Nacional de Migração afirmou que só recebe deportados hondurenhos e não existe acordo com os EUA para aceitar deportações de outras nacionalidades.

PANORAMA INCERTO NA AL

Com o avanço do plano de deportação de Trump, a América Latina enfrenta o desafio de lidar com as consequências sociais e econômicas da chegada massiva de migrantes. Alguns países buscam negociar acordos, enquanto outros tentam minimizar os impactos de uma política migratória implacável. O futuro dos migrantes deportados permanece incerto, e com um milhão de expulsões projetadas por ano, a região precisará encontrar respostas rápidas e eficazes para lidar com essa nova realidade (Xinhua, El Ciudadano, Gizmodo).

JÁ A ARGENTINA…

Menos de dez dias após a posse de Donald Trump, o alinhamento do governo de Javier Milei com os EUA já se reflete na diplomacia internacional. Em uma reunião da Celac, Milei, junto aos presidentes de Paraguai, Santiago Peña, e de El Salvador, Nayib Bukele, recusou-se a apoiar uma condenação contra Trump por deportações em massa, proposta pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro. A decisão gerou tensão na região e levou a presidente de Honduras, Xiomara Castro, a cancelar um encontro da Celac, criticando a falta de unidade entre os países-membros.

Gerardo Werthein, ministro das Relações Exteriores da Argentina, confirmou que não houve consenso entre os 32 países da Celac para aprovar a condenação. As deportações, que atingiram colombianos e cidadãos de outros países como Brasil e Venezuela, intensificaram o embate entre Trump e Petro, com trocas de declarações hostis e ameaças comerciais. No fim, Petro aceitou receber os deportados, mas exigiu que fossem transportados em um avião colombiano (La Nación).

DIA DA VISIBILIDADE TRANS

A Embaixada dos EUA em Brasília foi palco de um protesto de pessoas transexuais contra as declarações e políticas de marginalização promovidas por Donald Trump. Ativistas reuniram-se em frente ao prédio, exibindo bandeiras da comunidade transgênero e entoando palavras de ordem em defesa de seus direitos. A influenciadora digital Samanta Mendaña alertou que, ao transformar um grupo social em inimigo da nação, Trump impacta não apenas seu país, mas também o cenário global. Ela lembrou que, logo após sua posse, o republicano assinou decretos restringindo direitos da população trans, incluindo a decisão de limitar o reconhecimento oficial de gênero ao masculino e feminino e de excluir programas governamentais voltados à diversidade e inclusão, além de proibir tratamentos e cirurgias de transição de gênero para menores de 19 anos, consolidando uma política de exclusão dessa comunidade na sociedade americana (EFE).

NEGÓCIOS PT-BR

O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, irá aproveitar sua participação na próxima Cimeira Luso-Brasileira, em Brasília, para se reunir com empresários na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), na capital paulista. O objetivo é apresentar as vantagens de investir em Portugal e acessar o grande mercado da União Europeia, com mais de 500 milhões de consumidores. O encontro será no dia 20 de fevereiro (Público).

*Imagem em destaque: Antônio Lima/Secom/Governo do Amazonas

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