Investida de Trump contra o Brasil tem efeito inverso ao desejado pela extrema direita

Investida de Trump contra o Brasil tem efeito inverso ao desejado pela extrema direita

QUEM LUCRA COM A CRISE

A imposição de tarifas de 50% por Donald Trump sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, em suposta retaliação ao julgamento de Bolsonaro, provocou reação imediata do governo Lula e gerou efeito político interno oposto ao pretendido. A resposta do Planalto combinou campanhas de comunicação, encontros com o setor produtivo e sinalizações públicas de defesa da soberania. Pesquisa Atlas/Bloomberg, divulgada na terça-feira (15), apontou alta na aprovação de Lula (49,7%) e apoio majoritário à sua política externa. O episódio também rachou a direita: enquanto Eduardo Bolsonaro endossava Trump, Tarcísio buscava diálogo com Washington. A crise ampliou a base do governo junto a empresários e reposicionou Lula como liderança de confronto soberano (Clarín, Público, Le Monde Diplomatique Brasil, La Política Online).

LULA GANHA FÔLEGO COM TARIFAÇO

A mesma pesquisa apontou que 61% dos brasileiros veem Lula como melhor representante do país do que Bolsonaro. A ofensiva dos Estados Unidos, tida como ingerência judicial, uniu setores moderados e empresariais ao entorno do presidente. No dia 14, Lula regulamentou a Lei da Reciprocidade Econômica e abriu canal de diálogo com agronegócio, indústria e empresas estadunidenses. A tensão ajudou o Brasil a se alinhar com países como a China e reforçou a imagem do governo diante da comunidade internacional. Especialistas avaliam que o episódio pode consolidar a liderança brasileira no Sul Global (Reuters, El País, Politico, The Washington Post, Bloomberg Línea, Prensa Latina, El Tiempo, Europa Press).

STF REBATE TRUMP E DEFENDE A DEMOCRACIA

Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), publicou carta na segunda-feira (15) rebatendo a acusação de Trump de que há perseguição política contra Bolsonaro. O ministro afirmou que os processos têm base em provas e que o país vive plena democracia. Reforçou ainda o compromisso da Corte com a liberdade de expressão e o combate à desinformação, criticando o uso de fake news por redes bolsonaristas. A manifestação teve apoio da presidenta do Superior Tribunal Militar, Maria Elizabeth Rocha (Página/12).

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PGR APONTA BOLSONARO COMO LÍDER DO GOLPE

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu na terça-feira (15) a condenação de Jair Bolsonaro como líder de organização criminosa que articulou o golpe de 8 de janeiro. O documento acusa o ex-presidente e oito aliados por crimes como tentativa de golpe, abolição violenta do Estado de Direito e organização criminosa armada. As penas podem ultrapassar 40 anos. A denúncia reforça o vínculo entre as tentativas golpistas e o uso político da máquina pública desde 2021. O momento do pedido coincide com a crise provocada pelas tarifas de Trump, interpretadas como gesto em defesa de Bolsonaro, mas que vêm gerando o efeito contrário: ampliação do isolamento da extrema direita e fortalecimento do governo Lula (Clarín, Estrategia, teleSUR, Prensa Latina, La Política Online).

TRUMP “DESCONHECE” BOLSONARO

Questionado sobre a condenação solicitada pela PGR, Trump afirmou: “Ele não é meu amigo, mas é alguém que conheço”. O comentário, feito na terça-feira (15), marcou distanciamento pessoal inédito entre os dois. Apesar de criticar o processo contra Bolsonaro, a fala evitou associações diretas com o ex-presidente brasileiro e contrastou com o discurso habitual do bolsonarismo, que sempre apresentou Trump como aliado próximo (Correio da Manhã).

*Imagem em destaque: Ricardo Stuckert / PR

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