Julgamento de Bolsonaro pelo STF é tema da mídia externa; Mauro Cid confirma tentativa de golpe

Diversos sites e jornais do exterior publicaram reportagens extensas sobre o interrogatório no STF do ‘núcleo crucial’ da organização criminosa que atuou pela ruptura democrática. Os depoimentos tiveram início nesta segunda-feira. O ex-presidente Bolsonaro é o destaque em todas as matérias jornalísticas –ele falará na quarta-feira cara a cara com o relator, ministro Alexandre de Moraes. Algumas reportagens já informam que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o primeiro a ser interrogado nesta segunda-feira, confirmou que o ex-presidente recebeu e editou a “minuta do golpe”
Mauro Cid, ex-assessor de Jair Bolsonaro, confirmou nesta segunda-feira perante o Supremo Tribunal Federal que o ex-presidente leu e editou um ato golpista para impedir a posse do presidente Lula em 2023. Essa revelação fundamental abalou a investigação judicial sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil. De acordo com o tenente-coronel Cid, seu ex-comandante observou e editou pessoalmente a minuta de um decreto que propunha anular as eleições de 2022 e impedir a posse de Lula. De acordo com o militar, Bolsonaro retirou vários mandados de prisão do documento e incluiu apenas o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como possível preso.
“Ele limpou o documento, retirou as prisões. Só o senhor (De Moraes) seria preso”, disse o alto funcionário ao magistrado, que é relator do caso no Supremo Tribunal Federal.
The Guardian: “Brasil se prepara para a presença de Bolsonaro no tribunal, quando o ex-presidente vai depor sobre ‘plano de golpe’. Direitista acusado de conspirar contra a democracia diz que será “digno de atenção” comparecer à Suprema Corte.
O ex-presidente Jair Bolsonaro finalmente se encontrará no banco dos réus nesta semana, acusado de arquitetar uma conspiração armada de extrema direita para tomar o poder após perder a eleição presidencial de 2022.
O paraquedista de 70 anos que se tornou populista, que governou de 2019 a 2023, está programado para ser interrogado pela Suprema Corte, que busca desvendar o que a polícia federal alega ter sido um plano de três anos para vandalizar uma das maiores democracias do mundo.
Sete outros supostos co-conspiradores também serão interrogados, incluindo quatro ex-ministros de Bolsonaro – três deles generais do exército; o ex-comandante da marinha; e o ex-braço direito do ex-presidente, o tenente-coronel Mauro Cid.
O dia de Bolsonaro no tribunal, que deve acontecer na quarta-feira, é um momento marcante para um país que escapou de duas décadas de ditadura militar em 1985, mas parece ter chegado perigosamente perto de um retorno ao regime autoritário depois que o veterano esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva venceu Bolsonaro na eleição presidencial de 2022.
Na véspera de sua aparição, Bolsonaro prometeu que não usaria a audiência para “lacrar”, uma palavra em português que se traduz aproximadamente como “tirar sarro”, “trollar” ou “largar o microfone”. Mas o ex-presidente disse que sua “inquisição” seria “digna de ser assistida” e pediu aos seguidores que sintonizassem para ver que a “verdade” estava do seu lado.
O líder da extrema direita brasileira insiste em seu retorno político apesar de ter sido desqualificado para as eleições de 2026 e nega as acusações, declarando-se vítima de perseguição judicial.
Bolsonaro esteve presente nesta segunda-feira na sessão do STF e deve acompanhar todo o julgamento. Ele teve encontro com Mauro Cid em público pela primeira vez desde que seu ajudante de ordens realizou a delação de suas informações sobre a trama de golpe envolvendo seu comandado desde 2023.
(Guardian / France Press / Prensa Latina / Clarín /El Tiempo / Nodal / Telesur / La Nación / Guardião / Expresso)
LULA DEFENDE ACORDO DO OCEANO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta segunda-feira (9), que o Brasil deve ratificar ainda este ano o acordo sobre conservação e uso sustentável da biodiversidade marinha em áreas além da jurisdição nacional (BBNJ), também conhecido como Tratado do Alto Mar. A afirmação foi feita na abertura da Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, em Nice, na França.
O Brasil assinou o tratado em setembro de 2023, junto com mais 115 países, mas ainda precisa ratificá-lo. Para que o tratado entre em vigor, é preciso que pelo menos 60 nações o ratifiquem, mas, de acordo com a organização internacional High Seas Alliance, apenas 32 já o fizeram.
“É impossível falar de desenvolvimento sustentável sem incluir o oceano. Sem protegê-lo, não há como combater a mudança do clima. Três bilhões de pessoas dependem diretamente de recursos marinhos para sua sobrevivência. O oceano é o maior regulador climático do planeta, em função de toda a cadeia de vida que ele abriga”, disse o presidente brasileiro. (Politico / Agência Brasil)
AMÉRICA LATINA: OPÇÃO DE INVESTIMENTO
A América Latina surgiu como um dos principais destinos de investimento, uma vez que as guerras em curso – tanto militares quanto comerciais – fazem com que os investidores busquem opções em uma região que eles consideram como surpreendentemente livre de tarifas e de grandes conflitos.
Os dados sobre os fluxos de portfólio sugerem que os investidores estão, em grande parte, subexpostos à América Latina, mesmo com muitos mercados de ações – incluindo o do Brasil e o do México – sendo negociados em níveis recordes ou próximos a eles, enquanto os títulos soberanos oferecem rendimentos ainda atraentes. Embora alguns prefiram não correr atrás de uma recuperação das ações, outros se concentraram no mercado de dívida local.
“A história da América Latina é mais fácil de contar agora, já que as ações estão baratas e há uma falta de opções nos mercados emergentes”, disse Leonard Linnet, chefe de ações do Itaú BBA. “A China está no epicentro da guerra comercial, a Índia está mais cara e tem alguns problemas geopolíticos com o Paquistão e os investidores estão evitando investir na Rússia.”
O Brasil e o México são os gigantes onde a maioria dos investidores internacionais concentra sua exposição à América Latina. Ambos têm, de longe, os maiores pesos regionais nos índices de referência globais para ações e títulos. Entretanto, entre todos os mercados emergentes, os dois países são relativamente pequenos. O Brasil, que é a maior economia e mercado da América Latina, constitui 60% do índice MSCI Latam e pouco menos de 5% do índice EM mais amplo. (Reuters)
Na imagem, o ex-presidente Jair Bolsonaro cumprimenta o tenente-coronel Mauro Cid durante interrogatório no STF nesta segunda-feira / Ton Molina / STF

Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.