Lula denuncia protecionismo de Trump e promete defender empresas e trabalhadores

Lula denuncia protecionismo de Trump e promete defender empresas e trabalhadores

O presidente Lula declarou, nesta quinta-feira (3), que o Brasil vai reagir com firmeza às tarifas comerciais impostas pelos EUA, consideradas por ele como um “protecionismo radical”, e afirmou que utilizará “todas as medidas cabíveis” para proteger empresas e trabalhadores, incluindo possíveis ações junto à OMC e represálias autorizadas pela nova Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada no Congresso. A declaração ocorreu durante o evento “Brasil Dando a Volta por Cima”, em Brasília, onde Lula apresentou resultados positivos dos seus dois primeiros anos de mandato, destacando o crescimento econômico acima de 3%, redução do desemprego e avanço em questões sociais e ambientais, como a diminuição de 46% no desmatamento na Amazônia.

“O Brasil é um país que volta a sonhar e ter esperança. Um Brasil que dá a volta por cima e deixa de ser o eterno país do futuro para construir hoje seu futuro. Com mais desenvolvimento e inclusão social, mais tecnologia e mais humanismo. Um país menos desigual e mais justo. Que investe em saúde, educação e mais serviços públicos de qualidade. Que não tolera ameaças à democracia. Que não abre mão da sua soberania. Que não bate continência para nenhuma outra bandeira que não seja a bandeira verde e amarela. Que fala de igual para igual e respeita todos os países, dos mais pobres aos mais ricos. Mas que exige reciprocidade no tratamento”, disse Lula.

O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, ressaltou que manterá canais diplomáticos abertos com Washington para reverter as medidas e minimizar danos econômicos.

TARIFAÇO 2.0

O posicionamento ocorre em meio à forte reação internacional provocada pela decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de ampliar drasticamente suas tarifas alfandegárias. Trump anunciou sobretaxas mínimas de 10% sobre importações gerais, chegando a 34% para produtos chineses, 20% para europeus e 46% para os vietnamitas, medida que será implementada entre 5 e 9 de abril.

Brasil, Argentina, Chile e outros 121 países receberam a mesma tarifa base de 10%. O presidente argentino Javier Milei comemorou a decisão, enquanto seus apoiadores divulgavam erroneamente que se tratava das “tarifas mais baixas do mundo”, ignorando que seu forte alinhamento ideológico com Trump não trouxe vantagens comerciais. Das novas tarifas foram poupados apenas o México, graças ao acordo de livre comércio que mantém com EUA, e o Canadá, que ainda assim enfrenta taxas de 25% sobre aço e alumínio impostas anteriormente.

Líderes globais reagiram classificando as tarifas como uma ameaça à economia mundial. Emmanuel Macron alertou para um impacto devastador na Europa, enquanto Japão, Coreia do Sul e Taiwan criticaram duramente a medida. O primeiro-ministro australiano Anthony Albanese a definiu como um “ato hostil contra um aliado”, e a China prometeu retaliações, que podem incluir tarifas recíprocas e restrições na exportação de terras raras. Os mercados financeiros já sofrem as consequências, com quedas nas bolsas internacionais e instabilidade cambial. Dentro dos EUA cresce a oposição, inclusive entre republicanos preocupados com o risco de recessão, enquanto Trump insiste que sua estratégia fortalecerá o país (LibérationClarínLa DiariaThe GuardianLa Política Online).

VIOLÊNCIA POLICIAL

O STF retomou o julgamento sobre a violência policial nas favelas do Rio de Janeiro, em uma sessão marcada pela busca de consenso entre seus 11 ministros. O presidente Luís Roberto Barroso destacou a importância do tema, classificando-o como prioritário na agenda de segurança pública brasileira. A ação, proposta em 2019 pelo PSB e organizações de direitos humanos, questiona as graves violações de direitos fundamentais cometidas por forças de segurança.

Só em 2024, o Brasil registrou 6.121 mortes causadas por intervenções policiais, uma média de 17 óbitos diários. No Rio de Janeiro, especificamente, foram 699 mortes no ano anterior, o que representa duas vítimas por dia. O ministro Edson Fachin, relator do caso, ressaltou a busca por uma solução conjunta e histórica, visando equilibrar diferentes perspectivas sobre o complexo problema da segurança pública (Prensa Latina).

LUTA PELA TERRA

Desde 25 de março, lideranças e membros do povo Munduruku mantêm um bloqueio na rodovia Transamazônica, em Itaituba (PA), protestando contra a Lei 14.701, que estabelece a tese do Marco Temporal. Aprovada em 2023 e mantida após veto do presidente Lula, a lei restringe os direitos de demarcação de terras indígenas, exigindo que os povos originários comprovem ocupação anterior à Constituição de 1988.

O STF suspendeu temporariamente os processos relacionados à lei, enquanto o ministro Gilmar Mendes instalou uma mesa de conciliação, rejeitada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Os Munduruku bloqueiam um ponto estratégico para o escoamento de soja, denunciando ataques de caminhoneiros e a tentativa de incluir mineração em terras indígenas. Eles afirmam que sua luta transcende a questão territorial, representando a defesa da floresta e de seu modo de vida (Kaos en la red via Avispa Midia).

(AINDA) LIVRE

O ministro Alexandre de Moraes negou o pedido de prisão preventiva contra Jair Bolsonaro, apresentado pela vereadora Liana Cirne (PT-PE). A decisão seguiu o parecer da PGR, que considerou a solicitação improcedente por falta de legitimidade e elementos probatórios mínimos. O pedido estava relacionado aos atos de março que convocavam anistia para pessoas condenadas pelos eventos golpistas de 8 de janeiro de 2023 (Prensa Latina).

*Imagem em destaque: Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado da primeira-dama, Janja Lula da Silva e de seus ministros, participa do evento Brasil dando a Volta por Cima (Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

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