Lula em resposta aos golpistas de 2023: ‘Ainda estamos aqui’

Lula em resposta aos golpistas de 2023: ‘Ainda estamos aqui’

Parte da mídia internacional noticiou nesta quarta-feira as cerimônias preparadas pelo governo Lula, partidos e entidades da sociedade civil para lembrar os dois anos da tentativa de golpe de bolsonaristas contra a democracia.

“Brasil marca o segundo aniversário da tentativa de golpe de direita enquanto os problemas legais de Bolsonaro se aprofundam”, noticia o britânico Independent. Autoridades brasileiras se reuniram em Brasília nesta quarta-feira para marcar o segundo aniversário de uma suposta tentativa de golpe por apoiadores do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro. O presidente Lula se juntou ao vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin, para uma cerimônia no Palácio do Planalto, um dos edifícios que os apoiadores de Bolsonaro destruíram em 2023 em uma tentativa de desencadear uma intervenção militar que destituiria o líder de esquerda do cargo.

As obras de arte que foram destruídas foram restauradas, em parceria com as autoridades suíças, e estão sendo reintroduzidas ao público, informou a presidência do Brasil. Lula havia convidado o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, mas nenhum deles participou da cerimônia. O aniversário ocorre em meio a vários processos judiciais contra Bolsonaro, que perdeu sua candidatura à reeleição em 2022 para Lula, depois questionou a legitimidade dos resultados e se recusou a conceder. A Polícia Federal acusou formalmente Bolsonaro e outras 36 pessoas, incluindo oficiais militares de alto escalão, de tentativa de golpe. A acusação é confidencial, mas as autoridades estavam investigando se ele havia incitado a revolta de 8 de janeiro. (Independent, com texto da Associated Press)

Nesta quarta-feira, o Brasil comemorou a vitória sobre a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, quando uma multidão pró-Bolsonaro invadiu a sede dos três poderes do governo. Eles exigiram a derrubada do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, que dias antes havia iniciado um novo mandato. “Hoje é um dia para dizer em alto e bom som: ainda estamos aqui. Para dizer que estamos vivos e que a democracia está viva, ao contrário do que planejavam os golpistas de 2022 e de 2023. Estamos aqui para dizer: ditadura nunca mais, democracia sempre”, disse Lula em evento no Palácio do Planalto. Ele estava se referindo não apenas ao golpe de 2023, mas aos planos de 2022 para impedi-lo de assumir a presidência e até mesmo para assassiná-lo.

A Polícia Federal autuou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 39 pessoas, entre ex-ministros e militares de alta patente, por um plano de permanência no poder em que cogitaram a possibilidade de assassinar Lula, o atual vice-presidente, Geraldo Alckmin, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Lula disse que os três foram salvos desses planos para matá-los elaborados por “um grupo de irresponsáveis, um grupo de loucos, que achava que não era necessário deixar a presidência depois das eleições e que seria fácil tomar o poder”.

Ato pela democracia nos eventos desta quarta-feira para lembrar a tentativa de golpe em 2023 / Ricardo Stuckert

“Muitos de nós estaríamos no exílio ou na prisão, como aconteceu no passado”, se tivesse havido um golpe de Estado em 2022 ou 2023, disse Lula, referindo-se aos responsáveis pelo que aconteceu em 8 de janeiro de 2023, ele disse: “Todos eles vão pagar pelos crimes que cometeram. Todos eles. E todos terão amplo direito à defesa e à presunção de inocência”. (La Diaria)

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Brasil relembra ataque aos poderes do Estado com Jair Bolsonaro perto do banco dos réus (Clarín)

Lula defende a democracia dois anos após a tentativa de golpe no Brasil (Prensa Latina /Nodal)

O site Nodal traz o histórico da tentativa de golpe em Brasília, em tradução do site Brasil de Fato.

Íntegra do discurso de Lula aqui

BOLSONARO / PASSAPORTE

O presidente eleito Donald Trump convidou Jair Bolsonaro para sua próxima posse, mas o ex-presidente brasileiro talvez não possa comparecer – ele entregou seu passaporte às autoridades enquanto estava sendo investigado por supostamente ajudar a planejar e participar de uma tentativa de golpe em 2023, em um esforço para permanecer no cargo. “Meu advogado, Dr. Paulo Bueno, já encaminhou um pedido ao ministro Alexandre de Moraes para que eu tenha meu passaporte devolvido para que eu possa comparecer a esse honroso e importante evento histórico”, escreveu Bolsonaro no X nesta quarta-feira, o aniversário de dois anos da tentativa de golpe de 8 de janeiro.  

Em um vídeo anexado à postagem de Bolsonaro no X, seu filho faz as mesmas comparações. “Donald Trump certamente se identifica com Jair Bolsonaro nesse sentido, porque ele foi vítima disso nos Estados Unidos”, disse Eduardo Bolsonaro, comparando o ataque em 6 de janeiro nos EUA  ao 8 de janeiro em Brasília (Politico)

POLÍTICA EXTERNA

O Le Monde Diplomatique traz análise sobre quais serão os desafios da política externa brasileira em 2025 e diz que o Brasil deve se atentar a três relações políticas: com os Estados Unidos, a Venezuela e a Argentina, devido aos acontecimentos de 2024.

CHINESES IRREGULARES

A fabricante de veículos elétricos BYD trouxe centenas de trabalhadores chineses com vistos irregulares para construir uma fábrica no Brasil, segundo disse um inspetor do trabalho à Reuters, acrescentando que a empresa se comprometeu a cumprir as leis trabalhistas locais para os trabalhadores que permanecem no país. Um total de 163 desses trabalhadores, contratados pela Jinjiang, empresa contratada pela BYD, foram encontrados no mês passado trabalhando no que as autoridades brasileiras disseram ser “condições análogas à escravidão”.  Os 163 trabalhadores que foram resgatados pelas autoridades trabalhistas em dezembro estão deixando ou já deixaram o Brasil, disse Liane Durão, que liderou a investigação anunciada no final de dezembro pelas autoridades trabalhistas do estado da Bahia.

“Tudo isso foi irregular”, disse Durão, acrescentando que a BYD seria multada por cada trabalhador encontrado nessa situação, sem entrar em detalhes sobre o valor total a ser pago. Durão é um inspetor do trabalho de uma equipe que monitora a segurança no local de trabalho para o Ministério do Trabalho do Brasil. (Reuters / Daily Maverick)

A China disse nesta quarta-feira que “atribui grande importância à proteção dos direitos e interesses legítimos dos trabalhadores” depois que a montadora chinesa BYD foi acusada pelas autoridades brasileiras de manter 163 trabalhadores em condições análogas à escravidão. (El Diário AR)

Na imagem, ato a favor da democracia no Palácio do Planalto nesta quarta-feira / Lula Marques/ Agência Brasil

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