Lula lança empréstimo consignado para trabalhador do setor privado

O presidente Lula anunciou novas regras nesta quarta-feira para expandir os empréstimos dedutíveis em folha de pagamento para trabalhadores do setor privado (consignado) por meio do aplicativo de carteira de trabalho digital, permitindo que eles tenham acesso a crédito mais barato. Espera-se que aumente os pedidos de empréstimos em meio às subidas agressivas das taxas de juros do Banco Central com o objetivo de esfriar a atividade econômica.
No discurso, Lula disse que a expansão da linha de crédito representaria “uma revolução”, mas não deve ser vista como um incentivo para que as pessoas gastem mais do que podem pagar. No mesmo evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfatizou que os trabalhadores do setor privado atualmente pagam taxas de juros de até 5% ao mês em linhas de crédito sem garantia, acrescentando que esse ônus poderia cair pela metade com o novo programa.
Esse tipo de crédito já existe no Brasil, mas a equipe econômica do governo argumentou que não atingia uma grande parcela de trabalhadores formais, pois dependia de acordos individuais entre empresas e bancos. (Reuters)
TRUMP / TARIFAS
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira que o país não vai retaliar imediatamente as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre as importações de aço e alumínio, buscando, em vez disso, diálogo com o governo norte-americano, mas observou que considerará todas as ações. “Não vamos fazer isso (retaliar), por instrução do presidente Lula”, disse o ministro. Em meio às tensões comerciais com Washington, o presidente do Brasil pediu “muita calma neste momento”.
O aumento das tarifas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre todas as importações de aço e alumínio entrou em vigor na quarta-feira, intensificando uma campanha para reordenar o comércio global em favor dos EUA e atraindo uma rápida retaliação do Canadá e da Europa. Em um comunicado, o governo brasileiro disse que lamenta a medida “injustificável” dos EUA, citando um histórico de cooperação e integração econômica entre os dois países.
O Brasil, uma das maiores fontes de importação de aço dos EUA, disse que seu governo avaliará nas próximas semanas todas as medidas possíveis em reação, inclusive na Organização Mundial do Comércio. (Reuters / Le Parisien).
Para o Washington Post, as autoridades brasileiras estão reagindo com raiva à notícia das tarifas de aço do presidente Donald Trump. Os Estados Unidos são o maior mercado externo do setor siderúrgico brasileiro. Suas exportações atingiram 3,4 milhões de toneladas de placas de aço em 2024, de acordo com o Instituto Aço Brasil. Em discurso em uma fábrica de automóveis no sudeste do Brasil, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não se deixaria intimidar por Trump. “Não importa se Trump continua gritando, porque eu aprendi a não ter medo de cara feia”, disse Lula. “Falem comigo com calma, falem comigo com respeito, porque eu aprendi a respeitar os outros e quero ser respeitado.” (Washington Post)
LULA-GUTERRES
O presidente Lula conversou na segunda-feira por telefone com o secretário-geral da ONU, António Guterres, sobre a Conferência do Clima (COP30) a ser realizada em novembro, soube-se hoje. Fontes oficiais indicaram que, durante a conversa, Lula insistiu na importância de que as novas metas de redução das emissões de gases de efeito estufa estejam alinhadas com o objetivo de manter o aumento da temperatura global em 1,5 grau Celsius. Guterres informou que esteve em contato com mais de 30 países nos últimos dias e que quase todos eles estão trabalhando para apresentar suas novas metas muito em breve. Como parte da Parceria Brasil-ONU para a Ambição Climática, criada em setembro passado, Lula e Guterres concordaram em realizar uma cúpula para avaliar o progresso desse trabalho, incentivar o desenvolvimento de metas ambiciosas e discutir formas de fortalecer o multilateralismo para responder coletivamente ao desafio das mudanças climáticas. (Prensa Latina)
INFLAÇÃO
A inflação no Brasil subiu em fevereiro para 5,06% na comparação anual, meio ponto a mais do que em janeiro, atingindo seu nível mais alto desde setembro de 2023, pressionada pelo aumento dos preços da eletricidade, informou o governo na quarta-feira. O índice nacional de preços ao consumidor subiu no segundo mês do ano para 1,31%, ante 0,16% em janeiro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse salto é o mais alto registrado para um mês de fevereiro desde 2003. O aumento mensal foi influenciado principalmente por um aumento de 16,80% na eletricidade residencial, de acordo com o escritório de estatísticas do governo brasileiro. (Clarín)
SAÚDE
A publicação IOL, do Media Capital, traz uma reportagem sobre o sistema de saúde do Brasil. O Brasil detém o título de maior mercado de saúde da América Latina, destinando 9,47% do seu PIB – aproximadamente US$ 161 bilhões – à saúde. Seu sistema de saúde é definido por uma estrutura dupla que compreende uma vasta rede pública de saúde (SUS) e um setor privado significativo. Com 62% de seus 7.191 hospitais operados pelo setor privado, a composição do sistema de saúde do Brasil oferece um estudo de contrastes, em que interesses públicos e privados convergem para atender às necessidades de saúde do país. O Sistema Único de Saúde (SUS) é a base da saúde pública no Brasil, atendendo a 72% da população. (IOL)
MEIO AMBIENTE
O desmatamento na Amazônia brasileira atingiu seu nível mais baixo em nove anos no mês de fevereiro, com uma redução de 64% em comparação com o mesmo mês em 2024, de acordo com dados oficiais publicados na quarta-feira, 12 de março. Esses números animadores chegam no momento em que o Brasil está pronto para sediar a COP30, a conferência climática da ONU, na cidade amazônica de Belém, em novembro. A maior floresta tropical do planeta desempenha um papel crucial na absorção de gases de efeito estufa. De acordo com dados coletados por satélites do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento afetou 80,95 quilômetros quadrados (km2) na Amazônia brasileira em fevereiro. Esse é o nível mais baixo registrado desde que o sistema de alerta Deter foi introduzido em 2016. Até fevereiro de 2024, 226,51 km2 haviam sido desmatados. (Le Monde)
O desmatamento também caiu 24% no mesmo período no Cerrado, uma savana tropical rica em biodiversidade, mas a área recém-desmatada continua muito alta, com 494 km2. De 10 a 21 de novembro de 2025, a cidade de Belém, no norte do Brasil, sediará a COP 30, uma conferência da ONU sobre mudanças climáticas. Mas o evento, que deve atrair mais de 50.000 pessoas, exigirá uma série de melhorias. É por isso que uma rodovia de quatro pistas está sendo construída para facilitar o tráfego na cidade, conforme relatado pela BBC. O projeto revoltou os ambientalistas: a nova estrada corta a floresta amazônica, exigindo a derrubada de árvores e ameaçando dezenas de milhares de hectares de floresta amazônica protegida. A Amazônia, também conhecida como os “pulmões do planeta”, desempenha um papel essencial na absorção de carbono para o planeta e para a biodiversidade: muitos, portanto, acreditam que esse desmatamento vai contra o próprio objetivo de uma cúpula climática. (Le Parisien)
Na imagem, Haddad, Lula e Luiz Marinho no lançamento do programa de crédito consignado ao trabalhador do setor privado em Brasília / Ricardo Stuckert / PR

Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.