Lula passa bem após novo procedimento médico
O presidente Lula passa bem após ter sido submetido a um procedimento médico para prevenir novos sangramentos na cabeça, na manhã desta quinta-feira (12). “O procedimento foi um sucesso. Conseguimos embolizar a artéria. O presidente está acordado e conversando”, declarou o médico Roberto Kalil Filho, após a intervenção, que durou menos de uma hora.
O boletim médico informou que Lula se encontra estável e tem previsão de alta para o início da próxima semana. O exame neurológico foi considerado normal e, segundo os médicos, a única recomendação é de repouso, para evitar esforços físicos e estresse emocional.
A técnica utilizada, conhecida como “embolização da artéria meníngea média”, não é considerada uma cirurgia, mas sim um procedimento endovascular. Isso não alterará a previsão de alta da UTI, que deve ocorrer ainda nesta quinta-feira. A intervenção faz parte do protocolo pós-operatório.
Lula foi operado na madrugada de terça-feira (10) para drenar um hematoma na cabeça, em razão de um acidente doméstico ocorrido em outubro. Na quarta-feira (11), Kalil já havia informado que o novo procedimento estava sendo discutido pela equipe médica. O médico também destacou que a intervenção é de baixo risco e relativamente simples (Sin Embargo, Prensa Latina, El Tiempo, El Diario AR, La Nación Chile, Ámbito, La Jornada, Clarín, Radio Continental, The Guardian, Independent, AP News, South China Morning Post, The Guardian, Le Parisien).
CONTRAGOLPE
Subiu para 40 o número de investigados pela Polícia Federal (PF) – entre eles Jair Bolsonaro e seus ex-ministros Walter Braga Netto e Augusto Heleno – após a acusação de mais três pessoas por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Os novos investigados são Aparecido Andrade Portela, ex-militar do Exército e suplente da senadora Tereza Cristina; Reginaldo Vieira de Abreu, ex-chefe de gabinete do general da reserva Mario Fernandes na Secretaria Geral da Presidência; e o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo.
Segundo a PF, Portela intermediou o financiamento de atos antidemocráticos em Mato Grosso do Sul e utilizou o termo “churrasco” como código para golpe em mensagens com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Vieira teria ajudado a manipular relatórios das Forças Armadas sobre as eleições e espalhado desinformação sobre o sistema eleitoral. Já Bezerra é acusado de espionagem ilegal contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes; as investigações apontam que a tentativa de golpe envolvia um plano para assassinar Moraes, o presidente Lula e o vice Geraldo Alckmin
O relatório da PF foi enviado ao STF e está sendo analisado pela Procuradoria Geral da República, que pode denunciar os acusados, requisitar novas investigações ou arquivar o caso. Bolsonaro também é acusado de fraude em cartões de vacinação e irregularidades com joias sauditas (Prensa Latina).
“SURPRESA” FINAL DE CAMPOS NETO
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu aumentar os juros em 1 ponto percentual nesta quarta-feira (11), elevando a taxa Selic para 12,25% na última reunião do ano. A decisão foi tomada de forma unânime pelos 9 membros do órgão. Embora a maioria das apostas indicasse um aumento de 0,75 ponto, a medida estava no radar dos especuladores do mercado financeiro. Trata-se do maior ajuste desde fevereiro de 2022, quando a Selic subiu 1,5 ponto.
O anúncio gerou críticas de entidades e políticos. A Confederação Nacional de Indústria (CNI) argumentou que a medida prejudica a recuperação econômica e o emprego, considerando-a “incompreensível” e “injustificada” após a queda da inflação em novembro e o anúncio do pacote de corte de gastos.
Presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann chamou a decisão de “irresponsável, insana e desastrosa” para o país. Em suas redes sociais, ela afirmou que o aumento da Selic não conteria a inflação, que não é causada pela demanda, nem ajudaria na situação fiscal, alertando ainda que a medida aumentaria em R$ 50 bilhões a dívida pública.
“Foi surpresa por um lado. Mas, por outro lado, tinha uma precificação [do mercado financeiro] nesse sentido”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) classificou a decisão como um erro, afirmando que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, termina seu mandato “colecionando prejuízos ao país” e ressaltou que juros mais altos não resolvem o aumento dos preços dos alimentos, que, segundo a entidade, são causados por fatores climáticos, e não pela demanda (CNN Brasil, Ámbito, Agência Brasil).
REGULAMENTAÇÃO DA IA
O Senado aprovou na terça-feira (10), em votação simbólica, o projeto de lei 2.338/2023, que regulamenta a inteligência artificial (IA) no país, o chamado “marco regulatório da IA”, que segue agora para a Câmara dos Deputados, ainda sem data definida para discussão.
A proposta, de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, define regras para o uso de inteligência artificial nos setores público e privado. Entre os pontos centrais, está a proibição do uso de IA para criar ou espalhar materiais de abuso ou exploração sexual de crianças e adolescentes, buscando impedir ‘deepfakes’ pornográficos, além de exigir que desenvolvedores paguem direitos autorais aos artistas pelos conteúdos utilizados.
Aplicações consideradas de “alto risco”, como em infraestrutura crítica (água, energia), veículos autônomos, controle de fronteiras, sistemas biométricos e justiça, terão fiscalização rigorosa antes de serem aprovadas. Empresas que desrespeitarem as normas poderão receber multas de até R$ 50 milhões; a fiscalização ficará sob responsabilidade de um novo órgão regulador.
O relator, senador Eduardo Gomes, afirmou que a proposta “não é de esquerda nem de direita, mas da humanidade”. O governo federal planeja investir US$ 4,1 bilhões até 2028 em um plano nacional de inteligência artificial, incluindo a construção de um supercomputador. As prioridades incluem combater o desmatamento, prevenir desastres e melhorar serviços de saúde (Página/12).
*Imagem em destaque: Ricardo Stuckert/PR
