Lula reage a ameaça de Trump a Moraes: ‘Eles cometem tantas barbaridades, tantas guerras. Eu nunca critiquei”

O presidente Lula questionou no domingo as ameaças do governo de Donald Trump de impor sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. “Que história é essa de que os Estados Unidos querem criticar a Justiça brasileira? Eu nunca critiquei o sistema judiciário deles. Eles cometem tantas barbaridades, tantas guerras, que eu nunca critiquei”, declarou Lula durante a convenção nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), realizada em Brasília.
As declarações do presidente são uma resposta às afirmações do chefe da diplomacia dos EUA, Marco Rubio, que disse na semana passada que há uma “grande possibilidade” de que Washington imponha sanções a Moraes por supostas “violações de direitos humanos”.
Lula denunciou que nos Estados Unidos “eles querem processar o juiz Alexandre de Moraes” porque ele tenta impedir “alguns brasileiros que estão lá fazendo coisas contra o Brasil todos os dias”. Moraes está liderando o processo judicial contra o ex-presidente Bolsonaro, acusado de tentar um golpe para permanecer no poder depois de perder as eleições de 2022 para Lula.
De Washington, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, está liderando uma campanha denunciando uma suposta perseguição política contra seu pai e pedindo o apoio de Trump contra as autoridades judiciais brasileiras. Legisladores republicanos no Congresso dos EUA apoiaram sua iniciativa. (Página 12 / Nodal)
HADDAD SINALIZA SOLUÇÃO AO IOF
O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que quaisquer mudanças no recente aumento do imposto sobre transações financeiras (IOF) estariam vinculadas a correções mais amplas do que ele descreveu como distorções na tributação financeira. No mês passado, o governo aumentou o imposto IOF sobre algumas transações para cumprir suas metas fiscais, mas a medida sofreu reações contrárias e os legisladores sinalizaram que poderiam revogá-la. Haddad sugeriu que essa discussão abriu as portas para reformas mais amplas.
“Se houver algum ajuste, ele fará parte de um esforço mais amplo para corrigir os desequilíbrios existentes nos impostos relacionados a finanças”, disse ele, sem entrar em detalhes. “Além de abordar a questão de 2025, (o objetivo é) realizar uma reforma estrutural para os próximos anos”, acrescentou o ministro.
Haddad disse que uma decisão do governo, alinhada com o Congresso, seria tomada até terça-feira (amanhã), antes da partida do presidente Lula para uma viagem à França na mesma terça-feira.
O governo de Lula tentou, no ano passado, aumentar a alíquota da contribuição social sobre o lucro líquido das empresas (CSLL) para as instituições financeiras. No entanto, a proposta nunca foi votada no Congresso, e o governo acabou deixando de contar com a receita extra de quase 15 bilhões de reais (2,63 bilhões de dólares) que a medida traria este ano.
Perguntado se o governo proporia mudanças nesse imposto novamente, Haddad disse apenas que a medida não foi revogada – simplesmente nunca foi votada. Posteriormente, ele observou que o aumento desse imposto exigiria um período de espera de 90 dias antes de entrar em vigor, tornando-o menos adequado para este ano, que está bem encaminhado. Haddad disse que os chefes do Congresso estavam envolvidos em discussões sobre como calibrar melhor a tributação. “Acredito que podemos oferecer uma perspectiva muito mais sustentável, sem recorrer a medidas paliativas que sabemos que não são estruturais”, disse. (Reuters)
FUNKEIRO PRESO
A prisão de um Cantor de funk brasileiro, acusado de incitar o crime em suas letras e de uma suposta ligação com uma grande facção criminosa, provocou indignação entre artistas, intelectuais e especialistas em direito. O MC Poze do Rodo, 26 anos, que tem 5,8 milhões de ouvintes mensais no Spotify, foi preso na madrugada de quinta-feira em sua casa, em um condomínio de luxo na zona oeste do Rio de Janeiro.
Os protestos se concentraram na forma como o artista foi detido por supostas ofensas não violentas: algemado, sem camisa e descalço. As imagens da prisão foram transmitidas repetidamente pela televisão e estampadas nas primeiras páginas dos jornais brasileiros. “Isso é perseguição [contra mim]”, disse o cantor de funk aos jornalistas enquanto era transferido da delegacia para a cadeia. “Não há provas.” O chefe de polícia, Felipe Curi, chegou a afirmar que as letras de MC Poze eram “frequentemente muito mais prejudiciais do que um tiro de fuzil disparado por um traficante de drogas”. (Guardian)

Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.