Lula saúda o novo papa e pede que mantenha viva a herança de Francisco

Lula saúda o novo papa e pede que mantenha viva a herança de Francisco

HABEMUS?
Em visita à Rússia para as celebrações dos 80 anos da vitória contra o nazismo, o presidente Lula saudou nesta quinta-feira (8) a eleição do papa Leão 14 e pediu que ele mantenha o legado de Francisco, marcado pela defesa da paz, justiça social, meio ambiente e diversidade. Em suas redes sociais, o presidente desejou que o novo pontífice siga promovendo o diálogo entre povos e religiões. 

Nascido em Chicago e conhecido como Robert Prevost, o novo papa afirmou em sua primeira bênção que deseja “construir pontes” e enfrentar os desafios do mundo com união e coragem. Doutor em Direito Canônico, ele domina cinco idiomas e foi nomeado cardeal por Francisco em 2023. Sua eleição gerou reações opostas: enquanto setores progressistas celebraram o primeiro pontífice dos EUA, apoiadores de Trump o acusaram de ser “marxista” e “pró-imigração ilegal”. Embora contrário ao aborto e à ideologia de gênero, Leão 14 tem histórico de defesa dos direitos humanos, críticas à pena de morte, ao uso de armas e às políticas migratórias de Trump.

A indicação, que surpreendeu até seus aliados mais próximos, ocorre num momento de tensão global e revela a disputa por influência dentro do catolicismo. Para conservadores, trata-se de um ataque à base ideológica do movimento MAGA. Para seus apoiadores, Leão 14 representa um compromisso com a justiça social, o acolhimento e a dignidade humana (El Mundo, Prensa Latina).

THE NEW YORKER ENTREVISTA LULA
Em entrevista à revista norte-americana The New Yorker, Lula falou sobre o enfraquecimento das democracias e a perda de força da cooperação entre os países no mundo atual. Ele disse que a ordem internacional criada depois da Segunda Guerra está entrando em colapso e que valores como diversidade, convivência e soberania estão sendo trocados por discursos autoritários. Ao tentar organizar uma reunião com líderes progressistas na ONU, percebeu que são poucos os presidentes com esse perfil e passou a defender a democracia como um sistema baseado em regras, direitos e limites.

Lula também comentou que a desigualdade econômica tem enfraquecido a confiança das pessoas na democracia. Segundo ele, desde os anos 1980, trabalhadores perderam espaço e a renda ficou concentrada nas mãos de poucos. Ele criticou os Estados Unidos e a Europa pela forma como atuam na guerra da Ucrânia, e reforçou que o Brasil não vai vender armas ao governo alemão, pois não quer ver brasileiros, mesmo indiretamente, envolvidos em guerras. Para ele, os países mais poderosos deveriam buscar acordos de paz, não incentivar conflitos.

Lula também defendeu uma cooperação global para enfrentar problemas como a crise climática, a fome e as mudanças causadas pela tecnologia. Disse que o Brasil deve manter boas relações com vários países, inclusive com a China, que ele vê como um parceiro importante em tecnologia e inteligência artificial. Sobre os Estados Unidos, criticou o aumento de tarifas sobre o aço brasileiro, mas disse que vai tentar negociar antes de responder com medidas de retaliação. Por fim, rejeitou a ideia de uma nova guerra fria e avisou que o mundo talvez não aguente os efeitos de uma terceira guerra mundial (The New Yorker).

14,75 E ZERO NOVIDADES
Como esperado, o Banco Central elevou nesta quarta-feira (7) a taxa Selic para 14,75% ao ano, o maior nível desde 2006 e a sexta alta consecutiva. A justificativa foi manter uma política contracionista por mais tempo, mas sem indicar os próximos passos. A medida encarece o crédito, desestimula o consumo e pode frear a recuperação econômica, ampliando os impactos sociais da alta de juros (Reuters)

MORATÓRIA DA SOJA
Produtores de soja do Mato Grosso, organizados pela Aprosoja MT, entraram na Justiça contra 28 empresas que assinaram a Moratória da Soja — entre elas Bunge, Cargill, Cofco e Louis Dreyfus — pedindo indenização por perdas financeiras que dizem ter sofrido por causa do acordo ambiental criado em 2006. A ação representa um novo ataque à principal iniciativa privada de proteção da Amazônia no setor do agronegócio, com a alegação de que o pacto limita ilegalmente a liberdade econômica dos produtores.

O processo foi protocolado um dia depois da decisão do STF que autorizou estados como Mato Grosso e Rondônia a aprovarem leis que retiram benefícios fiscais de empresas que seguem a moratória. A decisão abre caminho para outros estados da Amazônia também se voltarem contra acordos ambientais voluntários (The Brazilian Report).

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SAVE THE DATE
Em sua primeira aparição pública após 17 dias internado, Jair Bolsonaro participou nesta quarta-feira (7) de uma manifestação em Brasília, onde — ao lado de figuras como o pastor Silas Malafaia — discursou exigindo anistia para os condenados pelos atos golpistas, comparando os réus de 8 de janeiro aos indultados por Donald Trump nos EUA. O ato, com cerca de 3 mil pessoas, teve adesão bem menor do que em suas versões anteriores em outras capitais. A tentativa de reativar a base bolsonarista ocorre a poucos dias do início do julgamento do ex-presidente no STF, marcado para 19 de maio

O ex-presidente e outros sete integrantes do seu governo respondem por organização criminosa, tentativa de golpe de Estado, abolição do regime democrático e destruição de patrimônio público. A primeira fase vai até 2 de junho, com 82 testemunhas ouvidas por videoconferência. Entre os depoentes estão Tarcísio de Freitas, Paulo Guedes, Hamilton Mourão e ex-comandantes das Forças Armadas. Se condenados, os réus podem pegar até 43 anos de prisão, em um julgamento considerado central para a responsabilização pela tentativa de intentona golpista de 8 de janeiro (RFI, Página 12, Infobae, Prensa Latina).

AV. COP 30
A poucos meses da COP30, marcada para novembro em Belém, uma nova avenida estadual reacende o debate sobre o descompasso entre discurso e prática ambiental. Com 13 km de extensão, a via atravessa uma das últimas áreas verdes protegidas da capital paraense.

Embora o projeto tenha sido concebido antes da escolha de Belém como sede da conferência, especialistas alertam para o risco de pressão sobre áreas de conservação e ocupações ilegais. A obra, prevista para ser concluída até o evento, tem o apoio do governador Helder Barbalho (MDB), apesar da negativa oficial de vínculo com a COP e da promessa de conter a expansão urbana (The Independent).

CRIANDO INIMIDOS CONVENIENTES
O governo brasileiro recusou um pedido dos EUA para classificar o PCC e o Comando Vermelho como organizações terroristas. A negativa se apoia na legislação brasileira, que limita o uso da categoria “terrorismo” a atos com motivação religiosa ou racial contra o Estado. Os EUA alegam que as facções atuam em 12 estados do seu território, com envolvimento em tráfico de armas e lavagem de dinheiro. A designação como terroristas abriria espaço para sanções e operações mais amplas, dentro de uma estratégia de segurança com raízes no governo Trump (The Guardian).

SEM DIREITOS NEM VOZ
Uma reunião virtual da área de Direitos Humanos do Mercosul terminou em impasse após Brasil e Uruguai abandonarem o encontro em protesto contra a delegação argentina. Foi a primeira vez em 20 anos que não houve consenso sequer para abrir os trabalhos. A responsável, Úrsula Basset, barrou toda a pauta e restringiu a participação do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos de Buenos Aires.

A condução foi criticada por ignorar protocolos de 2020 e excluir a sociedade civil, além de interromper constantemente a delegação uruguaia. Temas como direitos de povos indígenas, afrodescendentes, mulheres e LGBT foram rotulados pelo governo argentino como “agenda ideológica”. O episódio aumenta a tensão diplomática antes da cúpula de julho na capital portenha, quando Lula assumirá a presidência temporária do bloco (La Política Online).

LUCRANDO COM MILEI
O déficit comercial da Argentina com o Brasil chegou a US$ 625 milhões em abril, o maior desde 2023 e o nono mês seguido de alta. O salto foi impulsionado pela liberação das importações promovida pelo governo Milei, o que tem gerado críticas de setores produtivos argentinos, que se dizem em desvantagem. Dados brasileiros apontam avanço de 45,2% nas exportações, com destaque para o setor automotivo, responsável por 76% do crescimento. Já as exportações argentinas para o Brasil caíram 20%, com quedas em petróleo, petroquímicos, trigo e veículos. No acumulado de 2025, o déficit já soma US$ 1,89 bilhão, frente ao superávit de US$ 35 milhões no mesmo período de 2024. A consultoria Abeceb prevê que o desequilíbrio pode chegar a US$ 6 bilhões até o fim do ano (Prensa Latina).

*Imagem em destaque: Narcin Mazur/cbcew.org.uk

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