Lula sob monitoramento dos EUA por mais de 50 anos e números da violência no Brasil são destaques da mídia global

Lula sob monitoramento dos EUA por mais de 50 anos e números da violência no Brasil são destaques da mídia global

UM A CADA SEIS MINUTOS

Em 2023, o Brasil registrou um aumento alarmante nos casos de violação sexual, com um total de 83.988 ocorrências, o equivalente a um caso a cada seis minutos. Os números, que representam um crescimento de 6,5% em relação ao ano anterior, foram divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública por meio do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O estudo mostrou que a maioria das vítimas são crianças de até 14 anos e pessoas consideradas vulneráveis, representando 76% dos casos. Entre as vítimas, 88,2% são mulheres e 52,2% são negras.

O relatório destacou que, apesar da queda na criminalidade violenta em geral, a violência contra as mulheres no Brasil continua a ser um grave problema, tornando o país um dos mais perigosos para esse grupo. Em 2023, os casos de violência doméstica aumentaram 9,8%, o stalking cresceu 34,2%, a importunação sexual subiu 48,7% e a violência psicológica teve um acréscimo de 33,8%. Foram registrados 1.467 feminicídios, um aumento de 0,8%, e em mais de 80% dos casos, o agressor era o atual ou ex-companheiro da vítima. Mais de 60% das vítimas de feminicídio eram negras.

A diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Samira Bueno alertou sobre a subnotificação dos feminicídios, explicando que alguns estados não classificam adequadamente esses crimes, e apontou que o aumento dos diversos tipos de violência contra as mulheres está interligado, uma vez que as vítimas que sofrem agressões físicas, ameaças, violência psicológica e stalking tendem a buscar mais a Justiça e a polícia, o que infelizmente pode resultar em mais feminicídios.

A socióloga Isabella Matosinhos, que contribuiu para o relatório, destacou que a violência contra a mulher foi normalizada na sociedade brasileira, ocorrendo tanto no ambiente doméstico quanto em outros espaços, e defendeu a necessidade de políticas preventivas para combater essa violência.

Nesta quarta-feira (17), véspera da divulgação dos dados, o presidente Lula proferiu uma piada infeliz ao comentar um estudo sobre o aumento das queixas de violência doméstica em dias de jogos de futebol, e foi duramente criticado pela imprensa, por sua aparente insensibilidade ao problema.

Paralelamente, o Brasil observou uma queda na criminalidade violenta geral, com 46.328 homicídios registrados em 2023, o menor número desde 2011. Entretanto, as regiões mais violentas do país, como o Norte e o Nordeste, continuam a sofrer com a intensa atividade de grupos criminosos. Além disso, mais de seis mil homicídios foram cometidos por policiais, mantendo o Brasil como um dos países onde a polícia mais mata no mundo. As cidades mais violentas foram Santana, no Amapá, Camaçari e Jequié, ambas na Bahia (Correio da Manhã, Público)

UM A CADA 33 SEGUNDOS

O 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública também revelou que a cada 33 segundos um telefone celular é furtado ou roubado no Brasil. Em 2023, foram registrados 937.294 casos de furto ou roubo de celulares, o que representa aproximadamente 107 ocorrências por hora. Os aparelhos, muito valorizados e facilmente vendidos, se tornaram o principal alvo dos criminosos, especialmente nas grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Salvador.

Em São Paulo, grupos especializadas em roubo de celulares – como as gangues da bicicleta – operam principalmente no centro antigo e na Avenida Paulista. Além disso, motoristas são frequentemente vítimas quando são assaltados enquanto aguardam em semáforos fechados.

A Rua Guaianazes, no centro capital paulista, é famosa por ser um ponto de venda para celulares roubados. Muitos desses aparelhos são revendidos em outros países, principalmente no continente africano, por preços muito altos.

Por conta da alta taxa de roubos e da dificuldade de recuperação dos aparelhos, algumas pessoas passaram a carregar um “celular do ladrão”, um dispositivo mais barato que é entregue ao criminoso durante o assalto (Correio da Manhã).

POR MAIS DE CINCO DÉCADAS

Órgãos do governo dos EUA monitoraram Lula por mais de 50 anos, conforme revelou nesta quinta-feira (18) o jornalista Fernando Morais, biógrafo do presidente brasileiro. As informações, obtidas através de pedidos protocolados em 2019, cobrem o período de 1966 a 2019 e resultaram em 819 documentos com 3.300 páginas.

A maior parte dos documentos foi elaborada pela Agência Central de Inteligência (CIA), que produziu 613 relatórios, somando duas mil páginas. Os documentos detalham a relação de Lula com a ex-presidente Dilma Rousseff, com autoridades do Oriente Médio e da China, além de planos militares brasileiros e a produção da Petrobras.

Os registros cobrem desde a ascensão de Lula no movimento sindical, durante a ditadura militar, até pouco após sua prisão, em 2018. Apesar do vasto acervo, Morais ainda não teve acesso a todos os documentos, e não há informações coletadas durante o terceiro mandato de Lula, iniciado em 2023.

Morais contou com a ajuda do escritório de advocacia Pogust Goodhead para solicitar as informações a todas as agências dos Estados Unidos, através da Lei de Acesso à Informação (Freedom of Information Act – FOIA). Segundo o escritor, Lula ainda estava preso quando ele obteve autorização para coletar, em nome de Lula, todos os registros existentes nas agências.

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Até agora, foram identificados 613 documentos da CIA, 111 do Departamento de Estado, 49 da Agência de Inteligência de Defesa, 27 do Departamento de Defesa, oito do Exército Sul dos Estados Unidos e um do Comando Cibernético do Exército. Ainda são esperadas respostas do FBI, da NSA e da FinCEN. A expectativa é que os novos dados enriqueçam a segunda parte da biografia de Lula, atualmente em produção (Prensa Latina).

QUASE 25 MIL PROFISSIONAIS

O Programa Mais Médicos, que visa reduzir desigualdades em saúde e oferecer atendimento em áreas vulneráveis e de extrema pobreza, conta hoje com 24.894 profissionais. Desde o início do terceiro mandato de Lula, em janeiro de 2023, o número de médicos aumentou em 93,83%, passando de 12.843 para 24.894, conforme relatado pela Agência Brasil.

Além de quase dobrar a quantidade de profissionais, o governo federal também implementou melhorias no programa. No início de julho, o Ministério da Saúde lançou um novo edital para contratar 3,1 mil clínicos e especialistas, com vagas inéditas destinadas a pessoas com deficiência e grupos étnico-raciais, como negros, quilombolas e indígenas.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou a importância do programa, ressaltando que, pela primeira vez, o edital segue a política de cotas prioritária do governo federal, reforçando a visão de inclusão. O Mais Médicos integra ações para fortalecer a Atenção Primária de Saúde, que é a porta de entrada preferencial do Sistema Único de Saúde (SUS) e resolve 80% dos problemas de saúde. Instituído em 2013 durante o governo Dilma Rousseff, o programa busca enfrentar as desigualdades regionais, especialmente em pequenas cidades do interior (Prensa Latina).

5 MILHÕES DE KM2

Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, o ex-ministro e autor do livro “Amazônia: a maldição das Tordesilhas”, Aldo Rebelo, destacou as principais ameaças à Floresta Amazônica e a interferência externa que os países amazônicos enfrentam. Rebelo alertou que, se a Amazônia for declarada um bem comum, a biodiversidade poderá ser explorada por laboratórios norte-americanos e europeus.

A maior floresta tropical do mundo abrange seis países da América do Sul: Brasil, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia e Venezuela. A maior parte está no Brasil, onde ocupa 59% do território nacional, distribuída por 775 municípios e com uma extensão de 5 milhões de quilômetros quadrados.

Rebelo ressaltou que a importância ecológica e estratégica da Amazônia atrai interesse de líderes estrangeiros, como o presidente francês Emmanuel Macron, que declarou recentemente que a floresta pertence a todos. Segundo o ex-ministro, “não há nada com a relevância geopolítica da Amazônia nem no Brasil nem no mundo”, devido à sua importância para a segurança alimentar e energética global. Ele também apontou que a Amazônia possui a maior fronteira agropecuária do mundo, com recursos essenciais para a segurança alimentar e minerais cruciais para a transição energética e o desenvolvimento de energias alternativas (Pátria Latina).

59 REAIS, ZERO PÓS/MESTRADO/DOUTORADO

A contracapa do livro “Viva a liberdade, carajo!”, atribui falsamente ao presidente argentino Javier Milei títulos acadêmicos da Universidade de Buenos Aires (UBA). Publicado pela editora brasileira Almedina, o volume afirma que Milei é graduado, mestre e doutor pela UBA, quando na verdade ele é licenciado em Economia pela Universidade de Belgrano e não completou uma pós-graduação na Universidade Torcuato Di Tella.

A informação foi publicada pelo sociólogo Pablo Alabarces em sua conta no X (antigo Twitter), que ressaltou que Milei nunca estudou na UBA. “Viva a liberdade, carajo!” foi lançado na Itália em 2023, e a edição em português inclui notas adicionais do professor brasileiro Tiago Pavinatto para contextualizar os temas argentinos.

O livro, que custa 59 reais, contém um prefácio do economista Gustavo Segré e apresenta Milei como uma figura política provocadora e influente, cujas “lições anarcolibertárias” chegam ao Brasil em um momento de tensão com o presidente Lula (La Nación).

DIA 28

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou, nesta quarta-feira (17), o envio de observadores eleitorais, Sandra Damiani e José de Melo Cruz, para acompanhar as eleições presidenciais da Venezuela em 28 de julho, a pedido do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, com o objetivo verificar a eficiência e rapidez da votação. O TSE destacou que a prática de enviar observadores a eleições em outros países é comum e que o Brasil também recebe delegações estrangeiras em seus processos eleitorais. Além disso, o comandante estratégico operacional das Forças Armadas venezuelanas (FANB) Domingo Hernández Lárez informou que a instituição militar apoia a segurança do material eleitoral para as eleições presidenciais no país, e ressaltou que a FANB continua sua preparação para garantir a proteção do processo eleitoral, recebendo capacitação em temas de resguardo de zonas de segurança e vias de acesso para assegurar eleições transparentes, seguras e participativas (Venezuela News).

*Imagem em destaque: Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil

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