Lula sobre Trump: Torço para que ele faça uma gestão profícua e que os EUA continuem parceiros históricos do Brasil

Lula sobre Trump: Torço para que ele faça uma gestão profícua e que os EUA continuem parceiros históricos do Brasil

O presidente Lula fez comentários sobre a posse do presidente Donald Trump nesta segunda-feira e suas declarações foram noticiadas por parte da mídia internacional em meio ao extenso noticiário sobre o retorno do republicano à Casa Branca. Lula expressou sua esperança de que os Estados Unidos manterão seu papel de “parceiro histórico” do Brasil durante a administração Trump, apesar das diferenças ideológicas e da ligação entre Trump e Jair Bolsonaro, rival político de Lula, disse o La Nación. Lula não foi à posse, o Brasil foi representado pela embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti.

“Tem gente que fala que a eleição do Trump pode causar problema na democracia mundial. O Trump foi eleito para governar os EUA e eu, como presidente do Brasil, torço para que ele faça uma gestão profícua para que o povo americano melhore e para que os americanos continuem a ser parceiro histórico do Brasil. Porque da nossa parte não queremos briga, nem com a Venezuela, nem com os americanos, nem com a China nem com Índia, nem coma Rússia. Queremos paz. Onde a diplomacia seja a coisa mais importante “, disse Lula em discurso durante reunião ministerial. (La Nación)

Com informações da agência espanhola EFE, o site El Diario Ar e o jornal El Tiempo também trazem texto sobre as declarações de Lula em torno da posse de Trump: Lula diz que não quer “disputas” com Trump e que os EUA continuem parceiros do Brasil. Declarou que “tem gente” que diz que a eleição de Trump pode causar “problemas” para a democracia no mundo, mas que espera que o presidente faça um “bom trabalho” para que o povo americano “melhore”. (El Diario AR / El Tiempo / Prensa Latina)

A Reuters publicou em um único texto a reação de inúmeros governantes sobre a posse de Trump, entre elas de Lula, divulgada no X do presidente: “Em nome do governo brasileiro, parabenizo o presidente Donald Trump por sua posse. As relações entre o Brasil e os EUA são marcadas por uma história de cooperação, baseada no respeito mútuo e em uma amizade histórica. Nossos países têm fortes laços em diversas áreas, como comércio, ciência, educação e cultura. Tenho certeza de que podemos continuar a progredir nessas e em outras parcerias.”

LULA NA MIRA DE MARC RUBIO

O site de debates Jacobin traz extensa e caprichada reportagem com o título “A política externa de Trump tem o objetivo de fazer frente à China”. Diz o texto: As ameaças de Donald Trump de assumir o controle do Canal do Panamá, converter o Canadá no quinquagésimo primeiro estado e comprar a Groenlândia podem não ser tão absurdas quanto parecem à primeira vista. As propostas, embora inatingíveis, estabelecem as bases para uma estratégia mais “racional” de visar a China (não tanto a Rússia) e destacar adversários reais (em oposição ao Canadá e ao Panamá), que incluem Cuba e Venezuela, com a Bolívia não muito atrás. A estratégia é o que James Carafano, da Heritage Foundation, chama de “rejuvenescimento da Doutrina Monroe” – que, afinal de contas, em sua época abrangia o Canadá e a Groenlândia, além da América Latina. Sobre a América Latina especificamente diz: A nova direita que surgiu no século XXI, com Trump como sua figura mais visível, está mais empenhada em combater esquerdistas como Nicolás Maduro do que os conservadores dos anos anteriores, após o fim da Guerra Fria. E a América Latina é a única região do mundo em que os governos de esquerda são abundantes na forma da chamada Maré Rosa (incluindo os governos de Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, Gustavo Petro na Colômbia e Claudia Sheinbaum no México). Essas nações estão na mira de Trump e de seus aliados próximos. A nova direita do marcatismo tem visado mais fortemente os líderes latino-americanos mais à esquerda, como os de Cuba, mas não está deixando os moderados, como Lula, de fora. Marc Rubio, o novo secretário de Estado, chama Lula de “líder de extrema esquerda” do Brasil, enquanto Musk expressou a certeza de que ele não será reeleito em 2026. Alguns analistas levantaram a possibilidade de Trump aplicar tarifas e sanções ao governo de Lula para apoiar o retorno ao poder de Jair Bolsonaro e da extrema direita brasileira.

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TRUMP / COMÉRCIO COM AL

O site Politico traz o título “Escalar para desescalar: Como o mundo lidará com a ofensiva comercial de Trump”. Em parte do texto afirma que a América do Sul não tem a profundidade da cooperação comercial que – ainda – existe entre os EUA, o Canadá e o México em sua área comum de livre comércio, ou na União Europeia. E, enquanto o presidente populista de direita da Argentina, Javier Milei, foi o primeiro líder estrangeiro a homenagear Trump em Mar-a-Lago em sua vitória eleitoral, o Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva travou batalhas legais com Elon Musk, comparsa de Trump, e sua plataforma de mídia social X. Ambos são membros do bloco comercial do Mercosul, que inclui o Paraguai e o Uruguai, e que finalmente fechou um acordo comercial com a União Europeia em dezembro, após 25 anos de tentativas. Com relação ao comércio mais livre com a UE: “A verdadeira preocupação é que isso possa promover uma relação muito mais forte entre a UE e o Brasil do que entre a UE e o Mercosul como um todo”, diz o economista argentino Riccardo Carciofi, alertando que isso poderia se traduzir em mais discrepâncias nacionais no poder de barganha em relação a outros parceiros comerciais. 

MINISTÉRIO LULA

Lula está avaliando mudança para o centro em seus últimos dois anos no cargo. O presidente adiou uma grande reformulação do gabinete que deveria ocorrer no início de fevereiro, mas está começando a dar algumas pistas. Entre as mudanças no horizonte está a possibilidade de Arthur Lira, o poderoso presidente da Câmara dos Deputados, que há quatro anos administra o tempo dos debates no Congresso e foi fundamental para a governabilidade de Jair Bolsonaro entre 2021 e 2023 e nos dois primeiros anos de Lula. Lira é do Partido Progressista, um partido de direita que tem uma forte representação na Câmara dos Deputados e não faz parte da base de apoio do governo. Fontes próximas às negociações confirmam que a chegada está prevista para fevereiro, após a eleição para a presidência da Câmara, que tem a vitória garantida de Hugo Motta, deputado do Partido Republicano, mas conta com o apoio de Lira e de dois partidos que fazem parte da aliança de Lula, o MDB (que tem três ministérios) e o PSD com dois. (La Politica Online)

LIÇÕES DO PIX

O site Centro Latino-Americano de Análise Estratégica traz artigo de Jeferson Miola intitulado “Lições para om governo Lula sobre a crise do Pix”. “Analisar o que aconteceu e rever os erros cometidos é condição essencial para que o governo repare os danos sofridos e construa um quadro de referência para seu funcionamento nesse contexto de florescimento de uma extrema direita mentirosa e criminosa, fortalecida por bilionários fascistas e/ou sem compromisso com a democracia, donos das grandes plataformas tecnológicas”, diz o texto.

CUBA

A Brigada de Solidariedade Sul-Americana comemora seu 30º aniversário. Oitenta e cinco membros da Brigada de Solidariedade Sul-Americana da Argentina, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai comemorarão o 30º aniversário do contingente com um programa especial em Cuba que inclui sua participação na Marcha das Tochas e na VI Conferência Internacional pelo Equilíbrio Mundial. O Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP) informou que os ativistas serão recebidos em Havana na terça-feira, dia 21, antes de se engajarem em dias de trabalho voluntário, realizarem uma reunião contra o bloqueio dos EUA, entregarem doações para um hospital local e visitarem o Centro Fidel Castro e várias províncias, enquanto aprendem com o povo cubano sobre a situação do país e sua resistência ao assédio imperialista. (Cubanews)

Na imagem, o presidente Lula discursa em reunião ministerial desta segunda-feira na Granja do Torto / Ricardo Stuckert / PR

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