Marina: retorno de Trump à Casa Branca gera impacto triplamente negativo para a sustentabilidade global

UM ALERTA SOBRE TRUMP
O Brasil alertou que o retorno de Donald Trump à Casa Branca pode gerar um efeito triplamente negativo sobre as ações para conter o aquecimento global. A preocupação foi expressa nesta quinta-feira (6) pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que ressaltou os riscos de retrocessos antes da COP30, que será realizada no Brasil em novembro. Segundo Marina, esse cenário geopolítico turbulento pode comprometer a cooperação internacional, reduzir investimentos e minar a confiança entre países. “Quanto menos ação vemos, menos dinheiro vemos, resultando em menos cooperação entre os países”, afirmou a ministra em Nova Délhi (Reuters).
COP30
A Reuters reporta, ainda, que o Brasil usará sua presidência na COP30 para defender o multilateralismo e o respeito à ciência. “O Brasil tem a firme convicção de que não há progresso futuro para a humanidade sem uma cooperação profunda, rápida e sustentada entre todos os países“, declarou André Aranha Corrêa do Lago nesta quarta-feira (5) à Assembleia Geral da ONU em Nova York, em seu primeiro discurso formal como novo líder da COP30. Sem mencionar diretamente as políticas climáticas de Trump, Corrêa do Lago destacou que as instituições multilaterais precisam entregar resultados proporcionais à escala do desafio climático. Na semana passada, o presidente da COP30 afirmou que, à medida que os EUA se afastam da liderança climática, a China teria um papel importante a desempenhar.
BRICS X TRUMP
O ministro das Relações Exteriores da Índia, S. Jaishankar, afirmou em Londres que não há um consenso entre os membros do BRICS sobre a desdolarização, destacando que a ideia de que o grupo atua contra o dólar “não é baseada em fatos” e que a Índia “não tem interesse em enfraquecer a moeda norte-americana”. De acordo com a agência RT, Jaishankar enfatizou que os países do BRICS possuem posições diversas sobre o papel do dólar no comércio internacional e rejeitou a noção de uma posição unificada contra a moeda dos EUA. As declarações ocorrem semanas após Donald Trump afirmar que o BRICS tenta “destruir o dólar” e ameaçar tarifas de 150% sobre produtos de países do grupo.
CHINA X TRUMP
E a China endureceu sua postura contra o republicano, afirmando estar totalmente preparada para uma guerra comercial em larga escala. A resposta de Pequim ocorre em meio à escalada de tensões com os EUA, impulsionada pelo aumento de tarifas. Analistas alertam que um conflito comercial pode afetar a economia global, elevando preços de bens de consumo e desacelerando o crescimento, reporta o Diario Correo. Trump dobrou os impostos sobre produtos chineses para 20%, levando Pequim a impor tarifas de até 15% sobre exportações agrícolas dos EUA e restringir empresas americanas. Agora, o gigante asiático reafirmou que não cederá à pressão e defenderá seus interesses a qualquer custo.
TRUMP X TRUMP
Trump, aliás, recuou temporariamente na guerra comercial com Canadá e México, adiando taxações sobre diversos produtos até abril, dois dias após impor tarifas abrangentes a seus principais parceiros comerciais. O The Guardian recorda que o presidente já havia concedido um alívio de um mês às montadoras, que alertaram sobre impactos generalizados. Após conversar com a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, nesta quinta-feira (6), Trump garantiu que “o México não pagará tarifas” para produtos dentro do acordo USMCA. Mais tarde, ele assinou uma emenda estendendo o mesmo benefício ao Canadá até 2 de abril, apesar de criticar o primeiro-ministro Justin Trudeau.
REGULAÇÃO DAS REDES, POR CAUSA DE TRUMP
O presidente Lula se reuniu na semana passada com líderes do Chile, Colômbia, Uruguai e Espanha para discutir estratégias contra a desinformação nas redes sociais. A iniciativa integra os esforços brasileiros pela regulamentação das plataformas digitais, demanda também defendida pela União Europeia, mas que perdeu força devido à crise econômica do continente. O tema volta a ganhar relevância após a eleição presidencial nos EUA, quando Donald Trump recebeu forte apoio dos proprietários das big techs, principalmente Elon Musk. Os recentes ataques de Musk contra o ministro Alexandre de Moraes ilustram o embate entre essas empresas e a soberania nacional. O Sputnik BR ouviu especialistas que defendem redes sociais próprias como essencial para reduzir a dependência digital brasileira. O cientista político Mateus Mendes alerta que o discurso de “liberdade irrestrita” das plataformas esconde interesses financeiros, enquanto o jurista Hugo Albuquerque sugere que o Brasil siga os modelos da Rússia e da China, que desenvolveram plataformas nacionais
NÃO A BOLSONARO
O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, manifestou-se contrariamente ao pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro para ampliar o prazo de apresentação de sua defesa na denúncia por tentativa de golpe de Estado, que se encerra nesta quinta-feira (6), reporta o Nodal. Gonet argumentou que “não existe previsão legal para prorrogação de prazo que vise a apresentação de resposta preliminar”. Na semana anterior, a defesa de Bolsonaro havia recorrido da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que negou a extensão para 83 dias, período equivalente ao que o Ministério Público teve para formular a acusação. A Procuradoria-Geral denunciou formalmente Bolsonaro e outros 33 indivíduos por organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
COOPERAÇÃO ANGOLA-BRASIL
Mais de 300 médicos angolanos embarcaram nesta quinta-feira (6) com destino a Brasil, Portugal e Cuba, onde participarão de um estágio internacional de seis meses como parte do Programa Emergencial de Formação de Quadros do Ministério da Saúde. A iniciativa busca aprimorar a qualificação dos profissionais em Medicina Geral e Familiar, área essencial para o fortalecimento dos cuidados primários de saúde no país. Segundo o jornal O Guardião, o programa ocorre em meio a desafios epidemiológicos, como o recente surto de cólera, que exige uma resposta multissetorial do Governo angolano.
OSCAR BRASILEIRO
O presidente Lula telefonou para Walter Salles, na noite de terça-feira (4), para parabenizá-lo pelo Oscar de Melhor Filme Internacional. Ainda Estou Aqui fez história ao se tornar o primeiro longa brasileiro a vencer a categoria. Durante a chamada, Lula afirmou que a obra de Salles ajudou a “lavar a alma do povo e do cinema brasileiro”, ressaltando que o filme rompeu padrões de Hollywood e resgatou a memória da ditadura militar. Emocionado, Salles agradeceu o reconhecimento e destacou a força das atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. De acordo com o Página 12, o filme se tornou símbolo de resistência, memória e direitos humanos.
E o La Nación ressalta que, além do reconhecimento comercial e crítico, Ainda Estou Aqui tornou-se um catalisador político no Brasil ao expor a impunidade dos acusados do assassinato do deputado Rubens Paiva, protegidos pela lei da anistia. Neste mês, o STF decidiu, por unanimidade, revisar a revogação da anistia de militares envolvidos na morte de Paiva e outras duas pessoas. A decisão ocorre após um juiz recomendar, em dezembro, a retirada da anistia em outro caso da ditadura, citando explicitamente o filme em seu parecer.
*Imagem em destaque: Brasília (DF), 28/04/2023 – O Cacique Raoni Metuktire e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante o encerramento do Acampamento Terra Livre. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
