Marina Silva deixa audiência após ser alvo de misoginia no Senado

MARINA HOSTILIZADA
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, deixou uma sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado nesta terça-feira (27) após ser alvo de ataques verbais e declarações misóginas por parte de senadores. Convidada para debater a criação de uma unidade de conservação marinha na Margem Equatorial, a ministra enfrentou uma condução tensa desde o início da audiência.
Ao tentar responder críticas do senador Omar Aziz (PSD-AM) sobre o licenciamento da BR-319, Marina teve o microfone desligado pelo presidente da comissão, Marcos Rogério (PL-RO), que afirmou que ela deveria se colocar em seu lugar. “O senhor gostaria que eu fosse uma mulher submissa, mas eu não sou”, rebateu a ministra.
Na sequência, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) iniciou sua fala afirmando que respeitava a mulher, mas não a ministra. Diante da resposta de que ele estava falando com ambas, insistiu: “a mulher merece respeito, a ministra, não”.
Marina relembrou uma declaração feita por Valério em março deste ano, quando o senador afirmou que gostaria de “enforcá-la”. Após exigir um pedido de desculpas e não obtê-lo, decidiu se retirar. “Vocês me convidaram como ministra, e têm que me respeitar. Eu me retiro porque não fui convidada por ser mulher”, afirmou ao sair. A sessão foi encerrada logo depois.
A jornalistas, Marina disse que foi atacada pelos senadores. “Me senti agredida fazendo o meu trabalho”, afirmou. Em nota, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou as falas de Marcos Rogério e Plínio Valério como “inadmissíveis, totalmente ofensivas e desrespeitosas com a ministra, a mulher e a cidadã”. Por telefone, o presidente Lula prestou solidariedade a Marina (Reuters, CNN Brasil).
LULA SE RECUPERA BEM
O presidente Lula está em recuperação após ser diagnosticado com uma crise de labirintite, motivada por episódios de tontura e vertigens. Atendido nesta segunda-feira (26) no Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, ele passou por exames clínicos e recebeu alta no mesmo dia, com recomendação de repouso. Segundo o boletim médico, os resultados foram normais. Desde então, permanece no Palácio da Alvorada, onde continua acompanhando as atividades do governo com a agenda adaptada.
Segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência, Lula está bem, em tratamento medicamentoso, e os sintomas devem desaparecer em até 48 horas. Apesar do quadro estável e da rápida recuperação, aliados relatam incômodo com tentativas da oposição de transformar o episódio em especulação sobre sua capacidade de disputar a reeleição em 2026 (Prensa Latina, La Jornada, Independent, Publico.pt, O Guardião, El Tiempo).
03: LOBBY CONTRA O SUPREMO
O STF autorizou, na segunda-feira (26), a abertura de inquérito contra Eduardo Bolsonaro por fazer lobby nos EUA em favor de sanções contra autoridades brasileiras. A PGR apontou possíveis crimes como obstrução de justiça e coação, e mencionou também tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Alexandre de Moraes, relator do caso, determinou o monitoramento das redes sociais do deputado e a oitiva de Jair Bolsonaro, que admitiu bancar a estadia do filho nos EUA.
Desde março, Eduardo tem se reunido com parlamentares norte-americanos ligados ao trumpismo, entre eles o senador Marco Rubio, que afirmou na semana passada que há “grande possibilidade” de o Brasil sofrer sanções por supostas restrições à liberdade de expressão. A PGR enxerga nas ações de Eduardo um movimento intimidatório e uma interferência direta nos processos contra Jair Bolsonaro e seus aliados, inclusive no julgamento dos atoso golpistas de 8 de janeiro (O Guardião, El Tiempo, La Nación, Prensa Latina).
NUCLEO DURO
Enquanto Eduardo tenta intimidar o STF a partir dos EUA, teve início nesta segunda-feira (26) uma nova rodada de depoimentos no processo criminal sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro. Foram convocadas 51 testemunhas pelas defesas dos acusados, entre elas figuras centrais do bolsonarismo como Marcelo Queiroga, Valdemar Costa Neto, Paulo Guedes, Ciro Nogueira e Tarcísio de Freitas. As audiências, que seguem até 2 de junho, são realizadas a portas fechadas e devem aprofundar a apuração sobre a estrutura de comando da articulação golpista. Para Moraes, relator do caso, trata-se de um julgamento essencial para a responsabilização institucional pela tentativa de ruptura democrática (Prensa Latina).
GUERRA À DESINFORMAÇÃO DIGITAL
A Advocacia-Geral da União pediu ao STF, na segunda-feira (26), medidas urgentes contra empresas como Meta e TikTok por omissão diante de conteúdos ilegais. Segundo a AGU, há mais de 300 anúncios com uso indevido da imagem de Fernando Haddad e da Anvisa, além de desafios virais que resultaram em mortes de menores.
O governo Lula busca responsabilizar juridicamente as plataformas por disseminação de fake news e discurso de ódio. A proposta de regulação enfrenta resistência no Congresso, mas o Planalto quer endurecer o cerco às big techs e estabelecer normas claras de responsabilização civil (Prensa Latina).
INDÍGENAS NA COP30
Com a COP30 marcada para novembro, lideranças indígenas intensificam a mobilização para garantir protagonismo no evento. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) pretende credenciar mil representantes para a Zona Azul, espaço oficial das negociações da conferência, que será realizada em Belém. As principais reivindicações incluem financiamento direto às comunidades, reconhecimento dos saberes tradicionais e participação ativa na formulação das metas nacionais de clima.
Segundo Márcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, e Kleber Karipuna, liderança do povo Karipuna e coordenador executivo da Apib, a presença indígena é central para a legitimidade dos resultados da conferência. Ambos alertam que o engajamento dos povos originários ainda depende do apoio logístico e institucional do governo brasileiro, que coordena a organização do evento junto à ONU (Rebelión via IPS).
FINTECHS EM ALTA
Com mais de 3 bilhões de transações mensais, o Pix se consolidou como o principal meio de pagamento do Brasil. Criado em 2020, o sistema gratuito e instantâneo impulsionou o crescimento de fintechs como Nubank, PicPay e Mercado Pago. Cerca de 80% dos brasileiros adultos utilizam o Pix regularmente. Hoje, mais de 1.500 fintechs atuam no país, oferecendo crédito, contas digitais e seguros. O avanço é favorecido por marcos regulatórios modernos e adesão de bancos e governo. Ainda assim, há desafios como a alta carga tributária sobre equipamentos e exigência de operações em reais (IOL).
BOICOTE À CARNE BRASILEIRA
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entregou, nesta terça-feira (27), uma petição à Comissão Europeia pedindo investigação contra o Carrefour e outras redes francesas por boicote à carne do Brasil e do Mercosul. A entidade acusa os supermercados de promoverem uma campanha coordenada que difamou os produtos do bloco, apesar de estarem em conformidade com os padrões sanitários da UE. Segundo a CNA, as redes — que controlam 75% do mercado francês — violaram regras de concorrência ao atuarem contra o acordo entre UE e Mercosul. A Confederação destaca que o Brasil é líder global em exportação de carnes e vê o mercado europeu como estratégico pela influência regulatória e poder de compra dos consumidores (Público).
BRASIL NA ROTA DA UE
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, chegou ao Brasil nesta terça-feira (27) para estreitar laços diplomáticos com o governo Lula. A agenda inclui participação no Fórum de Investimentos Brasil–União Europeia e reuniões com ministros e representantes empresariais para tratar de acordos comerciais e sustentabilidade. A visita representa uma reaproximação política após anos de distanciamento durante o governo Bolsonaro. A expectativa da União Europeia é concluir o Acordo Mercosul ainda neste verão europeu. O Brasil é o principal destino dos investimentos europeus na América Latina (Correio da Manhã).
BRASIL NO SPIEF 2025
O embaixador Rodrigo Baena Soares confirmou nesta terça-feira (27) que o Brasil participará do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, entre 18 e 21 de junho. O evento terá como tema a multipolaridade e os “valores compartilhados” como base para o crescimento. A presença brasileira reforça os laços com a Rússia e sinaliza alinhamento geopolítico com países do BRICS e de outras economias não alinhadas aos EUA. A delegação oficial ainda não foi anunciada (TASS).
DOM E BRUNO VIVEM
Foi lançado nesta terça-feira (27) o livro How to Save the Amazon, concluído por amigos do jornalista Dom Phillips após seu assassinato junto ao indigenista Bruno Pereira. A obra será publicada no Brasil, Reino Unido e EUA. Também estreia o podcast Missing in the Amazon, do The Guardian, com relatos de familiares e lideranças indígenas.
A iniciativa visa preservar a memória das vítimas e denunciar os riscos enfrentados por quem atua na defesa da Amazônia. A viúva de Dom, Alessandra Sampaio, afirmou que a publicação é um gesto de resistência e homenagem à verdade (The Guardian).
ENERGIA LUSÓFONA EM DEBATE
Começou nesta terça-feira (27), em Estoril, a II Conferência de Energia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com participação de governos, empresas e organizações da sociedade civil. Promovido por São Tomé e Príncipe com apoio de Portugal, o encontro busca posicionar a CPLP como um bloco estratégico no setor energético global.
O foco está na transição energética, formulação de políticas públicas e acesso a mecanismos internacionais de financiamento. A presença de entidades como ALER, RELOP e Missão COP30 reforça o esforço de articulação internacional da comunidade lusófona. Para Mayra Pereira, diretora executiva da ALER, o grupo pode vir a ter peso nos fóruns globais de clima e energia (O Guardião).
A CHINA COMO EXEMPLO
Segundo o Carbon Brief, a China reduziu suas emissões de gases estufa em 1% no último trimestre de 2024, mesmo com o crescimento econômico. A queda é atribuída à expansão da energia solar, eólica e nuclear, e pode representar um ponto de inflexão na trajetória global do clima. A expectativa é que a China apresente novas metas climáticas na COP30. O país é o maior emissor do mundo e seu recuo pode pressionar outras potências a adotarem compromissos mais ambiciosos — em contraste com os EUA, que se afastaram novamente do Acordo de Paris sob Donald Trump (Vox).
PLANO ARGENTINO NA FRONTEIRA
A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, lançou na segunda-feira (26) o plano Guaçurarí, com o objetivo de reforçar a segurança na fronteira com o Brasil. A iniciativa prevê o “blindamento” de 25 km da província de Misiones, com a presença de forças federais, aduana, serviços migratórios e articulação com autoridades brasileiras de Santa Catarina.
O governo de Javier Milei justifica a medida com base no combate ao narcotráfico, contrabando e avanço de grupos armados. A operação inclui vigilância tecnológica e cooperação com prefeitos das cidades brasileiras da região (elDiarioAR).
*Imagem em destaque: Brasília (DF), 27/05/2025 – Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado durante audiência para ouvir a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Foto: Lula Marques/Agência Brasil
