Mesmo com oposição da França, Lula prevê acordo Mercosul e UE até fim do ano
O Focus 21 reúne as citações relevantes sobre o Brasil publicadas pela imprensa internacional
O presidente Lula afirmou nesta quarta-feira que espera que um acordo comercial entre a União Europeia e o bloco sul-americano do Mercosul seja concluído até o final deste ano, mesmo enfrentando oposição, principalmente da França. “Nós vamos conseguir”, disse Lula na abertura do encontro nacional da indústria (ENAI) 2024, evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, ignorando a oposição francesa. Lula disse que os franceses “não apitam mais nada”. O acordo estava sendo negociado diretamente com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse ele. “Von der Leyen tem o mandato para fazer esse acordo, e eu pretendo assiná-lo este ano”, disse Lula. O Mercosul junta-se ao Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia em um mercado que é um destino muito procurado pelos exportadores de produtos manufaturados da UE, embora os agricultores europeus, especialmente na França, temam a concorrência que ele trará. Um acordo entre a UE e o Mercosul vem sendo trabalhado há cerca de 25 anos. As partes anunciaram um acordo em 2019, mas ele nunca foi formalmente ratificado devido às exigências da UE de compromissos sobre o desmatamento da Amazônia e as mudanças climáticas. (Reuters / El Diario Ar)
PF: Bolsonaro estava “plenamente ciente” de um plano de assassinato contra Lula
O ex-presidente Jair Bolsonaro está a um passo da prisão depois que uma investigação da polícia federal revelou o que chamou de um plano autoritário assassino para explodir o sistema democrático do país com um golpe militar que o populista de extrema direita supostamente ajudou a arquitetar. Bolsonaro tem negado repetidamente o envolvimento em uma tentativa de anular o resultado da eleição presidencial de 2022, que ele perdeu por pouco para seu rival de esquerda Lula. Mas, na terça-feira, um relatório de 884 páginas da polícia federal acusou o ex-capitão do exército de assumir um papel de liderança no planejamento e na organização da conspiração e de tentar persuadir os membros mais graduados das forças armadas a se juntarem ao empreendimento criminoso. Vários membros importantes das forças armadas teriam concordado, incluindo o comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, e o comandante de operações terrestres do Exército, general Estevam Theophilo. O relatório da polícia aponta o ex-ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, como um dos principais arquitetos da trama, embora ele tenha negado que um golpe tenha sido discutido. Braga Netto, 67 anos, que foi candidato a vice-presidente de Bolsonaro nas eleições de 2022, negou envolvimento em qualquer plano de golpe. Garnier Santos e Theophilo ainda não comentaram publicamente as alegações. O jornal se utiliza de comentários do jornalista da Globonews, Otávio Guedes. “O destino de Bolsonaro será decidido pela direita e acho que a direita democrática já abandonou Bolsonaro”, disse Guedes. “Essa direita democrática pode isolar Bolsonaro – e acho que isso já está acontecendo”, disse. (The Guardian / National Public Radio (rede de rádio pública dos EUA) / Toronto Sun / Associated Press (AP) / Japan Times / South China / Liberation / Le Monde / Clarín / La Nación)
O Centro Latino-Americano de Análise Estratégica traz extensa análise de Fernando de la Cuadra, PhD em Ciências Sociais, com o título “O que falta para Bolsonaro ser preso?”
RATING / AÇÕES DO BRASIL
O JPMorgan elevou a classificação das ações mexicanas de “neutra” para “overweight”, devido ao forte crescimento dos EUA, mas cortou as ações brasileiras, citando um crescimento mais lento na China em meio às pressões emergentes da política tarifária do presidente eleito Donald Trump. “O bom crescimento dos EUA continua a apoiar os consumidores mexicanos por meio de remessas, ao mesmo tempo em que um MXN mais fraco aumenta o poder de compra desses dólares”, disse a estrategista do JPMorgan, Emy Shayo Cherman. “Há uma correlação bastante alta entre a produção industrial mexicana e a dos EUA”, acrescentou Cherman em uma nota datada de terça-feira. O J.P. Morgan rebaixou o rating das ações brasileiras de “overweight” para “neutro”. O crescimento mais fraco da China, a segunda maior economia do mundo, pode prejudicar o Brasil por meio da redução dos preços das commodities, já que o país latino-americano é um grande exportador de soja. Trump, que assumirá o cargo em 20 de janeiro, disse que imporia uma tarifa de 25% sobre as importações do Canadá e do México até que eles reprimissem as drogas e os migrantes que cruzam a fronteira. Ele também delineou “uma tarifa adicional de 10%, acima de qualquer tarifa adicional” sobre as importações da China. (Reuters)
EMPREGO
O Brasil criou 132.714 empregos formais em outubro, segundo dados do Ministério do Trabalho divulgados nesta quarta-feira, abaixo da previsão de 200.000 em uma pesquisa da Reuters com economistas. O número representa 2.222.962 novos empregos e 2.090.248 empregos fechados. Outubro marcou o menor resultado líquido para um mês desde dezembro, quando o Brasil fechou cerca de 451.000 postos de trabalho, de acordo com dados ajustados. De janeiro a outubro, foram criados 2.117.473 empregos líquidos, acima dos 1.784.662 no mesmo período do ano anterior. (Reuters)
GOLPE AO MEIO AMBIENTE
Vários estados do Brasil estão tentando se livrar das proteções das florestas tropicais, cedendo à pressão de pecuaristas e produtores de soja para derrubar árvores e expandir a agricultura. Esses esforços são contrários aos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voltou ao poder no ano passado e fez avanços significativos na redução do desmatamento da Amazônia. Eles também ameaçam o compromisso do Brasil de acabar com o desmatamento até 2030. A perda de florestas é a maior fonte de emissões de carbono do país. “Estamos detectando uma onda bem coordenada de retrocessos. Os esforços para reduzir o desmatamento continuam muito frágeis em algumas regiões”, disse Alice Thuault, diretora executiva do Instituto Centro de Vida, uma organização ambiental sem fins lucrativos sediada no estado do Mato Grosso. Uma coalizão de organizações que vigia as cadeias de suprimentos, a iniciativa Accountability Framework (AFi), também se referiu à tendência como “um grande retrocesso”. (Independent)
Na imagem, presidente Lula em evento nesta quarta-feira na Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília / Ricardo Stuckert / PR
Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.