No adeus a Pepe Mujica, Lula exalta seu legado de luta, coragem e simplicidade
PEPE VIVE
O presidente Lula desembarcou nesta quinta-feira (15) em Montevidéu para prestar uma última homenagem ao seu grande amigo, o ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica, que faleceu na terça (13), aos 89 anos. No velório, Lula se encontrou com a viúva Lucía Topolansky e a abraçou com um beijo na testa, gesto que já havia feito ao próprio Mujica no último encontro entre ambos, em março. Ao lado do presidente Yamandú Orsi e do chileno Gabriel Boric, único outro chefe de Estado presente, Lula permaneceu em silêncio diante do caixão e trocou palavras reservadas com a família antes de deixar o salão profundamente emocionado.
Em declarações à imprensa, o presidente brasileiro afirmou: “Pepe Mujica é mais do que o que fez. É um ser humano para pensar no passado, no presente e no futuro.” Nas redes sociais, acrescentou: “Que a coragem, a simplicidade e o amor que marcaram sua vida sigam nos ajudando a seguir o caminho que ele escolheu: a luta por um mundo mais justo.” Durante a cerimônia, com a voz embargada, Lula declarou: “Uma pessoa como Pepe Mujica não morre”, acrescentando que, embora o corpo tenha partido, suas ideias permanecem vivas. Ele também relembrou a última visita ao amigo, meses antes, e contou que Mujica falou sobre a própria partida com serenidade: “Ele me disse que já estava indo.”
A amizade entre os dois líderes atravessou décadas de militância e encontros oficiais. Em dezembro, Lula o havia condecorado com a Ordem do Cruzeiro do Sul, a maior honraria brasileira a estrangeiros. Ao final do funeral, a canção “A Don José” foi entoada diante de milhares de uruguaios, e os restos de Mujica seguiram para cremação, conforme seu desejo. Suas cinzas serão depositadas na pequena chácara em Rincón del Cerro, nos arredores da capital, ao lado de sua inseparável cadela Manuela (Clarín, El Mercurio, La Diaria).
INSS INICIA DEVOLUÇÃO
Teve início nesta quarta-feira (14) o processo de devolução dos valores cobrados indevidamente de aposentados e pensionistas do INSS, vítimas de um esquema bilionário de descontos não autorizados em seus benefícios. A solicitação pode ser feita pelo aplicativo Meu INSS ou pela Central 135, onde o segurado identifica a entidade que realizou a cobrança e, se não reconhecer a autorização, aciona automaticamente o processo de contestação. A devolução será intermediada pelo próprio INSS, que receberá os valores das associações e repassará aos beneficiários, com proteção dos dados bancários.
A fraude, que desviou cerca de R$ 6,3 bilhões a partir de 2019, teve origem na gestão Bolsonaro, marcada pelo enfraquecimento da fiscalização e pela permissividade com práticas predatórias contra os direitos sociais. O atual governo, ao fortalecer os mecanismos de controle e retomar a governança pública, revelou a dimensão do esquema e adotou medidas imediatas de reparação (CNN Brasil, Financial Times).
MENOS MORTES, MAIS MEDO
O Brasil registrou em 2023 o menor número de homicídios em mais de uma década: 45.747 mortes, queda de 1,5% em relação ao ano anterior, segundo o Atlas da Violência 2025. A redução foi mais acentuada em estados do Norte e Nordeste, mas o índice aumentou em locais como Rio de Janeiro, Amapá e Pernambuco. Apesar da melhora nos dados, a percepção de insegurança cresceu, evidenciando o descompasso entre números e sentimento social. Especialistas atribuem a queda a políticas locais e ao uso mais eficiente de dados pelas forças de segurança, mas apontam que o medo persiste diante de outros tipos de violência e da falta de confiança nas instituições (Público.pt).
“PERSEGUIDA”
O STF condenou por unanimidade a deputada Carla Zambelli (PL-SP) a dez anos e seis meses de prisão, além da perda do mandato, por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça e falsidade ideológica. Segundo a acusação, ela foi a mentora da ação do hacker Walter Delgatti Neto, que falsificou um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. Delgatti também foi condenado a oito anos de prisão e ao pagamento de R$ 2 milhões em indenização. Zambelli afirma ser vítima de perseguição política. Ela ainda responde a outro processo por porte ilegal de arma, após sacar uma pistola em via pública durante a eleição de 2022 — caso que também pode resultar em condenação (Sputnik BR, Prensa Latina)
↓DESMATAMENTO EM QUEDA↓
Segundo dados do MapBiomas, o desmatamento no Brasil caiu 32,4% em 2024, consolidando o segundo ano seguido de queda após a mudança de governo. A redução foi registrada em todos os biomas, com exceção da Mata Atlântica. Mesmo com a retração, a devastação ainda se concentra em dois grandes polos: o Cerrado, que perdeu 652 mil hectares, e a Amazônia, onde o desmatamento caiu mais de 60%. Maranhão, Tocantins, Bahia e Pará lideram em área desmatada. O relatório confirma a mudança de rumo nas políticas ambientais, com fortalecimento da fiscalização, retomada de compromissos internacionais e maior pressão sobre a cadeia produtiva. Auditorias mostram avanços na rastreabilidade do gado, embora a triangulação com fazendas irregulares ainda oculte parte das origens ilegais (Prensa Latina, Independent).
CHINA DE BRAÇOS ABERTOS PARA O MERCOSUL
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, anunciou nesta quinta-feira (15) que cidadãos do Brasil, Argentina, Chile, Peru e Uruguai estarão isentos de visto para viagens de até 30 dias à China. A medida — que tem início no próximo dia 1º de junho e vigência até 31 de maio de 2026 — vale para fins de turismo, negócios, visitas familiares, intercâmbio ou trânsito, e foi apresentada como parte do esforço chinês para aprofundar a cooperação com a América Latina após o Fórum China-CELAC realizado nesta semana.
No caso brasileiro, a medida reforça uma política externa voltada à multipolaridade e ao fortalecimento de laços com parceiros estratégicos. Em contraste com a retração das políticas de cooperação promovidas por potências ocidentais, a iniciativa chinesa amplia oportunidades de intercâmbio econômico, educacional e cultural entre Brasil e Ásia (La Diaria, O Guardião, El Tiempo, Prensa Latina).
QUARTETO DE OURO DA AL
Brasil, México, Chile e Argentina foram apontados como os destinos mais atrativos da América Latina para investidores institucionais, segundo levantamento do Bank of America. O otimismo com o Brasil é o maior desde setembro: 43% dos gestores acreditam que o Ibovespa ultrapassará os 140 mil pontos ainda este ano. Entre os setores mais promissores estão energia, consumo e serviços públicos — impulsionados pela expectativa de queda na taxa Selic e por um cenário de maior estabilidade macroeconômica.
A sondagem mostra que o país é visto como âncora de confiança na região, inclusive diante das incertezas globais e do endurecimento tarifário dos Estados Unidos. Com juros em queda e uma política econômica orientada à recuperação do investimento público, o Brasil aparece como liderança regional em meio ao novo ciclo de valorização dos ativos latino-americanos (Ámbito).
TIKTOK E DEDO-DURO
O governo considera superado o vazamento da crítica feita por Janja ao TikTok durante jantar com o presidente Xi Jinping, em Pequim, mas ainda busca identificar quem promoveu a divulgação da fala. Em tom reservado, a primeira-dama afirmou que a plataforma favorece conteúdos da extrema direita e tem efeitos negativos sobre mulheres e crianças. A repercussão causou desconforto diplomático e irritação no presidente Lula, que disse que Xi reagiu com naturalidade e reafirmou o direito do Brasil de regular suas redes (Público.pt).
RÚSSIA, UCRÂNIA E A PAZ
O presidente russo Vladimir Putin recusou o convite de Volodymyr Zelensky para uma reunião direta em Istambul, enviando no lugar uma delegação chefiada por seu assessor para negociações de paz. O gesto foi interpretado como recuo diante da proposta de trégua de 30 dias feita pela Ucrânia. Poucos dias antes, Lula havia telefonado pessoalmente a Putin, após visita a Moscou, e feito um apelo direto: “Não me custa nada dizer: ‘Camarada Putin, vá a Istambul e negocie’.” O presidente brasileiro também tem dialogado com líderes europeus e asiáticos para tentar reabrir o espaço da diplomacia no conflito.A recusa de Putin foi criticada por Kiev como manobra política, e a ausência do presidente russo no encontro foi vista como sinal de esvaziamento. A Ucrânia insiste que só aceitará negociações com o próprio chefe do Kremlin. Mesmo com o gesto diplomático da delegação enviada, analistas apontam que a distância entre as exigências segue intransponível e que, por ora, o movimento russo busca apenas ganhar tempo, sem compromissos concretos com a paz (elDiario.es, Prensa Latina, TASS, Independent, RT).
