Presidente da COP30, André Corrêa do Lago analisa impacto da retirada dos EUA do Acordo de Paris

NOVO PRESIDÊNCIA DA COP30
O diplomata André Corrêa do Lago, designado para presidir a COP30, marcada para novembro em Belém, no Pará, destacou o impacto da decisão dos EUA de se retirarem do Acordo de Paris, uma das preocupantes medidas tomadas por Donald Trump em seu retorno à presidência. Para ele, os EUA continuam sendo fundamentais no combate às mudanças climáticas devido ao seu poder econômico, à grande quantidade de emissões de carbono, ao desenvolvimento tecnológico e às ações de empresas e governos locais.
Trump justificou a decisão com a alegação de prejuízos à economia americana, repetindo uma ação de seu primeiro mandato, revertida por Biden em 2021. Com isso, os EUA passam a se alinhar a países como Irã e Iémen, que também estão fora do acordo climático de 2015.
Corrêa do Lago, que foi secretário de Clima e Meio Ambiente no Itamaraty, foi nomeado presidente da COP30 nesta terça-feira (21) após reuniões com o presidente Lula, a ministra Marina Silva e o ministro Rui Costa (Prensa Latina).
O COMEBACK DE TRUMP
Ao ser questionado nesta terça-feira (21), durante uma entrevista no Salão Oval, sobre como serão as relações dos Estados Unidos com Brasil e outros países latino-americanos durante seu novo mandato, Donald Trump afirmou que busca uma grande relação, mas alertou que são os brasileiros que dependem da economia americana, e não o contrário. “Eles precisam de nós. Nós não precisamos deles. Todos precisam de nós”, disse.
O presidente Lula, por sua vez, adotou um tom conciliador ao felicitar Trump pela posse, ocorrida na segunda-feira (20). “Nossos países nutrem fortes laços em diversas áreas, como o comércio, a ciência, a educação e a cultura. Estou certo de que podemos seguir avançando nessas e outras parcerias. Desejo ao presidente Trump um mandato exitoso, que contribua para a prosperidade e o bem-estar do povo dos Estados Unidos e um mundo mais justo e pacífico”, escreveu em nota oficial.
As declarações de Trump, contudo, sinalizam possíveis tensões, especialmente com países governados por líderes progressistas, como o Brasil, e acontecem em um momento delicado, em que o país tem buscard reorientar política externa, com o governo ampliando seus laços com a China e, por meio do Brics, ensaiando um distanciamento do dólar. Em resposta, Trump já ameaçou os integrantes do bloco, declarando que seus produtos poderão enfrentar tarifas de 100% para acessar o mercado americano.
Há também a delicada situação com relação ao ex-presidente Bolsonaro, que mantém forte conexão com Trump e espera que o republicano pressione a justiça brasileira para reverter sua inegibilidade e possível condenação por tentativa de golpe e outros crimes (La Política Online).
As polêmicas declarações de Trump somam-se a uma série de medidas controversas desde seu retorno à Casa Branca, incluindo a promessa de retomar o controle do Canal do Panamá, que ele alega estar sob domínio chinês; ações contra a migração ilegal na fronteira com o México, atribuindo o êxodo à insegurança e à crise econômica no país vizinho; a reintegração de Cuba à lista de países patrocinadores de terrorismo; e a revogação de muitas outras medidas de Joe Biden.
Sua postura em relação a esses países contrasta com sua proximidade a outros líderes da região que estiveram presentes em sua posse, como o argentino Javier Milei, o equatoriano Daniel Noboa, o paraguaio Santiago Peña e o salvadorenho Nayib Bukele. Também compareceu o líder da oposição venezuelana, Edmundo González, reconhecido por Trump como o “legítimo presidente eleito da Venezuela” (La Nación Chile).
NEGÓCIO DA CHINA
As importações de veículos no Brasil cresceram 30% em 2024, com destaque para os carros elétricos chineses, que representam cerca de 200 mil unidades desse total. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) critica a diferença no imposto de importação, com os carros elétricos pagando apenas 18%, enquanto veículos de combustão têm uma alíquota de 35%. A associação pede a devolução do imposto, alegando que a China está invadindo o mercado brasileiro.
O governo também investiga a BYD por exploração laboral em sua fábrica em Camaçari, na Bahia, onde 163 trabalhadores foram encontrados em condições análogas à escravidão. A fábrica, que seria a primeira planta da marca fora da Ásia, tem previsão de abertura para março de 2025, com um investimento de US$ 484,2 milhões (Ámbito).
