“Problema no Haiti é de desenvolvimento e não de segurança”, diz Lula no G7

“Problema no Haiti é de desenvolvimento e não de segurança”, diz Lula no G7

Manifestações do presidente durante a Cúpula do G7 em Hiroshima, tradução da Constituição de 88 para língua indígena e 12ª fase da Operação Lesa Pátria estão no radar da mídia internacional desta terça, 23 de maio

Em um discurso lido no último domingo (21), durante a sessão de trabalho do G7 e dos países convidados em Hiroshima, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, enfatizou a necessidade dos líderes mundiais fornecerem ajuda rapidamente para o povo haitiano. “No Haiti, devemos agir rapidamente para aliviar o sofrimento de uma população dilacerada pela tragédia”, disse ele.

“O flagelo enfrentado pelo povo haitiano é resultado de décadas de indiferença em relação às necessidades reais do país. Há anos o Brasil vem dizendo que o problema do Haiti não é apenas um problema de segurança, mas principalmente um problema de desenvolvimento”, continuou.

De acordo com publicação do site dominicano 7días, seis meses após o governo de Ariel Henry pedir à ONU uma força internacional para combater as gangues armadas no Haiti, a comunidade internacional busca agora novas estratégias, já que nenhum país se prontificou a liderar a missão. Além do Canadá, os EUA agora também apontam para o Brasil assumir esse papel. Durante a cúpula em Hiroshima, Lula aproveitou para criticar a incapacidade das potências mundiais em lidar com crises internacionais e a sua cegueira em relação às demandas dos países emergentes. Para ele, “os paradigmas desmoronaram” e é hora de uma “nova mentalidade” prevalecer no mundo.

Lula também afirmou, durante uma coletiva de imprensa na qual fez uma avaliação de sua participação na cúpula do G7, que espera que não surja uma nova Guerra Fria entre China e EUA, e que, ao invés disso, a economia mundial seja “livre”, segundo publicou o argentino Página/12, ressaltando que o presidente brasileiro – o “único convidado latino-americano” para o evento – voltou a defender a criação de moedas diferentes do dólar para as transações comerciais.

Também cobrindo a cúpula do G7 em Hiroshima, a agência de notícias russa Sputnik News noticia a ausência do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, em uma reunião com Lula, marcada para o último domingo (21). “O fato é muito simples, tinha uma bilateral com a Ucrânia aqui neste salão. Esperamos e recebemos a informação de que eles tinham se atrasado. Enquanto isso, eu recebi o presidente do Vietnã [Pham Minh Chinh]. Quando o presidente do Vietnã foi embora, a Ucrânia não apareceu. Certamente teve outro compromisso e não pôde vir”, disse Lula, que ainda destacou que Zelensky é “maior de idade” e sabe muito bem o que faz, e tanto ele como o líder russo, Vladimir Putin, não querem discutir a paz.

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Segundo publicação do Brazilian Report, 15 tradutores indígenas estão trabalhando na tradução da Constituição de 1988 para o Nheengatu, uma língua falada por grupos nativos da região amazônica. O projeto é liderado pelo Conselho Nacional de Justiça e coordenado pelo presidente da Biblioteca Nacional, Marco Luchesi, e por José Ribamar Bessa, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A tradução será concluída até outubro e apresentada em uma cerimônia em São Gabriel da Cachoeira, município do Amazonas que tem o Nheengatu como língua oficial. Paralelamente, um projeto planeja traduzir a lei Maria da Penha para diversas línguas indígenas do estado de Mato Grosso, fortalecendo a legislação contra a violência de gênero.

Os direitos indígenas foram incorporados à Constituição de 1988, que assegura a proteção e o reconhecimento da “cultura, modo de vida, produção, reprodução da vida social e visão de mundo” das populações indígenas do Brasil. No entanto, a realidade tem frequentemente se mostrado bastante distinta.

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O site argentino Télam noticia que o Supremo Tribunal Federal instaurou processo contra mais 250 pessoas pelos ataques ocorridos em 8 de janeiro às sedes dos três poderes. A ação faz parte da décima segunda etapa da Operação Lesa Pátria. No total, já existem 1.045 réus acusados desses crimes; destes, 253 continuam presos. As acusações do Ministério Público abrangem crimes como associação criminosa, subversão violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e vandalismo contra o patrimônio público protegido.

Essas 250 novas ações fazem parte do quinto conjunto de denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República. As denúncias estão sendo analisadas pelo Supremo Tribunal Federal em dois processos distintos. De um lado, os autores materiais dos episódios de violência – são 239 denunciados – e, de outro, os instigadores ou mandantes – um total de 1.390 – da tentativa de golpe dias após a posse do presidente Lula.

*Imagem em destaque: Presidente da Republica, Luiz Inacio Lula da Silva, durante Declaração à imprensa. Hiroshima, Japão. Foto: Ricardo Stuckert/PR

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