Reforma tributária, Galípolo, prisão de golpistas, gabinete do ódio: destaques do Brasil na imprensa mundial

REFORMA TRIBUTÁRIA
A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (17) a regulamentação da reforma tributária por ampla maioria (324 votos a favor, 123 contrários e três abstenções). A proposta segue agora para sanção presidencial.
Os deputados rejeitaram alterações do Senado, como o desconto de 60% dos novos tributos para saneamento, alegando que isso elevaria a alíquota geral, segundo o relator Reginaldo Lopes (PT-MG). Outra decisão foi a reinclusão de bebidas açucaradas no Imposto Seletivo, reverterndo a exclusão feita pelos senadores. Com a rejeição parcial das alterações, a alíquota padrão dos novos tributos deve cair 0,7 ponto percentual. O relator destacou que as decisões foram acordadas com os líderes da Câmara.
Para garantir quórum, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), aplicou medidas administrativas que penalizam deputados ausentes. A aprovação do projeto foi uma das metas de Lira ao final de seu mandato. Apesar do apoio da base governista, a oposição criticou o texto e tentou obstruir partes rejeitadas (CNN Brasil).
PRESIDÊNCIA DO BC
O argentino La Nación publicou nesta terça-feira (17) um perfil de Gabriel Galípolo, o novo presidente do Banco Central do Brasil a partir de 1º de janeiro de 2025. Economista de 42 anos, Galípolo tem uma formação que privilegia uma abordagem mais heterodoxa da economia, com um maior papel para o Estado e uma crítica à austeridade fiscal. Ele é próximo de Luiz Gonzaga Belluzzo, “um dos pensadores mais influentes da esquerda econômica”, que defende políticas contra a desregulação do mercado e as desigualdades geradas pelas políticas fiscais mais rígidas.
Com uma carreira que mistura o setor público e privado, Galípolo foi CEO do Banco Fator e esteve envolvido em importantes projetos de parcerias público-privadas. A partir de sua proximidade com o governo Lula, ele se consolidou como um interlocutor importante entre os mercados financeiros e a agenda do governo, defendendo sempre a necessidade de uma política econômica mais inclusiva e menos dependente das altas taxas de juros (La Nación via Americas Quarterly).
PRISÃO DE BRAGA NETTO
Artigo de Julia Almeida Vasconcelos da Silva, autora de A militarização da política no Brasil contemporâneo, trata da prisão preventiva do General Walter Braga Netto e seu impacto nas relações cívico-militares no Brasil. A autora analisa como a prisão, embora ainda sem uma condenação, representa um marco na quebra da imunidade histórica dos militares de alta patente, especialmente em contextos golpistas.
Na publicação do Le Monde Diplomatique Brasil, Julia explora a trajetória de Braga Netto, destacando suas ações políticas em momentos chave como as operações no Haiti, a intervenção no Rio de Janeiro, sua atuação no governo de Jair Bolsonaro e sua participação nas tentativas de golpe de 2023, e argumenta que, além da responsabilização individual, é essencial refletir sobre as mudanças estruturais necessárias nas Forças Armadas e nas políticas de segurança pública para evitar novas intervenções militares na política brasileira. A autora também destaca a necessidade de desmilitarização das instituições e a redução da violência policial, especialmente nas periferias (Le Monde Diplomatique).
A prisão de Braga Netto também foi abordada pelo ministro da Defesa, José Múcio, que declarou em entrevista nesta terça-feira (17) que a detenção “não foi surpresa para ninguém”. Apesar do “constrangimento” causado às Forças Armadas, Múcio afirmou que “[a detenção do genral] já era esperada” e defendeu que todos os envolvidos nas tentativas de golpe respondam à Justiça. “Precisa acabar para a gente olhar para frente”, disse o ministro (Europa Press).
E MAIS…
Segundo a agência cubana Prensa Latina, o general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional no governo Bolsonaro, pode ser o próximo alto oficial a ser preso na investigação sobre o golpe. Segundo o jornalista Valdo Cruz, do portal G1, após a prisão de Braga Netto, as Forças Armadas preveem novas detenções de militares envolvidos na conspiração para manter Bolsonaro no poder após as eleições de 2022.
De acordo com fontes militares, o nome de Heleno é um dos mais cogitados na lista de alvos da Polícia Federal (PF), já que ele também foi acusado de participação no esquema golpista. Além disso, outros militares, como os detidos “Kids Pretos”, poderiam implicar outros colegas envolvidos na trama. As detenções têm causado tensão nas Forças Armadas. Com a apreensão de pendrives durante a operação contra Braga Netto e seu ex-assessor, coronel Flávio Botelho Peregrino, novas provas podem surgir. Além disso, acredita-se que esses materiais contenham informações sobre uma operação encoberta para minimizar os efeitos da delação de tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (Prensa Latina).
E MAIS!!!
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta segunda-feira (16) prorrogar por 180 dias a investigação sobre a ‘existência, o financiamento e o modus operandi’ do chamado Gabinete do Ódio, que envolve ex-assessores de Jair Bolsonaro, acusados de disseminar conteúdos falsos na internet e de ameaçar magistrados. A prorrogação foi motivada pela necessidade de ouvir mais de 20 pessoas, concluir a análise de informações obtidas com a quebra de sigilo fiscal e bancário e finalizar diversas diligências da PF (Prensa Latina).
*Imagem em destaque: Lula Marques/Agência Brasil
