Sanções dos EUA expõem ofensiva contra instituições brasileiras

Fontes próximas ao governo Trump revelaram nesta quinta-feira (29) que os EUA avaliam sanções contra dezenas de brasileiros, entre eles ministros do STF e do TSE, membros do governo Lula e autoridades da segurança pública, usando a Lei Global Magnitsky, que permite cancelamento de vistos e bloqueio de bens por corrupção, abusos de poder ou ataques às instituições democráticas.
Na quarta (28), Trump formalizou restrições de visto a autoridades que, segundo o Departamento de Estado, promovem censura contra cidadãos e empresas americanas. Sem citar nomes, a medida tem como alvo o ministro Alexandre de Moraes, que determinou a suspensão de contas e conteúdos em plataformas como Rumble, X e Meta para combater desinformação e proteger as instituições democráticas.
Durante uma audiência na Câmara dos Deputados, também na quarta (28), o chanceler Mauro Vieira respondeu destacando que a concessão de vistos é prerrogativa soberana e reafirmou a política brasileira de não ingerência, além do respeito a compromissos multilaterais da ONU e OEA. O episódio amplia a tensão entre os dois países e demonstra o alinhamento entre Trump e Jair Bolsonaro, que busca apoio internacional para reverter sua inelegibilidade e evitar sua iminente condenação por tentativa de golpe de Estado (CNN Brasil, The New York Times, La Política Online, Prensa Latina).
SOLIDARIEDADE À PALESTINA
Chico Buarque, José Genoino e o advogado Kakay estão entre as mais de 100 personalidades que assinaram uma carta ao presidente Lula pedindo o rompimento das relações diplomáticas e comerciais do Brasil com Israel. A entrega do documento ocorreu na quarta-feira (28) e foi organizada pela campanha Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que também solicita embargos militares e energéticos contra o governo de Tel Aviv, em resposta à ofensiva militar israelense em Gaza.
A carta denuncia que, apesar das declarações do governo brasileiro condenando as ações militares israelenses, o país segue exportando petróleo e negociando equipamentos com empresas de Israel. Segundo os signatários, é urgente que o Brasil se una a outras nações que já impuseram sanções, diante do desrespeito sistemático às resoluções da ONU, do bloqueio humanitário e da situação de risco enfrentada por milhões de civis palestinos (Prensa Latina).
MAGISTRADOS NA MIRA DO CRIME
A Polícia Federal deflagrou na quarta-feira (28) a operação Lex Talionis, que resultou na prisão de cinco pessoas suspeitas de integrar uma rede criminosa voltada à espionagem e ao assassinato de autoridades do Judiciário. A investigação teve início após o homicídio do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, em 2023, e revelou que o grupo utilizava métodos de inteligência militar para monitorar magistrados, inclusive do STF.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, classificou a trama como uma tentativa grave de intimidação ao Estado de Direito. Durante a operação, foram apreendidos equipamentos, computadores e documentos que apontam para uma estrutura organizada com possível infiltração em setores das Forças Armadas. A PGR acompanha o caso e não descarta novas prisões nos próximos dias (Prensa Latina, Reuters).
VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) divulgou em 20 de maio seu relatório anual sobre a violência contra profissionais da imprensa no Brasil, apontando 144 casos registrados em 2024 — uma queda de 20,4% em relação ao ano anterior. Apesar da redução, a entidade alerta para o avanço de formas estruturais de silenciamento, como o assédio judicial, que representou quase 16% das ocorrências, e a censura, cuja incidência mais que dobrou no período, impulsionada por decisões judiciais e pressões de agentes públicos. Segundo a presidenta da FENAJ, Samira de Castro, os ataques físicos vêm sendo substituídos por mecanismos mais sofisticados de repressão.
O documento também mostra que quase 40% das agressões ocorreram no período eleitoral, com julho como o mês mais violento. A Federação Internacional de Jornalistas manifestou solidariedade à categoria brasileira e reforçou a necessidade de proteger a liberdade de imprensa diante dessas ameaças (Kaos en la Red).
JOGOS DIPLOMÁTICOS DO BRICS
O Brasil finalizou nesta quarta-feira (28) o ciclo preparatório para a reunião dos ministros do Esporte dos BRICS, marcada para 4 de junho no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Durante seis dias, representantes dos cinco países participaram de encontros híbridos que resultaram em um memorando de entendimento com diretrizes para cooperação em eventos esportivos, infraestrutura, capacitação e intercâmbio técnico.
Segundo o secretário nacional de Esporte Paralímpico, Fábio Araújo, o consenso construído no grupo de trabalho é um dos marcos da presidência brasileira no bloco em 2025. O documento será assinado formalmente no encontro ministerial e servirá de base para novos acordos de integração esportiva entre os países-membros (TV BRICS).
O NEGACIONISMO ECONÔMICO
Em entrevista publicada na quarta-feira (28), o diplomata André Corrêa do Lago, presidente da COP30, afirmou que a principal barreira à ação climática hoje não é mais a negação da ciência, mas a recusa em adotar políticas econômicas compatíveis com a transição ambiental. Segundo ele, a resistência política e ideológica à mudança de matriz energética passou a operar como uma nova forma de negacionismo climático.
Corrêa do Lago defendeu que a resposta à crise deve envolver reestruturação produtiva, crescimento sustentável e políticas públicas voltadas à redução de desigualdades. Ele alertou para o avanço do populismo antiecológico e reforçou que, sem integração entre economia e clima, não haverá respostas eficazes (The Guardian).
TRUMPISMO E DEPORTAÇÃO
Reportagem do Washington Post desta quinta-feira (29) traz o caso de Emanuelly Borges Santos, a Manu, uma cidadã norte-americana de dois anos que foi deportada com os pais brasileiros para Minas Gerais em fevereiro, embora tenha nascido na Flórida e não possua cidadania brasileira. Desde então, vive como apátrida, sem acesso a serviços públicos de saúde ou educação, com o visto de turista prestes a vencer.
O episódio expõe as consequências das políticas migratórias da gestão Trump, que prevê a deportação de até 1 milhão de pessoas até o fim do ano, inclusive cidadãos norte-americanos em famílias de status migratório misto. Especialistas apontam violações constitucionais, como a falta de devido processo legal, e alertam para o risco crescente enfrentado por crianças nascidas nos EUA (The Washington Post).
SUL GLOBAL EM DISPUTA
O Instituto Tricontinental lançou, nesta terça-feira (27), o primeiro boletim da “Oficina Nuestra América”, iniciativa voltada à articulação regional de lutas populares. A publicação sustenta que a crise global escancarou os limites do capitalismo e defende que a emancipação do Sul Global requer soberania, integração regional e ruptura com estruturas históricas de dependência e saque.
O texto resgata os debates da conferência “Dilemas da Humanidade”, realizada em São Paulo, e aponta caminhos socialistas, ambientalmente sustentáveis e socialmente justos. Para o Tricontinental, é necessário ir além da denúncia: a hora é de disputar o poder e construir uma nova ordem internacional baseada na solidariedade entre os povos (Tricontinental).
CHEGA LIDERA VOTO EMIGRANTE
O partido de extrema direita Chega foi o mais votado entre os portugueses residentes no Brasil nas eleições legislativas de 2025. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (28), a legenda de André Ventura superou o PSD no círculo Fora da Europa, somando mais de 12 mil votos e registrando um crescimento de 51,9% em comparação ao pleito anterior.
Reportagens indicam que o Chega também avançou entre emigrantes em países como França e Reino Unido, consolidando-se como principal força de oposição em Portugal. Ventura voltou a acusar os partidos tradicionais de corrupção e estagnação econômica, prometendo uma “mudança de regime saudável” caso chegue ao poder (Público, Politico).
E MAIS…
📉 O governo do Tocantins informou na quarta-feira (28) que o Ministério da Agricultura descartou um surto de gripe aviária em uma granja local, após testes negativos (Reuters).
🐄 A Organização Mundial de Saúde Animal reconheceu nesta quinta-feira (29) o Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação, segundo a Abrafrigo (Reuters).
✈️ A Azul entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA na quarta-feira (28), buscando reestruturar US$ 2 bilhões em dívidas herdadas da pandemia (Reuters).
*Imagem em destaque: Cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do TSE – 16/08/2022 (Antonio Augusto/Secom/TSE)
