STF analisa denúncia contra Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe

COMEÇOU | O STF iniciou nesta terça-feira (25) o julgamento da denúncia contra Jair Bolsonaro e sete aliados por tentativa de golpe de Estado. A Primeira Turma da Corte, presidida pelo ministro Cristiano Zanin, analisa se há elementos suficientes para transformar os acusados em réus, com decisão prevista para esta quarta-feira (26).
A sessão começou com a exposição do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes, seguida pela sustentação do procurador-geral Paulo Gonet, que afirmou existirem evidências contundentes da tentativa de ruptura democrática. Segundo Gonet, Bolsonaro e o general Walter Braga Netto lideravam uma organização criminosa que documentou o plano golpista com manuscritos, arquivos digitais e mensagens entre os envolvidos.
O ESQUEMA | De acordo com o relatório final da PF, o grupo planejava impedir a posse de Lula em 2023, com ações que incluiriam o uso de forças militares, decretação de “estado de defesa”, utilização de armas contra Moraes e até planos para assassinar por envenenamento o presidente eleito. A denúncia inclui crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, vinculados aos ataques de 8 de janeiro de 2023.
Além de Bolsonaro e Braga Netto, entre os acusados estão os ex-ministros Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Anderson Torres, classificados por Moraes como o “núcleo central” da conspiração. Se condenado, o ex-presidente pode enfrentar pena de até 40 anos de prisão.
ESTRATÉGIA: ATAQUE | Inelegível até 2030, Bolsonaro nega envolvimento e alega perseguição política. Em entrevista ao Financial Times, voltou a atacar o STF e pediu “ajuda do exterior”, especialmente dos EUA, para “salvar o Brasil da ditadura”. Enquanto isso, seu filho Eduardo Bolsonaro afastou-se temporariamente do mandato de deputado para permanecer nos EUA, onde promove campanha contra Moraes e busca apoio internacional, cogitando inclusive pedir asilo político (Clarín, BBC News, Financial Times, Expresso, Correio da Manhã, O Guardião, Prensa Latina, UY Press, RT News).
BRASIL-JAPÃO, BRASIL-VIETNÃ
O presidente Lula está em visita oficial ao Japão, onde foi recebido pelos imperadores Naruhito e Masako. A agenda inclui um banquete oficial, encontro com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba e um fórum empresarial para discutir um possível acordo de livre comércio entre o Japão e o Mercosul. Após a agenda japonesa, Lula seguirá para o Vietnã na próxima quinta-feira (27) (Prensa Latina, BBC News).
DESCULPAS PÓSTUMAS
Durante cerimônia no Dia do Direito à Verdade, o governo brasileiro pediu desculpas às famílias de vítimas da ditadura militar cujos restos mortais foram encontrados em vala clandestina no cemitério de Perus (SP), em 1990. A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, reconheceu negligência do Estado no processo de identificação e criticou o desmonte da pasta no governo Bolsonaro. O caso reacendeu o debate sobre a Lei da Anistia, que pode ser revista pelo STF em casos de assassinatos cometidos por agentes do Estado (NPR via AFP).
SOLIDARIEDADE BRASIL-PALESTINA
O governo também manifestou solidariedade à família de Walid Khalid Abdalla Ahmad, adolescente brasileiro-palestino de 17 anos, morto sob custódia na prisão de Megido, em Israel. Em nota, o Itamaraty exige investigação rápida e independente. Outros 11 brasileiros seguem presos em Israel, a maioria sem acusação formal, o que viola o Direito Internacional Humanitário. A representação diplomática brasileira em Ramala está prestando assistência consular à família (Prensa Latina).
*Imagem em destaque: Antonio Augusto/STF
