ONU denuncia massacre de civis em Gaza

ONU denuncia massacre de civis em Gaza

Por Correspondente de IPS

NAÇÕES UNIDAS – O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou nesta segunda-feira (21), a “contínua e generalizada” perda de vidas na Faixa de Gaza, incluindo ataques israelenses a um bloco residencial em Beit Lahiya que, dois dias antes, deixaram dezenas de mortos.

Seu porta-voz adjunto, Farhan Haq, afirmou à imprensa que Guterres está “profundamente alarmado com o rápido agravamento da situação dos civis no norte de Gaza, incluindo o deslocamento em massa e a falta de itens essenciais para a sobrevivência”. “Os ataques recentes a hospitais no norte de Gaza agravam uma crise humanitária já severa e colocam em risco a vida de milhares”, destacou Haq, acrescentando que é essencial que os combatentes protejam pacientes e profissionais da saúde. “As violações do direito internacional humanitário observadas em Gaza por todas as partes são inaceitáveis. É crucial que haja responsabilização pelos crimes cometidos por qualquer dos lados”, completou.

Haq lembrou que o secretário-geral reitera seus apelos por um cessar-fogo imediato, a libertação incondicional de todos os reféns e acesso irrestrito para equipes humanitárias e de resgate, de modo que possam continuar salvando vidas.

Há um ano, Israel lançou uma grande ofensiva militar na Faixa de Gaza, que tem 365 quilômetros quadrados e abriga 2,3 milhões de pessoas, em resposta a um ataque da milícia palestina Hamas no sul de Israel. O ataque matou cerca de 1.200 pessoas, deixou muitos feridos e resultou na captura de 250 reféns.

Até o momento, a ofensiva israelense em Gaza deixou 42.603 mortos, 99.795 feridos e milhares de desaparecidos, além de destruir grande parte das casas e serviços públicos. A situação mantém a população de Gaza em constante deslocamento e em uma crise humanitária cada vez mais grave.

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (Acnudh) também expressou preocupação com as operações militares israelenses no norte de Gaza, onde “a vida se tornou impossível” para civis presos entre ordens de evacuação e acesso severamente limitado a suprimentos essenciais.

Na região, que abriga cerca de 400 mil palestinos, muitos estão à beira da fome, segundo o Acnudh. “Embora o exército israelense tenha exigido que todos os civis deixem o norte de Gaza, os bombardeios e ataques continuam incessantes, especialmente no campo de refugiados de Jabalya e arredores, tornando a fuga extremamente perigosa”, informou o órgão.

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As forças israelenses destruíram casas e escolas usadas como abrigo, deixando civis desabrigados à medida que o inverno se aproxima. O Acnudh também relatou que muitos palestinos temem não poder retornar às suas casas se forem embora.

Segundo o jornal israelense Haaretz, em uma reunião na fronteira entre Israel e Gaza com apoiadores de reassentamentos, o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, defendeu a erradicação da população palestina na área. “Israel incentivará a transferência voluntária de todos os cidadãos de Gaza. Ofereceremos a oportunidade de se mudarem para outros países, pois esta terra nos pertence”, disse Ben-Gvir, segundo a imprensa.

Philippe Lazzarini, diretor da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (Unrwa), alertou que os hospitais em Gaza enfrentam falta crítica de combustível e suprimentos médicos, agravada por bloqueios e ataques às equipes de resgate. “Os hospitais foram atacados e ficaram sem eletricidade, enquanto os feridos não recebem atendimento”, afirmou Lazzarini. “Negar e usar a assistência humanitária como arma é um sinal da degradação da bússola moral. Ninguém deveria mendigar para receber ou prestar ajuda.”

Tor Wennesland, coordenador especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, destacou que “cenas horríveis estão acontecendo no norte de Gaza, com os ataques incessantes de Israel agravando cada vez mais a crise humanitária”. “A situação está se tornando um pesadelo. O caminho à frente exigirá coragem, vontade política e um diálogo renovado. Devemos isso às famílias que sofrem em Gaza e em Israel. A guerra precisa acabar agora”, concluiu.

*Imagem em destaque: Forças israelenses atacaram tendas que abrigavam civis deslocados ao lado do hospital Al-Aqsa, área previamente designada para reubicar as vítimas (ONU).

**Publicado originalmente em IPS – Inter Press Service | Tradução e revisão: Marcos Diniz

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