Crescimento econômico da Ásia e do Pacífico desacelera

Por Correspondente da IPS
MANILA – Mesmo antes da atual guerra tarifária que afeta o mundo, o Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD) já previa que as economias em desenvolvimento da Ásia e do Pacífico cresceriam em ritmo mais lento em 2025 e 2026, em comparação com seu desempenho no ano passado.
A projeção do BAD estimou para o conjunto das economias em desenvolvimento da grande região (excluindo Austrália, Japão e Nova Zelândia) um crescimento de 4,9%, em comparação com 5,0% registrado em 2024.
“As economias dos países em desenvolvimento da Ásia e do Pacífico se apoiam em fundamentos sólidos, que sustentam sua resiliência neste desafiador ambiente global”, afirma o relatório divulgado nesta quarta-feira, 9.
No entanto, o economista-chefe do BAD, Albert Park, alertou que “o aumento das tarifas, a incerteza sobre a política americana e a possibilidade de uma escalada das tensões geopolíticas representam desafios importantes para as perspectivas”.
A China, principal economia da região, mantém um embate com os Estados Unidos, que impôs a inédita taxa tarifária de 104% aos produtos chineses, e o gigante asiático respondeu elevando para 84% suas tarifas sobre produtos americanos.
As tarifas implementadas pelo presidente Donald Trump devem impactar as economias asiáticas que têm os Estados Unidos como grande cliente e cujos produtos serão taxados com valores excepcionalmente altos quando chegarem aos portos americanos.
Por exemplo, Camboja 49%, Vietnã 46%, Tailândia 36%, Taiwan e Indonésia 32%, Índia 26%, Malásia 24% e Filipinas 17%.
O BAD, baseando-se em dados de tarifas muito mais baixas vigentes no início do ano, reconhece que o aumento das tarifas americanas, a maior incerteza política e as medidas de retaliação poderiam frear o comércio, o investimento e o crescimento.
“A forte demanda interna e o grande apetite mundial por semicondutores, impulsionados pelo avanço da inteligência artificial, impulsionam o crescimento, mas as tarifas e a incerteza comercial atuarão como obstáculo”, destaca o relatório do BAD.
Mesmo assim, suas estimativas indicavam uma leve desaceleração no crescimento econômico, que se estenderia além deste ano até 2026, com um crescimento menor, de 4,7%.
O banco também projetou que a inflação se moderaria, para 2,3% este ano (foi de 2,6% em 2024) e para 2,2% no próximo ano, à medida que os preços mundiais dos alimentos e da energia continuam caindo.
Uma deterioração maior no mercado imobiliário da China também poderia prejudicar o crescimento. O BAD projetou uma expansão de 4,7% para a economia chinesa este ano e de 4,3% no próximo, em comparação com 5% no ano passado.
Um crescimento maior no sul e no sudeste asiático, impulsionado pela demanda interna, e a contínua recuperação do turismo em outras partes da região compensarão parcialmente a desaceleração na China.
Projeta-se que a Índia, maior economia do sul da Ásia, crescerá 6,7% este ano e 6,8% no próximo. E prevê-se que as economias do sudeste asiático cresçam 4,7% tanto este ano quanto no próximo.
Espera-se que a fraca demanda externa prejudique a atividade econômica no Cáucaso e na Ásia Central, prevendo-se uma desaceleração do crescimento, de 5,7% no ano passado para 5,4% este ano e para 5,0% no próximo.
No Pacífico, o turismo continuará impulsionando o crescimento, embora em ritmo mais lento, previsto em 3,9% este ano e 3,6% no próximo, em comparação com 4,2% registrado em 2024.
Em meio à tempestade tarifária desencadeada por Washington, Park afirmou que “as economias asiáticas devem manter seu compromisso com a abertura comercial e o investimento, que impulsionaram o crescimento e a resiliência da região”.
*Imagem em destaque: Montagem de componentes em uma fábrica de produtos eletrônicos na China. Foto: A3D
**Publicado originalmente em IPS – Inter Press Service

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