Lá no lugar que se diz América

Lá no lugar que se diz América

Lá no lugar que se diz América

o espírito do tempo chega,

estranho,
com promessas que arrebentam sonhos

e erguem pesadelos.

A história insiste em repetir-se,

dizem,
e vem outra vez

com suas máscaras de ferro,
seus gritos de guerra,

seus fantasmas ressuscitados.

Alguns homens

-mulheres também-

erguem a voz,

prometem a verdade única
e o que trazem é sombra,

rancor e silêncio.

Tempos obscuros

dobram a esquina
com palavras

que se vestem de vazio,

como escudo,

dividem o chão

em fronteiras e muros,

ódio e dor.

Tempo de luta

vem por aí.

Verdade, a primeira a ruir

Vejo sombras de gente uniformizada
marchando em seu eterno retorno ao ódio.
Tempo de olhos fechados

e punhos cerrados.

É o Espírito do Tempo que assombra novamente.

Zeitgeist,

depois da farsa, a tragédia,

agora lúgubre.

Tempo de erguer muro

e cavar poço.

Nesse nosso tempo

a verdade é a primeira a ruir.

Quem semeará um ponto de luz?

A história vai e volta,
recomeça como farsa,

como se nunca tivesse sido outra coisa,

vira tragédia

e se repete.

2025,

o mundo em expectativa.

Nós estamos aqui!
Presos na tela,
a um botão que nunca desliga

aguardando um ponto de luz.

Da tela, avistamos o muro,
um eco,

uma sombra,

uma arma…

Da tela, escutamos o grito,

um estrondo,

um espectro…

Que inferno!

A promessa de deportação:

“- Façam as malas e saiam enquanto é tempo!”

A promessa de retaliação:

“- Uma bomba virá!”

Quantos escombros!

E nós estamos aqui.

Não há verso para o genocídio

transmitido na tela,

a palavra vira pedra,

a pedra vira mapa

de gente que não tem mais chão.

E nós continuamos aqui!

Na tela.


É o espírito do tempo

que volta como farsa e tragédia,

um passado sombrio

Veja Também:  O grande desafio é retomar o trabalho de base. Ouça o Podcast.

que se torna presente,

um vento que sopra

e faz tudo virar cinza.

Quem semeará um ponto de luz

em meio a esse mundo lôbrego?

*Imagem em destaque: Pexels.com

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