Lula: “Pato Manco” ou “Pato Voador”?

Lula: “Pato Manco” ou “Pato Voador”?

No meu livro lançado no final do ano, A Democracia na Encruzilhada, discuto a hipótese de Lula se transformar em “pato manco”, ainda este ano. Ou seja, se continuarem as concessões ao mercado, ao Congresso e aos militares, em nome da governabilidade, corremos o risco de perder a próxima eleição, com ou sem Lula, contra um candidato de direita, fortemente apoiado pela mídia.

Se continuar a política de aliança com a direita para combater a extrema direita, a esquerda corre o risco de desaparecer no Brasil. 

Mais importante do que o escorregão de falar em amantes no discurso de 8 janeiro, é reforçar mitos como o papel do Exército na defesa das fronteiras.

Isso  é coisa do século XIX. Os quartéis do Exército nas fronteiras podem ser destruídos em poucos minutos por aviões ou por drones.

A estrutura do Exército continua obsoleta.

E a ideologia transmitida pelas escolas militares continua sendo a ideologia de segurança nacional da ditadura militar. É preciso matar o inimigo. Como não há inimigo externo, inventaram o inimigo interno; os comunistas, os favelados, os que vão às ruas fazer manifestações exigindo direitos etc.

O que faz o Exército, além de golpes de Estado, repressão popular e sinecuras?

Algum politico de esquerda terá algum dia coragem para denunciar a inutilidade do Exército e discutir o papel das Forças Armadas numa democracia do século XXI?

Até quando vamos apoiar um Governo que defende a transferência da maioria dos recursos públicos para o mercado financeiro em detrimento da área social e do desenvolvimento?  Se isso se justifica em nome do combate à extrema direita, a agenda da esquerda tende a desaparecer ou, na melhor das hipóteses, a se enfraquecer muito.

Veja Também:  Lula está reagindo como nas crises de 2005 e 2006 (Carlos Tibúrcio ao portal Desacato).

A hipótese de Lula se transformar em pato manco é uma hipótese pessimista, mas não é impossível.

Tampouco é impossível ele mudar o padrão de governança e apelar para a mobilização popular em defesa do Governo e adotar uma agenda mais à esquerda.

O futuro é imprevisível. O tempo dirá.

*Imagem em destaque: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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