Mesa-redonda e ciclo de filmes examinam as conseqüências da ditadura

Mesa-redonda e ciclo de filmes examinam as conseqüências da ditadura

Na semana de 17 a 21 de março, o Centro MariAntonia promove uma série de atividades que fazem parte da programação paralela da exposição Memórias Encontradas: entre a perseguição e a solidariedade, em cartaz neste centro cultural até 6 de abril, sobre asilados na embaixada da Argentina em Santiago do Chile, em 1973.

A programação é aberta a todos, sem necessidade de vínculo com a USP, e com entrada gratuita.

Haverá uma mesa-redonda, um ciclo de cinema e uma roda de bordados, somando-se às iniciativas de divulgação da memória do Brasil nos anos de chumbo, agora ampliadas pela trajetória vencedora do filme Ainda Estou Aqui, primeiro Oscar brasileiro. 

A mesa-redonda reúne Marcelo Godoy, autor de uma biografia do DOI-CODI paulista, e Silvia Whitaker, conselheira da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e autora de um relatório sobre a colaboração do Itamaraty nas políticas de extermínio e desaparecimento de militantes adotadas pela ditadura. A mesa vai ser precedida da apresentação de 15 Filhos, um curta de 18 minutos (Marta Nehring e Maria Oliveira), que fala de crianças confrontadas à tortura e ao assassinato de seus pais.

A sequência da programação parte da história do golpe de 64 (Jango, de Silvio Tendler);  depois foca na resistência estudantil que precedeu o AI-5 (A Batalha da Maria Antônia, de Renato Tapajós); passa pela tortura e o assassinato de que foram vítimas militantes como Eduardo Leite, o Bacuri, comandante  do sequestro do embaixador alemão, que libertou 40 prisioneiros políticos (Repare Bem, de  Maria de Medeiros); aborda o sequestro do embaixador suíço (70, de Emilia Silveira); trata do desaparecimento de Heleny Guariba (Cadê Heleny?, de Esther Vital) e do papel dos advogados no apoio à resistência (Advogados contra a Ditadura, de Silvio Tendler). O último dia é dedicado às dificuldades da volta à democracia. Água, Açúcar e Sal é um documentário histórico: filmado no interior do presídio Frei Caneca, no Rio de Janeiro, ele mostra a greve de fome de um coletivo de presos, às vésperas da votação da Anistia pelo Congresso Nacional. Fico te devendo uma carta sobre o Brasil, de Carol Benjamin, é o relato de uma filha em busca de entender o que foi a história de resistência de seu próprio pai. Por fim, Deslembro, de Flavia Castro, aborda as dificuldades de uma adolescente confrontada ao retorno do exílio.

Confira aqui a programação:

Segunda-feira, 17 de março
15 horas – Exibição do filme “15 Filhos” de Maria Oliveira e Marta Nehring (1996, 19´)
Sinopse: o documentário mostra a experiência da repressão vivida por crianças, filhas de militantes torturados, mortos e desaparecidos na ditadura.

Mesa-redonda: Tortura, extermínio e desaparecimento na ditadura
Convidados:
Marcelo Godoy, jornalista, autor de A Casa da Vovó: Uma Biografia do DOI-CODI (1969-1991) (ganhador do Prêmio Jabuti de 2015), e Cachorros (2024);
Silvia Whitaker, diplomata (aposentada), foi assessora da Comissão Nacional da Verdade, autora do Relatório Relações Exteriores: representações diplomáticas a serviço dos órgãos de informação e repressão;

Mediação: Vera da Silva Telles, socióloga, professora da Universidade de São Paulo.

Ciclo de filmes

Terça-feira, 18 de março

15 horas – “Jango”, de Silvio Tendler (1984, 117´)
Sinopse:
O longa retrata a história do governo João Goulart, sua luta pelas reformas de base num contexto de guerra fria e a deposição do Presidente por um golpe militar, nas primeiras horas do dia 1° de abril de 1964. (Troféu Margarida de Prata, CNBB; Prêmio especial do júri, prêmio do público e melhor trilha sonora no Festival de Gramado.).

17 horas – “A Batalha da Maria Antônia”, de Renato Tapajós (2013, 76´)
Sinopse: 
O documentário revisita o confronto, em 2 de outubro de 1968, entre estudantes da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da USP e da Universidade Mackenzie, estes últimos apoiados por agentes da repressão. Nesse episódio, o secundarista José Carlos Guimarães foi morto por um tiro disparado de uma janela do Mackenzie. O prédio da Faculdade de Filosofia foi incendiado. Dois meses mais tarde era promulgado o AI-5, que suspendeu todas as garantias individuais e iniciou o período mais violento da ditadura.

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Hoje os prédios da FFCL abrigam este centro cultural – o Centro MariAntonia da USP.

Quarta-feira, 19 de março

15 horas – “Repare bem”, da diretora portuguesa Maria de Medeiros (2012, 95´)
Sinopse:
O filme relata a prisão, a agonia e a morte de Eduardo Leite (Bacuri), depois de 109 dias de tortura nas mãos do delegado Sergio Paranhos Fleury, do DOPS de São Paulo. Relatos de sua companheira, Denise Crispim, presa e torturada grávida, e de sua filha Eduarda, que ele não viu nascer. (Melhor filme estrangeiro no Festival de Gramado.).

17 horas – “Setenta”, de Emília Silveira (2013, 96´)
Sinopse:
A película relata a libertação de 70 presos políticos brasileiros, enviados ao Chile em troca da vida do embaixador suíço Giovanni Bucher, após mais de 40 dias de negociações. Primeiro nome da lista, Eduardo Leite (Bacuri) foi morto para não ser entregue aos sequestradores.

Quinta-feira, 20 de março

15 horas – “Cadê Heleny?” de Esther Vital (29´, 2022) de Esther Vital + roda de bordado 
Exibição seguida de roda de bordados com o coletivo Linhas de Sampa
Sinopse:
O documentário resgata a trajetória de vida de Heleny Guariba, filósofa, professora e diretora de teatro desaparecida em 1971, sob a ditadura militar brasileira. Inspira-se nas arpilleras, uma forma de protesto singular que surgiu no Chile em resposta aos horrores do regime militar de Pinochet. Com tapeçarias feitas de retalhos de tecido e pontos simples, essas mulheres denunciavam o que não podia ser dito em palavras.

17 horas – “Advogados contra a Ditadura”, de Silvio Tendler (130´)
Sinopse:
Durante o período da ditadura militar, advogados desempenharam papel fundamental na defesa dos direitos de militantes presos pelo regime. (Prêmio Margarida de Prata, CNBB, 2014.)

Sexta-feira, 21 de março

15 horas – “Fico te devendo uma carta sobre o Brasil”, de Carol Benjamin (2019, 88´)
Sinopse:
Através de uma história familiar de lutas contra a ditadura, entre a resistência ao golpe e o combate pela Anistia, o filme mostra os percalços da construção e da transmissão da memória.

16h30 – “Água, açúcar e sal”, de Paulo Roberto Jabur com coletivo de presos e o Centro de pesquisa “Práticas de Contra-Arquivo” da PUC-RJ (1979, 15´)
Sinopse:
Em 1979, às vésperas da votação da Lei da Anistia, uma greve de fome é filmada no presídio Frei Caneca, graças a uma câmera Super-8, introduzida sob pretexto de filmar o aniversário do filho de um deles. Água, açúcar e sal é a composição do soro utilizado para proteger os grevistas.

17 horas – “Deslembro”, de Flavia Castro (2018, 105´)
Sinopse: Joana é uma adolescente que vive com a família em Paris. Quando a anistia é decretada no Brasil, ela volta ao Rio de Janeiro, cidade onde nasceu e onde seu pai desapareceu nos porões do DOPS.

Serviço

Mesa-redonda da exposição Memórias encontradas: entre a perseguição e a solidariedade

Ciclo de Filmes – Memórias encontradas: entre a perseguição e a solidariedade

Onde  |  Centro MariAntonia da USP – Salão Nobre e Sala Carlos Reichenbach (cinema)

Rua Maria Antônia, 294, Vila Buarque – São Paulo – próximo a estação Higienópolis do Metrô.

Quando | mesa-redonda no dia 17 de março às 15h/ ciclo de filmes de 18 a 21 de março de 2025, com sessões às 15h e 17h

Quanto | Gratuito

Lotação do salão nobre | 84 lugares (sujeito à lotação)

Lotação do cinema | 64 lugares (sujeito à lotação)

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