O colapso dá sinais

Um Império moribundo, tem grande capacidade de produzir espasmos antes de cair de vez.
Olhando de perto, vemos a árvore, mas não a floresta.
Vemos apenas o mal que pode causar a curtíssimo prazo, o que é sério, afinal vidas humanas importam, imigrantes do centro e do sul americanos importam.
Mas percebe-se que a queda é inexorável, quando se consegue olhar a floresta. Não se pode definir quanto tempo vai durar, mas se pode perceber suas decadência pelo cheiro de podre que exala.
Esta fase da direita radical e branca em ascensão, apenas apresenta o rescaldo dos ressentidos no mundo inteiro, onde os caucasianos, os maiores defensores da propriedade, guardiões da família que reproduz e amplia a estirpe do sangue azul, pressente a inexorabilidade da queda, descobre pasmo que seu vizinho de quarteirão é um eventual imigrante recente, que não partilha seus padrões de comportamento.
É o mesmo ressentimento que o europeu mostra, quando seus filhos dividem bancos escolares com gente que teve formação tão estranha aos princípios evangélicos, aqueles que impuseram padrões de comportamento, que querem retomar, mas não têm mais essa força, agora não adianta mais, os negros submissos tornaram-se orgulhosos afro-americanos, as mulheres saíram do lar, os ateus escancaram a decadência das crenças mais retrógradas e não há mais o poder de uma Inquisição regida por uma igreja com real poder.
A reação é violenta, a visão da floresta é insuportável, num mundo com 8 bilhões de seres humanos.
Como defender a família reprodutora de capital e sangue azul, aquela que mantém o cinismo descarado de defender os princípios cristãos para todos, enquanto mantém, ao mesmo tempo, o assédio sobre meninas e meninos em seus escritórios, em seus pequenos impérios comerciais, até dentro das igrejas, nem sempre apenas na calada da noite; enquanto mantém 1 bilhão de pessoas em situação de fome, enquanto produz riquezas infinitas, com a comida que serve – não para alimentar a barriga de quem precisa comer – mas o bolso de quem acha natural ganhar sempre mais, mesmo que seu vizinho não tenha onde cair morto.
A indignação reacionária é cheia de razão, o mundo dos saudosistas está ruindo em todas as frentes.
Até a discussão energética coloca em risco aquilo que um dia foi chamado de o ouro negro, o petróleo que tanta riqueza criou.
A floresta universal é dura demais, para o império decadente, seus estertores são feitos de espasmos de poder de fogo, através de armas sofisticadas, cujos tiros, comumente saem pela culatra.
É, a vida é dura para os reacionários, a diversão tecnológica, a fantasia dos carros elétricos, dos vôos pagos ao espaço, são tiros de festim, só atingem a seus objetivos a curto prazo.
Um Império é capaz de fazer muito barulho na sua queda, quanto maior, maior é a sua queda, assim como um leão velho é capaz de fazer muito estrago antes de morrer.
Mas quando se vê a floresta, quando se vê para onde caminha o mundo, vê-se a tolerância, o respeito à diversidade, a convivência pacífica, a defesa das energias renováveis e limpas logo ali, na virada dos tempos, em poucos anos, menos de 30, menos de 50.

Breno Raigorodsky é filósofo, publicitário e bebedor de vinho de qualquer cor e graduação alcóolica.