Ataque Especulativo: Nova Ameaça de Golpe?

Apesar dos índices positivos na economia, o ataque especulativo do mercado, via aumentos injustificados do dólar, não encontrou resposta firme de Lula que não reagiu denunciando ao país essa tentativa de submissão do Governo aos interesses do mercado financeiro.
POR LISZT VIEIRA
O Governo Lula 3 está se enfraquecendo visivelmente e ficando parecido com o Governo Dilma 2. Lula é um político de diálogos, negociações e acordos. Não é um político de enfrentamentos.
Depois de fracassada a tentativa de derrubar o Governo via golpe militar, e de um período de encolhimento da direita, volta agora, por via financeira, a tentativa de derrubar ou pelo menos submeter o governo Lula aos interesses do mercado.
Sem maioria no Congresso, o Governo, em nome da governabilidade, contaminou o Poder Executivo com políticos de direita. E o Banco Central é hoje órgão executivo do Mercado, sempre pronto a aumentar a taxa de juros, mesmo com inflação baixa, para garantir os altos lucros dos Bancos, dos rentistas e de todo o mercado financeiro.
Apesar dos índices positivos na economia, o ataque especulativo do mercado, via aumentos injustificados do dólar, não encontrou resposta firme de Lula que não reagiu denunciando ao país essa tentativa de submissão do Governo aos interesses do mercado financeiro, cujo objetivo é reduzir ao máximo os recursos públicos destinados à área social a fim de canalizá-los para o mercado.
Com o Governo ajoelhado, e o Congresso dominado, aumentou a responsabilidade do STF na defesa da Democracia e da República, principalmente pela atuação dos Ministros Alexandre de Moraes e Flavio Dino.
A reforma ministerial anunciada deve trocar seis por meia dúzia. Infelizmente, os Ministros da área social, provenientes da esquerda, estão decepcionando suas bases de apoio pela incompetência administrativa e política na gestão de suas Pastas.
Não sabemos se o boicote atual do Mercado será contornado ou agravado. Mesmo se contornado agora, retornará com força mais adiante. Mais cedo ou mais tarde, Lula terá de partir para o enfrentamento, sob pena de virar um “pato manco” dois anos antes de 2026, e de correr o risco de perder a eleição, seja ele ou outro o candidato.

FOTO DE CAPA: Lula por Ricardo Stuckert/PR

Liszt Vieira é integrante da Coordenação Política e Conselho Editorial do Fórum 21 e do Conselho Consultivo da Associação Alternativa Terrazul. Foi Coordenador do Fórum Global da Conferência Rio 92, secretário de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro (2002) e presidente do Jardim Botânico fluminense (2003 a 2013). É sociólogo e professor aposentado pela PUC-RIO.