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Governo anuncia crédito extraordinário de R$ 514 milhões para combater incêndios

Governo anuncia crédito extraordinário de R$ 514 milhões para combater incêndios

Queimadas têm forte ligação com o agronegócio. A degradação ambiental é impulsionada por práticas como o desmatamento para abrir espaço para a agricultura e pecuária, diz Jean Marc Von der Weid

NÃO É POP

O presidente Lula se reuniu na tarde desta terça-feira (17) com autoridades no Palácio do Planalto para discutir medidas de combate aos incêndios florestais que afetam mais de 50% do território brasileiro. A reunião contou com a presença dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, da Câmara, Arthur Lira, do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, do Procurador-Geral Paulo Gonet, e do presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas. Ao final do encontro, o governo anunciou um crédito extraordinário de R$ 514 milhões de reais para um programa de combate às queimadas.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, informou que o encontro seria conduzido como uma questão de Estado, com a participação de várias esferas do poder, e que, durante a reunião, seriam debatidas ações para enfrentar a emergência climática provocada pela intensa seca que afeta grande parte do país. Na segunda-feira (16), Lula já havia se reunido com ministros e especialistas para obter um diagnóstico atualizado da situação (Prensa Latina).

Mais cedo, na terça (17), o governo brasileiro solicitou ajuda a países da América Latina e América do Norte para enfrentar a onda devastadora de incêndios que já destruiu milhões de hectares de florestas, lavouras e áreas verdes urbanas. Com mais de 160 mil focos de incêndio registrados desde o início do ano, as queimadas não afetam apenas áreas tradicionais, mas também regiões inesperadas, como o interior de São Paulo.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o presidente Lula, ambos criticados por suposta omissão diante da crise, pediram ao Ministério das Relações Exteriores que acionasse as embaixadas para solicitar apoio. Os pedidos foram direcionados a países como EUA, Canadá, México, Colômbia, Peru, Uruguai, Chile e Paraguai. O presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, foi o primeiro a responder, enviando um avião de combate a incêndios e milhares de litros de um composto capaz de sufocar e extinguir o fogo.

Enquanto o Congresso se concentra em questões morais propostas pela extrema-direita, sem abordar a crise dos incêndios, o Supremo tem se mostrado uma exceção. Após determinar a criação de uma força-tarefa com bombeiros de todos os estados, o STF também decidiu que os custos com o combate aos incêndios devem ser excluídos da meta fiscal, contrariando a justificativa do governo de que os gastos precisavam ser limitados para evitar o aumento do déficit (Correio da Manhã).

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Os incêndios florestais na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal têm forte ligação com o agronegócio. No Brasil, a expansão acelerada das fronteiras agrícolas desde a ditadura militar tem contribuído para a destruição contínua de grandes áreas de floresta e outros ecossistemas. Em um único dia, foram registrados 5.132 focos de incêndio, exacerbados por uma das secas mais severas das últimas décadas. A falta de umidade torna as florestas primárias mais suscetíveis ao fogo, que é frequentemente utilizado para limpar áreas desmatadas, como os campos de cana-de-açúcar em São Paulo.

De acordo com o economista agrícola e ambientalista Jean Marc Von der Weid, a degradação ambiental é impulsionada por práticas como o desmatamento para abrir espaço para a agricultura e pecuária. A destruição começa com a remoção de madeira e a posterior queima da vegetação seca. Embora os incêndios primários geralmente ocorrem em áreas de pastagens e não em florestas virgens, a prática de queimar áreas próximas aos limites das florestas é comum para estimular o crescimento de pastos.

Os incêndios aumentaram significativamente em 2024, com uma elevação de 83% na área queimada entre janeiro e julho em comparação com o ano anterior. A queima em áreas de desmatamento recente e em florestas virgens é responsável por uma parte considerável dos incêndios, refletindo a continuidade das práticas de expansão agrícola agressiva.

No Cerrado, uma ecorregião crucial para a produção de soja, as queimadas também são alarmantes, afetando 665 mil hectares de vegetação nativa entre 2022 e 2023. No Pantanal, o aumento dos incêndios chegou a 2.362% em relação ao primeiro semestre de 2023. A concentração de terras nas mãos de grandes proprietários, com pouca regulação, contribui para o uso indiscriminado do fogo para gestão de pastos e expansão agrícola (Tierra Viva).

PIB EM ALTA

O Banco Central do Brasil prevê um crescimento de 2,96% do PIB para 2024, um aumento em relação à previsão anterior de 2,68%. Este ajuste positivo marca a quarta semana consecutiva de revisões para cima nas estimativas de crescimento econômico. Para 2025, a previsão se mantém em 1,90%, enquanto para 2026 e 2027, o crescimento é estimado em 2%. O ajuste reflete uma melhoria na confiança econômica e um desempenho mais robusto do que o inicialmente previsto, indicando uma recuperação econômica sólida para o Brasil em 2024 (Prensa Latina).

*Imagem em destaque: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

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