Seca e incêndios devastadores marcam o dia da Amazônia
Em meio à pior seca em décadas e uma onda de incêndios, o Brasil comemora o Dia da Amazônia nesta quinta-feira (5) sob uma grave emergência climática. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que o país enfrenta a maior crise de queimadas desde 2010, com 68 mil focos registrados apenas em agosto.
A Amazônia é uma das regiões mais afetadas, com a seca exacerbando os incêndios. Estados como Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Mato Grosso já declararam situação de emergência ambiental ou de saúde pública. Em 37 municípios, a situação é crítica, com mais de mil focos de fogo registrados em uma semana. As cidades mais atingidas são São Félix do Xingu, com 1.443 focos, e Altamira, com 1.102, segundo o Inpe.
Em agosto, o número de queimadas na Amazônia aumentou 120% em relação ao ano anterior. O Pantanal, outro ecossistema vital, também está sendo devastado pelos incêndios, que já destruíram mais de 1,5 milhão de hectares em 2024, o equivalente a 11% da área brasileira do bioma.
Além dos incêndios, o Brasil enfrenta a pior seca desde 1950. O nível do Rio Madeira, crucial para a geração de energia, atingiu seu menor patamar, com apenas 1,02 metro. Sem previsão de chuvas, a crise hídrica deve se intensificar nas próximas semanas (EFE).
A seca na Amazônia é apenas um aspecto de um problema mais amplo. Em uma audiência no Senado, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, explicou que a perda de umidade na floresta a torna mais vulnerável a incêndios. Ela destacou que a Amazônia está enfrentando mudanças climáticas extremas, que aumentam a probabilidade de incêndios tanto por ações humanas quanto por fenômenos naturais, como raios.
A situação dos incêndios também está mudando: atualmente, 27% das áreas queimadas estão em regiões de agropecuária, totalizando 900 mil hectares. A maior parte das queimadas (41%) ocorre em pastagens e vegetação não florestal, mas 32% afeta áreas florestais – uma porcentagem significativamente maior do que nos anos anteriores. No Amazonas, por exemplo, 37% dos incêndios do ano passado atingiram florestas primárias, acima da média histórica de 15% a 18%.
Para enfrentar a crise, a ministra defende o aumento dos recursos para adaptação às mudanças climáticas e solicitou o apoio dos senadores para criar um programa que isente esses recursos dos limites orçamentários. Marina também destacou um paradoxo: enquanto há pressão para combater os incêndios, existem demandas por investimentos que podem agravar a situação, como projetos de exploração petrolífera na margem equatorial da foz do rio Amazonas (Público).
Paralelamente, a Polícia Federal (PF) investiga possíveis crimes relacionados ao incêndio que devastou quase 40% da Floresta Nacional de Brasília (Flona). Os bombeiros e brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) conseguiram controlar as chamas apenas na madrugada desta quinta-feira (5). A investigação foi iniciada pela Delegacia de Repressão a Crimes Ambientais da PF após três indivíduos terem sido vistos no local no início do incêndio, na terça-feira (3), levantando suspeitas de que o fogo possa ter sido criminoso.
O chefe da Flona, Fábio Miranda, declarou que os suspeitos não se comportavam como visitantes comuns e que as características do incêndio não indicam uma queimada controlada que saiu do controle. O incêndio devastou 2.176 hectares, cerca de 38% da área do parque, e destruiu a vegetação de duas das cinco fontes de água da Flona, que abastecem 70% das residências do Distrito Federal. Equipes de bombeiros permanecem no local para evitar novos focos e buscar animais feridos ou mortos (Prensa Latina).
BRASIL E PORTUGAL
O embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro, fez um balanço das relações entre os dois países durante um evento em comemoração à independência do Brasil, nesta quinta-feira (5), destacando o crescimento da comunidade brasileira em Portugal, que passou de 80 mil para 400 mil pessoas legalizadas nos últimos 12 anos, além do aumento de iniciativas tecnológicas e empreendedoras, como a participação de mais de mil brasileiros na última edição do WebSummit em Lisboa.
Carreiro aproveitou a ocasião para fazer um apelo internacional para que mais países se unam no combate à fome, e mencionou o convite do presidente Lula para que as nações participem da Aliança Global contra a Fome, citando dados da FAO, que revelam que 828 milhões de pessoas no mundo – o que representa mais de 10% da população global – enfrentam fome.
O embaixador lamentou o retrocesso nos esforços para erradicar a fome e a pobreza, observando que os níveis de subnutrição atuais são comparáveis aos de 2008, e destacou os pilares da Aliança Global – políticas públicas eficazes, capacitação técnica e fontes de financiamento, ressaltando que a ONU estima a necessidade de 40 bilhões de dólares anuais para eliminar a fome no mundo. “Pode parecer muito, mas é uma pequena fração do que se gasta anualmente com guerras”, afirmou (Público).
BRICS PELA PAZ
O presidente russo Vladimir Putin sugeriu nesta quinta-feira (5) que China, Brasil e Índia poderiam atuar como mediadores em futuras negociações de paz com a Ucrânia, em contraste com os EUA e as potências europeias, que, segundo Moscou, estariam interessadas em prolongar o conflito. Durante o Fórum Econômico Oriental em Vladivostok, Putin afirmou que respeita os países que, em sua opinião, estão genuinamente interessados em resolver o conflito. “Se trata principalmente de China, Brasil e Índia”, disse ele.
O presidente russo, que retornou recentemente de uma visita à Mongólia, onde as autoridades desconsideraram seu mandado de prisão emitido pela Corte Penal Internacional, reiterou suas acusações contra o Ocidente. Segundo ele, os países ocidentais estariam pressionando Kiev para manter as hostilidades. Putin também ressaltou que a paz não poderá ser negociada enquanto a Ucrânia não retirar suas tropas da região de Kursk (Clarín).
*Imagem em destaque: Marcelo Camargo/Agência Brasil