Trump significa o recrudescimento do radicalismo no Brasil

Trump significa o recrudescimento do radicalismo no Brasil

“Vitória de Trump é terror para Lula e o Brasil”, diz o analista Vicente Nunes no português Público.  A vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos é uma derrota para a democracia, ao menos no sentido em que a conhecemos hoje, e um terror para o Brasil. Como presidente da maior economia do planeta, Trump tende a impulsionar a extrema-direita, com tudo de ruim que ela carrega, e a tensionar as relações mundiais, que estão esgarçadas com duas guerras longe de acabar — entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e os grupos Hamas e Hezbollah. Para o Brasil, Trump significa o recrudescimento do radicalismo representado por Jair Bolsonaro, que logo tratou de “agradecer a Deus” pela vitória do republicano. O ex-presidente brasileiro acredita que, com o aliado norte-americano no poder, terá apoio suficiente para derrubar, no Congresso, a inelegibilidade de oito anos imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro acredita piamente que, assim como Trump voltará triunfal à Casa Branca, o mesmo acontecerá com ele em 2026, ao Palácio do Planalto. E finaliza: com Trump novamente presidente dos Estados Unidos, os radicais se agigantam para destilar ódio, misoginia, racismo. Tempos sombrios estão por vir.

Meloni, Bolsonaro, Milei, Modi e Abascal: a extrema direita internacional canta vitória com Trump. Da Argentina ao Brasil, da Itália à Hungria, líderes ultranacionalistas e populistas comemoraram a vitória do candidato republicano dos EUA sobre a democrata Kamala Harris. Líderes de grupos e governos internacionais de extrema direita endossaram nesta quarta-feira a vitória do republicano Donald Trump nas eleições dos EUA e se identificaram com suas posições. Milei pede a Trump que torne os Estados Unidos grandes e Bolsonaro ficou eufórico. Texto traz a repercussão de todos os líderes da extrema-direita mundial. (El Diario Ar)

O La Nación traz reportagem sobre os perdedores e os ganhadores com a eleição do presidente dos EUA. Trump prometeu aumentar a disputa tarifária com a China, o crescente rival econômico e estratégico dos Estados Unidos. No Oriente Médio, ele prometeu, sem dizer como, acabar com os conflitos entre Israel, Hamas e Hezbollah. Ele também prometeu acabar com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia dentro de 24 horas após assumir o cargo, algo que a Ucrânia e seus apoiadores temem que seja em termos favoráveis a Moscou. Ganhadores, segundo o jornal, Elen Musk, Benjamin Netanyahu, a direita internacional — com citação à euforia de Bolsonaro –, a indústria dos EUA, as criptomoedas. Perdedores: Europeus e Otan, Ucrânia, imigrantes, a luta contra as mudanças climáticas, os direitos das mulheres e das minorias.

O presidente Lula publicou nota no X reconhecendo a vitória de Trump: “Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos Estados Unidos. A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo.” (Humanité / Guardião)

“Com a vitória de Trump, o Brasil de Lula pode ser empurrado para a China”, é o título do Le Monde em texto que diz que “Palavras contundentes e clara preocupação. Nos últimos dias, Luiz Inácio Lula da Silva não fez questão de esconder sua preocupação com uma possível vitória de Donald Trump. Sem citar seu nome, na sexta-feira, 1º de novembro, o presidente do Brasil descreveu o “ódio” e as “mentiras” destiladas pelo bilionário e seus aliados como “o fascismo e o nazismo voltando com uma cara diferente”, em uma entrevista transmitida pela TF1. A vitória do candidato republicano, que venceu a eleição presidencial dos Estados Unidos na terça-feira, soa como um duro golpe e uma séria ameaça ao líder esquerdista, tanto diplomática quanto internamente. “A vitória de Trump é um enorme desafio, provavelmente o momento mais delicado para o Brasil em décadas”, diz Jamil Chade, jornalista brasileiro do site de notícias UOL e especialista em relações internacionais.” O bilionário não esconde seu desprezo pelo colega brasileiro, a quem já chamou no passado de “Lulu, o maluco”. Isso contrasta fortemente com o ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2023), réplica e vassalo de Donald Trump, que alinhou sistematicamente sua diplomacia com a de seu “amigo” americano. Em 2020, ele esperou seis longas semanas para reconhecer a vitória de Joe Biden na eleição presidencial. (Le Monde)

Veja Também:  Bruno e Dom: PF indicia mandante dos assassinatos

Análise do argentino marxista Roberto Sáenz no site Esquerda Web: “Dá a impressão de que ocorreu um fenômeno semelhante ao que se passou no Brasil e também na Argentina. Ou seja, houve uma contradição, um contraste entre o elemento econômico ligado à inflação, que é baixa nos Estados Unidos, mas muito alta para seus padrões, especialmente nos dois primeiros anos da presidência de Biden por conta da pandemia, e do problema do voto democrático do outro lado, onde houve uma recuperação na campanha democrata, semelhante aos elementos de remontada que houve na Argentina diante do primeiro turno em outubro de 2023 e também no Brasil com o #Elenão, uma grande marcha das mulheres e juventude contra Bolsonaro, mas que não foi suficiente.”

CORTES NO ORÇAMENTO

O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, anunciou no domingo o cancelamento de sua partida planejada para o dia seguinte. De acordo com um comunicado à imprensa, o presidente Lula havia “pedido” que ele permanecesse no país para se concentrar em uma “questão interna” prioritária: um projeto de corte orçamentário. Embora o ex-operário siderúrgico tenha sido eleito com base em um programa social, uma lei que estabelece para o orçamento aprovado pelo Congresso em agosto de 2023 o obriga a seguir uma política rigorosa de austeridade. A lei limita o crescimento real dos gastos a 2,5% ao ano. Como resultado, ele é forçado a fazer concessões dolorosas para satisfazer seus aliados. A “estrutura orçamentária” também tinha como objetivo substituir outra lei mais rígida, adotada em 2016 sob o governo de Michel Temer, que previa o congelamento dos gastos públicos por um período de vinte anos. (Le Monde)

BANGLADESH / BRASIL

O professor de Bangladesh Muhammad Yunus, conselheiro-chefe, pediu ao Brasil que trabalhe mais de perto com Bangladesh para aumentar a cooperação bilateral em diferentes campos, inclusive no comércio. O embaixador brasileiro em Bangladesh, Paulo Feres, o chamou em seu escritório na área de Tajgaon, em Dhaka. Feres disse ao conselheiro-chefe que o Brasil e Bangladesh têm muitas áreas de cooperação inexploradas, que podem ser potencialmente um boom para os dois países. “Temos 2,6 bilhões de dólares de comércio agora a nosso favor. Queremos equilibrá-la aumentando as importações de Bangladesh”, disse. (Daily Star, britânico)

Na imagem, montagem de fotos de Lula e Trump / Reprodução

Tagged: