A Europa em choque com o Islã
Entre os fantasmas que rondam a Europa, além da guerra na Ucrânia, está à sombra do Islã. A forte religião de Maomé une a fé dos povos de Alá e promete aos fiéis a libertação das amarras do mundo. Também simboliza a energia espiritual para a guerra santa, a Jihad, em resposta ao massacre histórico sofrido pelos povos islâmicos desde as Cruzadas.
As intervenções de países ocidentais no Oriente Médio, especialmente em busca de petróleo, têm causado grande sofrimento e resultaram em uma onda de refugiados em direção à Europa, aumentando o medo de uma “invasão oriental”. Esse temor tem impulsionado a extrema-direita europeia, que defende a rejeição dos imigrantes e a proteção dos valores ocidentais.
O crescimento das tensões fez surgir a ideia de um “choque de civilizações”, levando muitos europeus a acreditarem que as comunidades muçulmanas podem impor suas crenças e costumes. Enquanto a extrema-direita pede o fechamento das fronteiras, as comunidades muçulmanas buscam inclusão e compreensão cultural.
A Eurábia
Apesar de o cristianismo ser a maior religião mundial, projeções indicam que os muçulmanos devem ultrapassar os cristãos até a segunda metade do século. Na França, por exemplo, 8% da população é de origem muçulmana, e, embora uma minoria sonhe com um califado europeu, a maioria se considera francesa.
Estudiosos como Bernard Lewis argumentam que a alta natalidade entre muçulmanos pode levar à formação de uma “Eurábia” – uma Europa com maioria islâmica até o final do século. Contudo, críticos destacam que a fertilidade entre mulheres muçulmanas têm diminuído.
As Cruzadas e o fascismo islâmico
Movimentos radicais islâmicos, como o Daesh e Al-Qaeda, veem o Ocidente como a terra dos cruzados. A memória das expedições militares europeias contra os muçulmanos, que promoveram destruição e massacres, alimenta o ódio de muitos militantes da Jihad. Na Europa, atentados modernos têm se caracterizado por ataques massivos e ações individuais, como no caso do ataque ao Charlie Hebdo e a decapitação de Samuel Paty.
Esses atentados incluem desde explosões e ataques com veículos até ataques com faca, como o ocorrido em Nice. Grupos considerados terroristas, como o Taliban e o Al-Shabaab, operam em várias regiões e, em alguns casos, treinam militantes para operações internacionais.
O Islã
A falta de compreensão sobre o Islã no Ocidente criou uma imagem associada ao extremismo e à opressão, reforçada pela xenofobia e islamofobia. No entanto, o Corão prega justiça, igualdade e compaixão, inspirando-se em tradições judaicas, cristãs e árabes. Comunidades muçulmanas europeias denunciam a violência e marginalização que sofrem. Em Londres, por exemplo, ataques contra essas comunidades aumentaram 70%, enquanto, na Espanha, 40% dos crimes de ódio são classificados como islamofobia.
*Imagem em destaque: Reprodução/Funci
Poeta, articulista, jornalista e publicitário. Traballhou no Diário de Minas como repórter, na Última Hora como chefe de reportagem e no Correio de Minas como Chefe de Redação antes de se transferir para a publicidade, área em que se dedicou ao planejamento e criação de campanhas publicitárias. Colaborou com artigos em Carta Maior e atualmente em Fórum 21. Mora hoje no Porto, Portugal.
É autor de Poente (Editora Glaciar, Lisboa, 2022), Dezessete Poemas Noturnos (Alhambra, 1992), O Último Número (Alhambra, 1986), O Itinerário dos Emigrantes (Massao Ohno, 1980), A Região dos Mitos (Folhetim, 1975), A Legião dos Suicidas (Artenova, 1972), Processo Penal (Artenova, 1969) e Texto e a Palha (Edições MP, 1965).