Festival Isla Verde: o Sul Global soprando mudanças para uma cultura de regeneração planetária

Festival Isla Verde: o Sul Global soprando mudanças para uma cultura de regeneração planetária

DANIEL JOPPERT, de Cuba, especial para o Fórum 21*

Organizado pela Fundación Antonio Nuñez Jimenez, o festival Isla Verde está integrado ao projeto de desenvolvimento local sustentável da província cubana Isla de La Juventud, uma ilha com importante biodiversidade e muitas espécies endêmicas. Nas palavras do fundador do evento, o ator e ativista cubano Jorge Perugorría, “seu objetivo é criar um modelo ecologicamente correto e replicável, que possa ser implementado em outras comunidades no Caribe e em todo o mundo”.

Serão realizadas atividades ambientais para todas as crianças e jovens do ensino público, seguidas de vivências e conversas com cientistas, como a dra. Silvana Bichenough (Reino Unido), de projetos como o Blue Belt Programme ligado à vida marinha, e a dra. Diana Ruiz Pino (Colômbia/França), homenageada do ano, que foi laureada com o Nobel da Paz em 2007 junto aos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

Ao centro de camisa branca, o fundador do Festival Isla Verde Jorge Perugorría, à sua direita a Embaixadora para a União Europeia em Cuba e nas laterais embaixadores em Cuba de países como Alemanha, Bélgica, França, México e Romênia

O evento tem apoio financeiro da União Europeia para a realização de ações, incluindo o programa da Unesco  ‘Transcultura: Integrando Cuba, o Caribe e a União Europeia através da Cultura e da Criatividade’.

Há participantes de 15 países da América Latina, América do Norte e Europa. Há uma estratégia declarada do evento de investir na transdisciplinaridade, como uma maneira de aprofundar e multiplicar olhares, indagações e propostas. Por isso, haverá artistas, cineastas, cientistas, designers, historiadores e pesquisadores ligados ao livre pensar dentro e fora do contexto institucional, que se unem por uma visão humanista e pela busca de soluções locais, regionais e sistêmicas.

Dentre as instituições, podem ser destacadas a Universidade Autônoma do México (UNAM), a Environmental Defense Fund 

(México/Estados Unidos) e projetos internacionais de agroecologia como El Josco Bravo e Colmena Cimarrona, ambos de Porto Rico, e Caribbean Agroecology Institute, um centro de conhecimento sobre o tema sediado em Cuba. 

Haverá ampla programação dedicada à agroecologia, pois o tema principal do ano é o solo. Alguns temas que serão abordados na edição deste ano:

– Agroecologia, focada em produção de alimentos, soberania alimentar, reversão de processos como desertificação, erosão e seca.

– Educação científica e ambiental para crianças e jovens integrada ao ensino escolar.

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– Economia Circular, principalmente com relação a reciclagem e gestão de resíduos.

– Inovação e soluções sistêmicas, a partir de ações locais com um olhar para as questões planetárias.

– Setores Criativos e Transdiplinaridade como caminhos para a busca de soluções e reconexão com o território.

– Vida marinha, apresentando o projeto Bojeo a Cuba, mapeamento da vida marinha e recifes de todo o entorno do país em grande projeto de circunavegação de 2023.

Na programação de cinema, o festival traz como novidade uma mostra competitiva com vinte curtas e dez longa-metragens, provenientes de 16 países. Na competição, três curtas brasileiros estão selecionados: ‘Empoçados: os rios contam Bauru’, de Liene Saddi e André Turtelli Poles, ‘No caminho encontrei o vento’, de Antonio Fargoni, e ‘Haikai Isolado’, de Paulo Delfini.

Na programação educativa, o Brasil também está representado. Serão realizadas duas oficinas, a primeira é ‘Realização de curtas-metragens, cinema instantâneo’, que busca promover a preservação da natureza para crianças, com os brasileiros Antônio Fargoni, Devyd Santos e Alexandre Soares Taquary, facilitada pelo cubano Carlos Valerino. A segunda chama-se ‘Imaginário Exponencial: oficina audiovisual’ para jovens de 15 a 24 anos, será realizada pelo brasileiro Daniel Joppert e pelo cubano Francisco “Picky” Ferrer Leyva, documentarista e colaborador do canal Cubavisión. Com metodologias de conversa e criatividade, evidencia as características e elementos do meio ambiente e imaginário locais para gerar vídeos com a visão dos jovens para um mundo sustentável.

Daniel Joppert também dará a palestra ‘Cultivando origens, horizontes e imaginários: o cinema propositivo de futuros abundantes’, que aborda o cinema como uma ferramenta para acender, estimular e semear imaginários, sintonizando possibilidades de transformação sistêmica. A palestra estará em painel conjunto com a palestra ‘O documentário como ferramenta de pesquisa e divulgação nas ciências sociais’ de Víctor Méndez da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) e Lizette Vila do Proyecto Palomas (Cuba).

O evento acontece de 21 a 28 de abril, para saber mais sobre a programação acesse a página oficial do Festival Isla Verde. No Instagram, é possível acompanhar o dia a dia do evento.

* Daniel Joppert, cineasta, facilitador criativo e pesquisador. É consultor de estratégias e pesquisa da Box1824, Netflix Latin America e Talk Inc. Coordenou duas candidaturas brasileiras à Rede de Cidades Criativas da UNESCO (UCCN).

Fotos Divulgação

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