Diálogos AMSUR: As Grandes Gestoras de Ativos e os Marcos da Economia Atual
A partir da crise de 2008 nos EUA, que se anunciou com a falência do banco Lehman Brothers, seguida pela do Bank of America, Washington Mutual, a seguradora AIG e crises em empresas de outros setores, como a General Motors e a Chrysler, ocorreu um processo de reestruturação das relações capitalistas naquele país, com o desenvolvimento das “asset managements”, as gestoras de ativos, que provocaram uma enorme concentração de recursos nas mãos delas. Algumas se agigantaram, ao ponto de as vinte maiores concentrarem, sob sua gestão, um patrimônio de cerca de US$ 56 trilhões. Para se ter ideia da importância desses ativos, eles correspondem ao dobro do PIB dos EUA, que gravita em torno de US$ 25 trilhões, sendo o orçamento anual do país de cerca de US$ 6 trilhões. Apenas a BlackRock, a maior delas, gerencia ativos da ordem de US$ 10 trilhões e, quando se somam a isso os ativos que gerencia indiretamente por meio de sua plataforma de software Aladdin, esse número se aproxima de US$ 25 trilhões. No Brasil, esse fenômeno também vem ganhando importância, seja pela presença dessas grandes gestoras internacionais, seja pelo surgimento e crescimento de outras, de caráter nacional, além da penetração dos grandes bancos comerciais nesse segmento.
Com essas gestoras, hoje, gerenciando as grandes fortunas pessoais e familiares naquele país, elas passam a controlar a quase totalidade das grandes corporações da economia real, ou seja, as empresas industriais, comerciais e de serviços. Seu papel central passa a ser o de garantir a otimização de ganhos na economia para essas fortunas e se tornam um dos principais motores da enorme concentração de riqueza e renda que se verifica, com um grande crescimento do número de “bilionários”, em contraposição a uma enorme ampliação de pobres e miseráveis no mundo. A economia real se transmuta, de forma crescente, em capitalismo financeiro e vai prenunciando uma situação de descontrole por parte dos estados nacionais e incentivando os grandes conflitos internacionais.
Para aprofundarmos nossa compreensão desse fenômeno ligado ao novo estágio em que se encontra o capitalismo, particularmente o capitalismo ligado aos grandes centros do capital, contamos com as contribuições de:
Ladislau Dowbor, economista, professor titular na pós-graduação da PUC-SP, foi assessor do Departamento de Cooperação Técnica para o Desenvolvimento da ONU, e consultor do Secretário Geral da ONU. É autor de mais de 40 livros e numerosos artigos, disponíveis no site http://dowbor.org
Paulo Kliass, doutor e pós-doutor em economia, membro da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia, integrante da carreira de Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental, vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Assista na íntegra:
*Esta edição foi realizada no dia 29 de julho de 2024, às 20h00, e transmitida ao vivo.
**Diálogos AMSUR é uma realização do Instituto Sulamericano para a Cooperação e a Gestão Estratégica de Políticas Públicas, em parceria com o Fórum 21 e a Rede Estação Democracia.
Instituto Sulamericano para a Cooperação e a gestão estratégica de políticas públicas. Acompanhe as atividades em amsur.org