Eleições municipais evidenciam a polarização no cenário nacional

Eleições municipais evidenciam a polarização no cenário nacional

As eleições municipais do próximo domingo (6) vão mobilizar 156 milhões de brasileiros em 5.569 cidades do país, que escolherão entre 463.354 candidatos a prefeitos e vereadores.

O pleito ganhou destaque nacional, com líderes como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus principais adversários, como Jair Bolsonaro, reconhecendo sua importância. O resultado vai moldar o futuro político da maior economia da América Latina, que está extremamente dividida, e vencer ou perder pode definir se eles terão os recursos necessários para a próxima batalha política. A polarização política, acentuada desde o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, continua a influenciar as candidaturas.

Os resultados do primeiro turno ainda são incertos (o segundo turno ocorrerá em 27 de outubro), em um cenário que lembra as eleições presidenciais de 2022, quando Lula venceu Bolsonaro por apenas 1,8% dos votos. O ex-presidente recebeu o maior número de votos da história para um candidato derrotado, resultado do chamado voto cruzado, onde as pessoas escolhem um candidato para não votar no outro – um fenômeno desta era que diz respeito não apenas ao Brasil.

A campanha eleitoral tomou um caráter nacional. Por isso, Lula aparece na TV apoiando seus candidatos, principalmente em São Paulo, o foco principal deste domingo. O candidato do governo, Guilherme Boulos, é do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), não do PT (Partido dos Trabalhadores), mas também ajustou seu posicionamento político, assim como Lula, e tem o apoio da veterana petista Marta Suplicy, respeitada na cidade. Nesta abordagem nacional, muitos candidatos no interior adotaram o nome de Lula ou Bolsonaro em suas campanhas.

Faltando poucos dias para a eleição, as pesquisas mostram que o centro e a centro-direita estão crescendo nas principais cidades do país. Nas 15 capitais com maior número de eleitores, os candidatos com mais intenções de voto são do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), do Partido Social Democrático (PSD) e da União Brasil, todos de centro ou direita. O Partido Liberal (PL) de Bolsonaro e os Republicanos também estão entre os que mais lançaram candidatos.

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O centro político, antes dominado pelo PSDB de Fernando Henrique Cardoso, se extinguiu e foi substituído pelo PT e por forças de centro-direita, representando uma classe média conservadora. Nesse contexto também se destaca o Centrão, o grupo de partidos que controla o Parlamento e exerce quase um cogoverno.

Um dado interessante sobre esse perfil centrista é que, segundo pesquisas como a recente da Quaest, a principal preocupação dos eleitores é com a economia, mencionada por 25%. Esse tema supera outros problemas, como violência (17%) e questões sociais (16%), que incluem fome, miséria, população de rua e pobreza extrema. A corrupção aparece com 13%. A saúde ocupa um distante quinto lugar, com 12%, e a educação, com apenas 7%. A economia é vista como essencial para o crescimento individual, e há grande insatisfação com a maneira como o país tem sido conduzido nesse aspecto.

A frustração popular pode explicar o surgimento de movimentos antissistema e a nova ultradireita, representados neste pleito pela figura do coach e influenciador Pablo Marçal, milionário de passado obscuro e candidato à prefeitura de São Paulo, que ganhou fama na TV com sua postura ousada e discursos agressivos, gerando conflitos nos debates. Em um deles, levou uma cadeirada de outro candidato a quem desferiu provocações e, em outro, um de seus aliados agrediu um assessor do atual governo. Essa visibilidade o colocou em posição de disputar o segundo turno, atraindo votos de bolsonaristas que apoiam o atual prefeito, Ricardo Nunes, do MDB (Clarín, La Tercera).

*Imagem em destaque: Ricardo Stuckert/Presidência do Brasil

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