Lula sobre a América Latina: “nunca estivemos tão separados”

Lula sobre a América Latina: “nunca estivemos tão separados”

Na foto: Lula ao lado de escritoras e escritores brasileiros na 36ª Feira Internacional do Livro de Bogotá que homenageou o Brasil. (Ricardo Stuckert/PR)

POR TATIANA CARLOTTI

A viagem do presidente Lula à Colômbia predomina na cobertura internacional sobre o Brasil. Lula foi recebido pelo presidente colombiano Gustavo Petro no Palácio de Nariño na última quarta (17), onde discutiram uma série de ações voltadas à integração do continente. Depois ele participou do Fórum Empresarial Brasil-Colômbia e da 36ª Feira Internacional do Livro de Bogotá que homenageou o Brasil.

Com transações de exportação e importação na ordem de US$ 5,6 milhões, os dois países discutiram a cooperação na Amazônia, onde compartilham fronteiras, além de temas quentes como a eleição na Venezuela (leia em La Politica), o desrespeito ao direito de asilo no Equador (na cubana Prensa Latina) e o drama no Haiti. Durante o Fórum Empresarial, o presidente brasileiro defendeu a entrada da Colômbia nos BRICS como membro de pleno direito e “o mais rapidamente possível”, conforme demanda de Petro; e também a necessidade de se dar um novo rumo à Unasul, destaca Prensa Latina.

“Temos de assumir a responsabilidade pelo que queremos da América do Sul, que países queremos ser e que política de integração queremos”, disse Lula aos empresários colombianos, acrescentando que os países latino-americanos nunca estiveram “tão separados como estamos agora”. Entre Brasil e Colômbia, foram firmados acordos bilaterais para ações de combate à fome, de cooperação técnica em questões cartográficas e entre os Ministérios das Comunicações do Brasil e de TIC da Colômbia. Confira a cobertura no colombiano El Tiempo, na russa RT, na mexicana La Jornada e na Reuters.

ENQUANTO ISSO…

Uma comissão do Congresso dos Estados Unidos apresentou nesta quarta-feira (17) um relatório de 500 páginas sobre ameaças à liberdade de expressão no Brasil, com ataques ao ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF). O documento contesta suas decisões, até então sigilosas, relativas à suspensão ou remoção de perfis nas redes sociais. Capitaneada pelo deputado Jim Jordan, polêmico legislador republicano aliado do ex-presidente Donald Trump, o relatório produzido pela Comissão parlamentar teve acesso aos documentos sigilosos a partir da intimação do STF feita à rede social X de Elon Musk.

Omitindo a intentona golpista de 8 de janeiro e as investigações em curso no país, o relatório compara Moraes com um censor com poderes para atingir “qualquer pessoa como uma plataforma para criticar o governo esquerdista no poder”. O documento identifica censura à liberdade de expressão em outros países como França e Canadá e acusa Joe Biden, com que Trump disputará as eleições neste ano, de interferir nas redes sociais nos Estados Unidos informam a Sputnik news e a trumpista Fox.

Nesta quinta, o STF brasileiro respondeu ao Congresso norte-americano que “todas as decisões tomadas pelo STF são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes, as pessoas afetadas, têm acesso à fundamentação”. A Agência Brasil lembra que “a ofensiva contra o Supremo e Alexandre de Moraes nos Estados Unidos começou após o ministro incluir o empresário norte-americano Elon Musk, dono da rede social X, no inquérito que investiga atuação de milícias digitais para disseminar notícias falsas no país”.

Moraes participou hoje da entrega do Código Civil no Congresso Nacional a Rodrigo Pacheco, modernizado à luz das mudanças tecnológicas e comentou: “Antes das redes sociais éramos felizes”, destaca a cubana Prensa Latina.

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BILIONÁRIOS PAGANDO IMPOSTOS?

250 bilhões de dólares. É a cifra estimada pela ONG Global Citizen que os países poderão contar para enfrentarem as catástrofes climáticas, já em curso (vide hoje a tempestade em Dubai), caso o Brasil na presidência do G20 consiga emplacar a proposta de um imposto global para bilionários.

Desde 2020, a riqueza dos mais ricos aumentou coletivamente em 2,7 bilhões de dólares por dia, destaca Le Parisien, citando o apoio da França e de vários países europeus à medida. “Esta proposta tem o apoio da presidência do G20”, mas também “do governo francês e de muitos países europeus e penso que é um ótimo ponto de partida”, afirmou o ministro francês Bruno Le Maire (Economia) aponta a Reuters.

O ministro Fernando Haddad (Economia) explicou as intenções brasileiras na presidência do G20. O objetivo agora é discutir a tributação da riqueza este ano e ainda pressionar por uma declaração dos ministros das finanças e banqueiros centrais do G20, em julho. Também será apresentado em outubro um roteiro para a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento para ampliar a capacidade de empréstimo dessas instituições, frisa a Reuters.

De Berlim, o Ministro das Finanças alemão, Christian Lindner se manifestou, informa a mesma agência, “Não achamos que seja adequado”…

MILEI

Emir Sader no Página 12 comenta o pedido de audiência do presidente de extrema-direita argentino com o Lula nesta semana.

RACISMO

A violência policial contra a população negra no Brasil impactou os participantes do Foro Permanente de Afrodescendentes da ONU, ocorrido em Genebra, conta Pedro Borges no argentino Página 12.

PORTUÁRIOS EM GREVE

Os portuários brasileiros estão em greve contra uma ameaça de mudança de uma lei de 2013 que garante a exclusividade na contratação da mão de obra portuária. Eles reivindicam que as contratações aconteçam através do Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO) e apontam preocupações com a revisão da Lei dos Portos, proposta pela Comissão de Juristas na Câmara dos Deputados.

DROGAS ILÍCITAS

Prensa Latina traz os dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre as drogas ilícitas no Brasil. Em 2023, foi registrada uma média de 495 incidentes de tráfico de drogas por dia, um aumento de 6,58% em relação a 2022.

A questão é pauta após o Senado aprovar a PEC das Drogas que criminaliza a posse de qualquer quantidade de entorpecentes ilícitos, não mais diferenciando entre usuários e traficantes. A matéria já estava sendo analisada pelo STF, com cinco votos contra a criminalização, quando um pedido de audiência suspendeu o julgamento.